Guerra e Paz Prometida
Mais uma vez o problema da guerra e da paz apresenta-se como principal questão dentro de conjuntura política internacional. Em mais de 37 países, em todos os continentes do mundo (América Latina, Ásia, África, Oceania e Europa), milhões de pessoas foram às ruas para dizer “Não à Guerra!” e “Pela Paz Mundial!”. Mas o problema da guerra que o EUA pretende levar a cabo contra o Iraque, como já ficou evidente, é o Petróleo; melhor dizendo: o controle das reservas mundiais de Petróleo. E, neste aspecto, parece até ridículo imaginar que 60 anos após a Segunda Grande Guerra Mundial os povos estejam às voltas com o mesmo problema que os levou à deflagração daquele conflito. Para ter uma idéia desta história, basta comparar duas frases que traduzem de forma condensada os objetivos que levaram Hitler a iniciar a campanha mundial e levam Bush, atualmente, a empurrar os povos no mundo ao caos e à bestialidade da guerra imperialista. Em 1939 disse Adolf Hitler: “Para construir nossa Nova Ordem Mundial, nós temos que controlar as reservas de Petróleo!”; em 2003, diz George W. Bush: “Para lutar contra o terrorismo e construir nossa Nova Ordem Mundial, devemos estar onde o Petróleo estiver!”.
Sem dúvida, traçar um paralelo entre estes dois momentos da história mundial é quase mecânico. Quem viveu ou estudou estes períodos ou o fenômeno da Guerra em si, sabe que não existe luta sem objetivo, pois como nos revelou o célebre mestre “Von Krieger” (da Guerra) Carl Von Clausewitz: “A Guerra é o prolongamento da política por outros meios”. E acrescentava que independente da idéia de “fricção” (desvio de objetivo, decorrente do choque entre forças adversas), o problema mais elementar da guerra é a vitória sobre o inimigo. Sem a vitória na guerra os objetivos políticos não são alcançados. Assim a guerra tem um objetivo intrínseco, ou seja, um objetivo técnico: vencer as batalhas e submeter o inimigo ao nosso objetivo político. Contudo, aqui também sofrem outras variáveis, pois, quando se trata de hegemonia mundial ou de implantação de uma Nova Ordem Mundial, atualmente conhecida como “Globalização”, a campanha pode se compor de várias batalhas e guerras por objetivos estratégicos e táticos. Eis o segredo do porquê Adolf Hitler associou o controle das reservas de petróleo mundiais à construção de sua Nova Ordem Mundial; eis também aqui o segredo do porquê George W. Bush, atualmente, associa o combate ao “terrorismo e à construção de sua Nova Ordem Mundial” ao controle das reservas de petróleo mundiais, como fez Hitler.
Mas se a história não se repete, como disse Marx no Dezoito Brumário de Luis Bonaparte, como poderia o mesmo problema, para a hegemonia mundial de ontem, ser o problema atual? Por que o Petróleo?
Naturalmente, não existe uma resposta simples a este complexo problema, pois se respondermos apenas com a prática, como é o caso dos atuais preparativos e campanha pela guerra dos EUA contra o Iraque, não se explica o problema, mesmo considerando que este país alvo é o que detém a segunda maior reserva de petróleo no mundo. É claro que o fato dos EUA serem dependentes de petróleo (suas reservas e produção são irrisórias) ou quererem impedir que as divisas com a venda deste financie o terrorismo, não explicam totalmente o problema, pelo contrário, ajudam a esconder a essência da questão: a construção da Nova Ordem Mundial. Mas se o problema é a Nova Ordem Mundial, então o problema do problema é que a atual Ordem Mundial está um caos; em crise, isto é, em Crise Geral do sistema. E, neste sentido, é importante saber que independente do sentido retrógrado ou não da Globalização ou “Nova Ordem Mundial”, este fenômeno expressa um período histórico de transição e grandes transformações mundiais e denuncia a impossibilidade das oligarquias financeiras mundiais continuarem a manter seu sistema de exploração e opressão sobre as massas trabalhadoras e povos do mundo como até então. É fato que o neoliberalismo, como modelo econômico e credo das reformas do sistema capitalista, prega a ideologia do “mercado sobre todas as coisas”, “estado reduzido ao mínimo”, “um mundo sem fronteiras ao capital financeiro”; enfim, um estado onde a “Democracia tem valor universal”.
