Portuários sofrem repressão polícial

Paralisação dos estivadores no Porto de Santos, que completa uma semana, é reprimida pela Polícia Militar, deixando vários feridos e mais de 60 portuários presos. A maior reivindicação dos trabalhadores é a não retirada do controle da escolha da mão-de-obra pelo sindicato.

Portuários sofrem repressão polícial



A paralisação dos estivadores no Porto de Santos, que está completando uma semana, levou a uma ação repressiva da Polícia Militar contra os trabalhadores do porto, deixando vários feridos e mais de 60 portuários presos.

A maior reivindicação dos trabalhadores é a não retirada do controle da escolha da mão-de-obra pelo sindicato, que deveria passar a ser escolhida pelo OGMO (Órgão Gestor de Mão-de-Obra) segundo decisão do Ministério Público. A decisão de continuar a greve foi tomada em assembléia da categoria na última segunda-feira, dia 2, depois do absurdo e oportunista comunicado do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo; o mesmo do desvio de 169 milhões de reais, arquitetado pelo juiz “Lalau”; de aplicar uma multa de 50 mil reais por dia de greve...

A categoria rechaçou a medida pró-patrão, decidindo permanecer firme em sua luta para não aceitar que a administração do Porto, privatizado recentemente, não utilize indis-criminadamente mão-de-obra terceirizada. O TRT-SP se aliou à administração portuária na corrida para a preca-rização dos direitos trabalhistas e superexploração dos estivadores.

O Sindicato dos Caminhoneiros da Baixada Santista se posicionou contrário à decisão do TRT e do patronato, ao aderirem à luta dos estivadores não transportando cargas operadas pelos fura-greves.

Segundo estimativas, a greve está dando um prejuízo de R$ 150 milhões à balança comercial do país. Outras categorias estão se solidarizando com os estivadores do Porto de Santos, como por exemplo os 19 sindicatos de portuários ligados à Inter-sindical, que deflagaram uma greve de apoio à categoria em luta por melhores condições de trabalho. Os caminhoneiros autônomos da Baixada Santista estão boicotando as cargas armazenadas nos terminais da área portuária e deixaram de retirar os contêineres dos recintos alfandegados.

A justiça julgou a greve ilegal e pediu que os estivadores que retornassem ao trabalho. Apesar da decisão judicial, o sindicato dos estivadores decidiu continuar em greve depois de uma assembléia da categoria.

A ação repressiva da Polícia Militar aconteceu no terminal da empresa Libra, que foi ocupado pelos trabalhadores portuários com o intuito de impedir a descarga dos produtos, mas os policiais garantiram os lucros da empresa e atacaram os trabalhadores com bombas de gás lacrimogêneo e com balas de borracha, enquanto que os estiva-dores respondiam com pedras e bombas caseiras.

Sete navios estão parados no Porto de Santos, mas existem cerca de 30 embarcações esperando o fim da paralisação para atracarem no porto. Além disso, vários outros navios desviaram as suas rotas para outros portos do país, o que encarece o frete e o tempo de descarga das mercadorias, que deverá demorar bem mais, pois o Porto de Santos é o maior do Brasil e tem a maioria dos seus terminais mecanizados. A exportação de café em grãos também foi afetada, uma vez que o Porto de Santos responde por 70% dos embarques totais do produto e com a greve deve atingir em torno de 1,1 milhão de sacas não comercializadas.

Outro pedido dos estivadores é a permanência das regras do sindicato por mais 60 dias, mas a Justiça determinou a suspensão da greve por 30 dias para avaliar a volta dos 24 funcionários contratados pelo OGMO para a escala, que passará a ser realizada pelo órgão com uma nova metodologia de contratação de mão-de-obra.