I Encontro Estadual de Comunicação nas Favelas

Um encontro com várias lideranças de favelas do estado do Rio de Janeiro denominado I Encontro Estadual de Comunicação nas Favelas ocorreu no dia 7 de dezembro na Unisuam, zona norte da capital fluminense.

Um encontro com várias lideranças de favelas do estado do Rio de Janeiro denominado I Encontro Estadual de Comunicação nas Favelas ocorreu no dia 7 de dezembro na Unisuam, zona norte da capital fluminense. O evento contou com a participação de dezenas de pessoas interessadas em criar uma rede de comunicadores que se contraponha à mídia comercial hegemônica e capitalista. Organizado pelo MPF (Movimento Popular de Favelas), tendo como coordenador Rumba Gabriel, o encontro foi pensado também por outras lideranças como Orlando Guilhon, do FNDC, e Mariana Mollica, psicanalista, para debater as propostas de comunicação para a criação do Portal Favelas com objetivo de dar voz e vez aos moradores das comunidades que mais sofrem com a violência e o preconceito em nossa sociedade.

Na primeira etapa foi feita uma apresentação das pessoas presentes e neste período já ficou clara a riqueza do encontro com as várias experiências dos mais diversos assuntos e demandas. A unidade foi focada na luta em defesa das pessoas que mais sofrem no dia a dia com a segregação e o racismo nas favelas do Rio de Janeiro e também com a pobreza na sociedade brasileira. As favelas representadas no evento foram Maré, Complexo do Alemão, Vidigal, Pavão, Pavãozinho, Cantagalo, Jorge Turco, Complexo do Lins, Comunidade dos Tamoios (Cabo Frio), Jacarezinho, Manguinhos, entre outras comunidades.

Um novo encontro em 2020 como desdobramento deste primeiro foi proposto pelos participantes do evento e deverá ser realizado em alguma favela e data ainda em aberto. Na parte de criação do Portal Favela foram dadas várias sugestões levando em conta as dificuldades de cada mídia das comunidades especificamente. Uma das ideias é publicar os conteúdos no Facebook, no Instagram, no Twitter e no WhatsApp para que as pessoas tenham acesso à informação. Outra questão foi o financiamento da iniciativa de criação do Portal Favela que pode envolver serviços dentro das comunidades como o comércio e profissionais destes locais, entre outras formas de arrecadação de recursos para os projetos de melhoria da qualidade da informação dentro das favelas.

A questão da linguagem usada na mídia dirigida ao público do Portal Favela é importante para todos os que participaram do encontro para que a informação chegue ao público-alvo, que é a população das comunidades. O layout do Portal Favela é fundamental para atrair a atenção das pessoas para as notícias, pois sem uma apresentação que cative as pessoas não haverá interesse delas no conteúdo divulgado pelo portal. Uma pesquisa sobre o público-alvo foi sugerida para mapear a faixa etária, sexo, orientação sexual, cor, a faixa salarial, entre outros aspectos das pessoas que vivem nas favelas a serem objeto do Portal Favela.

As denúncias de violência policial e do crime organizado também foram levantadas pelos participantes do encontro, mas, como o objetivo dos idealizadores do Portal Favela é criar uma alternativa ao discurso hegemônico da grande mídia, foi enfatizado que a ideia é mostrar o lado positivo da favela para diminuir o preconceito. Apostar na cultura, no esporte e em outras formas de manifestações de solidariedade dos moradores das comunidades seria também um dos objetivos desse portal de comunicação. O total de pessoas para administrar o site deveria ser de no máximo 6 pessoas conforme a proposta, e o portal seria dividido em editorias por assuntos para viabilizar a sua implementação no dia a dia.

A criação de uma rede de mídias nas favelas do Rio de Janeiro foi uma grande sugestão do encontro que propôs alimentar o Portal Favela com informações de várias fontes alternativas, como o Jornal Inverta, a Prensa Latina, o Brasil de Fato, o Brasil 247, os blogs progressistas, entre outros veículos que não pautam a grande mídia. Este encontro serviu como um primeiro passo para que as pessoas que trabalham com a mídia independente nas favelas pudessem se encontrar e trocar ideias sobre suas experiências. Em um momento em que muitos não se encontram mais pessoalmente e só se comunicam pelo WhatsApp, foi maravilhoso este evento. Foram tiradas várias comissões para continuar o belo trabalho iniciado neste sábado de criar com o potencial humano das favelas um projeto concreto de mídia alternativa.

JCFL