A percepção de todos estes elementos e tendências dentro da atual conjuntura mundial, sem dúvida, traz para a ordem do dia os métodos com que as oligarquias pretendem atingir seus objetivos estratégicos de uma Nova Ordem Mundial e as limitações materiais para este feito, tanto do ponto de vista tecnológico, como do ponto de vista humano, social. Do ponto de vista tecnológico, a recente queda da “Columbia” demonstra bem as limitações que os americanos enfrentam neste campo de desenvolvimento científico e que é fundamental para o desenvolvimento de novas tecnologias. Assim, são perfeitamente visíveis as variações táticas que vão dos “planos de reestruturação econômicos”; “Acordo Multilateral de Investimentos”; “ALCA”; até os “planos de guerras abertas ou veladas” que visam objetivos táticos e estratégicos para sua vitória total tais como: “Plano Colômbia”; campanha e golpe fascista na Venezuela contra o governo bolivariano de Hugo Chávez; a Guerra contra o Afeganistão, Iraque, Coréia do Norte. Os EUA querem que sua hegemonia mundial, que resultou da queda do campo socialista e da ex-URSS, se institucionalize. E, para isto, não medem esforços. Basta ver o orçamento militar de mais de 300 bilhões de dólares que aprovaram para este ano; equivale quase ao PIB Brasileiro. Portanto, se por um lado falências e escândalos das grandes corporações monopolistas financeiras, comerciais e industriais americanas denunciam a curva descendente da economia dos EUA, por outro, anunciam também o buraco em que se precipita toda a economia mundial. O mundo estremece e vê em Bush um novo Hitler e em seus aliados na santa cruzada pela “Nova Ordem Mundial”: Poodles (Tony Blair); Dobermans (Ariel Sharon); Policiais (Berlusconi); e até vira-latas (John Howard).
É na razão dialética, esta mecânica imagem do passado que se projeta nos dias atuais, a imagem da II Guerra Mundial, mas que pela razão, envolve as massas trabalhadoras, jovens, homens e mulheres pela certeza que este método arquiconhecido de todos não é solução para a crise mundial. Por isso, em todas as partes do mundo foram às ruas para protestar contra a Guerra e suplicar a Paz. Quem viu milhares e milhares de pessoas nos EUA invadirem Washington e dizerem “Não à Guerra”! sabe que para além dos olhos de Saddan Russein, o que está em jogo é uma esperança para a humanidade de se livrar dos efeitos das radiações e experiências atômicas sem objetivos pacíficos. Naturalmente, em momentos como este sempre surgem os oportunistas para fazerem negócios escusos e aplicarem golpes, ou ainda governos medíocres e fotocópias de outros que tentam esconder sua covardia e plágio atrás do manto da guerra. Mas o que importa saber aqui não é este grupo de energúmenos, mesmo disfarçados de trabalhadores; o que vale aqui é saber que depois de toda esta movimentação pela paz, o problema da paz é a guerra, pois dificilmente alguém como Bush, a serviço do imperialismo, deixará de buscar a destruição maciça, os golpes e guerras sujas para implementar o seu domínio de terror e barbárie; e que, infelizmente, independente de nossa vontade, para vencê-lo será necessário uma Guerra Total contra o Império. O Reich de Bush não se difere em nada ao de Hitler. Sobre eles as mesmas personagens do passado agem: as oligarquias financeiras.
Os personagens que se desfraldam neste momento histórico em protestos de massas e luta diplomática, apontam tendências à posição de países como França, Alemanha e Rússia, no mesmo lado da China e contra os EUA e Inglaterra; o impasse na OTAN, sobre o apoio à Turquia no caso de Guerra e outros acontecimentos demonstram a divisão cada vez mais aguda do mundo que sobreveio com a queda da URSS. A Nova Ordem Mundial de Bush clama pelo papel da violência na história. Naturalmente, ele quer um conteúdo reacionário como pano de fundo para a mesma. Mas a luta de classes que mediatiza o processo torna real a idéia de fricção na guerra, de Clausewitz, e indica um conteúdo diferente para este papel da violência e o tiro pode sair pela culatra: ao invés da violência servir aos propósitos hegemônicos dos EUA, o quadro ultrapasse o limite do controle e acabe gerando uma nova guerra mundial. Neste sentido, não é difícil para as massas e povos entenderem que a única solução para o fim de sua opressão e exploração é a mudança radical (de raiz) do sistema mundial do capital para o sistema comunista. Somente sob o modo de produção comunista e na sociedade comunista a guerra não será problema, pois ela mesma deixará de existir como tal. Quanto à paz, a questão que se apresenta é: haverá necessidade de paz, se não houver a ameaça de guerras? Portanto quanto mais avança a desagregação do sistema capitalista no mundo em sua crise geral, mais o imperialismo se apresenta como uma fase de transição de sistema. Mas no mundo que se aproxima, os problemas da guerra e da paz afogam a fome, a exploração, o terror e chacinas do capital maior ou menor, formal ou informal, do dia-a-dia de países como o Brasil; aqui necessitamos também e urgentemente de uma verdadeira revolução comunista.
Abaixo a Guerra Imperialista! Pela Paz Mundial!
Viva a Luta Internacional da Classe Operária contra a Guerra!
Viva a sociedade comunista a única alternativa para o capitalismo e suas guerras!
Viva o Partido Comunista Marxista-Leninista!
Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2003.
Pedro Ivan Bvilla Pelo OC do PCML