Mensagem ao Fórum Social Mundial

Companheiros e companheiras, lutadores sociais e participantes do FSM de Porto Alegre. O Partido Comunista Marxista-Leninista (Brasil) não poderia deixar de comparecer a este evento e apresentar suas idéias sobre “O Que Fazer” neste momento crucial na luta de classes e dos povos no mundo, por independência, liberdade e igualdade social. Neste sentido, a exemplo da contribuição apresentada no evento anterior, sob o título: “A alternativa é a sociedade Comunista”, na qual sustentamos o caráter da luta imediata, como de luta contra o neoliberalismo e os planos de guerra do imperialismo, e de luta futura, como de luta pela sociedade comunista; neste evento apresentamos de forma mais aprofundada e sistematizada estas mesmas idéias, entre as que destacamos a proposta de criação de um movimento de unidade dos comunistas e revolucionários no plano nacional, continental e mundial, com base no programa de lutas aqui exposto. A este conjunto de idéias denominamos de “Plataforma Comunista”, cuja publicação em forma de manifesto, e formato revista, segue em anexo a esta edição de Inverta, mas também pode ser adquirida separadamente.

Quem no encontro passado do FSM teve acesso às nossas idéias acerca da situação mundial e o papel que este encontro desempenha historicamente, não somente compreendeu porque defendemos a Sociedade Comunista como única alternativa à sociedade capitalista, fundamentada nos princípios da igualdade social, liberdade e autodeterminação dos povos; como comprovou também até que ponto são verdadeiras ou não nossas teses fundamentais sobre a essência da crise do capital e a tendência à guerra imperialista como saída das oligarquias financeiras para este dilema. Quem acompanhou os acontecimentos ao longo de 2002 viu como se aprofundou a tendência aos conflitos bélicos em todas as partes: os orçamentos militares e gastos aumentaram assustadoramente; o tratado de equilíbrio nuclear foi rompido pelos EUA e os conflitos de baixa e média intensidade se ampliaram: Irlanda, Espanha, Córsega, Argélia, Palestina, Afeganistão, Índia, Paquistão, Chechênia, Colômbia, México, Nepal, Filipinas, Sri Lanka, entre outros. Além disso, ameaçam engrossar este redemoinho de conflitos, por um lado, a Venezuela e a Argentina e por outro o Iraque, Síria, Sudão, Coréia do Norte, como ‘denuncia’ a lista de países considerados pela campanha terrorista dos EUA como o “eixo do mal”.

É um fato que em todo o ano de 2002 o ritmo dos acontecimentos mundiais esteve polarizado pelas opiniões formadas a partir do ataque às Torres Gêmeas (WTC) e ao Pentágono, nos EUA. O maniqueísmo em torno deste evento criou as condições para que as oligarquias financeiras avançassem na sua estratégia reacionária de globalização neoliberal e destruição das forças produtivas, desenvolvidas além das necessidades sociais, em todo o mundo. Assim, da guerra contra o Afeganistão, Alqaeda e Talibãs, vimos o crescimento dos orçamentos militares, mas, sobretudo, se desenhar os sinais de desenvolvimento de um conflito muito mais global, em três direções, que expressam os fundamentos da hegemonia dos EUA: matérias-primas, destacadamente o Petróleo e Biodiversidade; o mercado, ALCA; e o controle do arsenal e tecnologia nuclear. É um fato que os conflitos atuais, sob o manto da “Guerra contra o Terror” ou “Eixo do Mal”, escondem a estratégia dos EUA de perpetuarem sua hegemonia sobre o mundo que emergiu do desaparecimento do Campo Socialista do Leste e da URSS. É fato que a crise do capital, que agora se mostra plenamente nos EUA, tem seu principal fundamento no esgotamento do padrão de acumulação de capital com base no moinho energético do Petróleo e que implica custos insustentáveis. Que diante disto, o modelo americano para se sustentar precisa impor a todos altos impostos através de seus sofisticados meios: royalties, taxas de juros, câmbio e demais artifícios do capital financeiro e do comércio mundial.

Portanto, a tríade que fundamenta a estratégia do Imperialismo: “Petróleo, ALCA e Guerra nas Estrelas”, é a perpetuação do hegemonismo dos EUA sobre o mundo. E claro está que este processo na medida em que suscita suas contradições, tais como a defesa do patrimônio nacional, o protecionismo e a guerra defensiva, mais e mais a tendência das oligarquias é apelar para seu poder militar para solucionar os problemas e contradições que impedem o desenvolvimento de sua estratégia geral. E assim da tendência geral das oligarquias solucionar a crise do capital através da guerra imperialista cresceu e cresce cada vez mais a contra-tendência mundial de luta pela Paz Mundial e Autodeterminação dos povos, através de variados meios de resistência. É assim também que a guerra imperialista assume uma feição cada vez mais fascista e nazista, como guerra de ocupação, a la Blitzkrieger (Guerra relâmpago) e técnicas de domínio nazi-fascista como faz Sharon nos territórios ocupados da Palestina, e a luta dos povos por Paz Mundial e Autodeterminação, cada vez mais se confunde com a modalidade de Guerra desenvolvida pelo General Giap, herói da guerra do Vietnã contra os EUA: “A Guerra de Povo”. Neste terreno estratégico e tático o fundamento é transformar a conquista do inimigo no seu cerco e aniquilamento, como fez Stalin em Moscou após a invasão dos exércitos de Hitler, e, gloriosamente, em Stalingrado.

Naturalmente, que entre as formas de resistência estão aquelas que apelam para os meios legais dentro do sistema, como é o caso dos processos reformistas que vêm ocorrendo nos países do chamado Terceiro Mundo, em especial na América Latina, como são os casos de Hugo Chavez na Venezuela, e agora Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, e Lúcio Gutierrez no Equador. É evidente que este processo reformista se impõe como padrão político para as massas devido ao processo vivido pelos países deste continente ao longo do período de guerra-fria e as sanguinárias ditaduras militares, mas também como reflexo da crise do socialismo que se aprofundou com o desaparecimento da URSS. É um período de contra-revolução que guarda semelhança em termos de dificuldades às vividas pelos comunistas e revolucionários após a derrota da Revolução Democrática na Alemanha, em 1848 – o famoso processo de Colônia (Alemanha) –, e da derrota da Comuna de Paris em 1872; também se poderia dizer o mesmo do período após a insurreição de 1905 na Rússia, ou mesmo da Guerra Civil Espanhola em 1933. Nele, a perseguição aos revolucionários, o abatimento ideológico e revisionismo, criam as condições para que certos setores da própria classe burguesa dominante desempenhem um papel polarizador contra suas oligarquias, mais particularmente a pequena burguesia e os seus setores nacionalistas. Com isto também se impõem seus mecanismos e estratégias de luta: o processo eleitoral e o reformismo. Mas aqui tudo se mostra como ensaios de uma peça maior, logo são representações de Kerensky, se consideramos arquétipos intermediários entre a revolução e a contra-revolução na luta de classes.

Vemos assim que o mundo que aportamos no ano de 2003, ocasião em que o FSM se reúne, é um mundo que respira os problemas da Guerra e da Paz; um mundo onde mais de 1,6 milhão de seres humanos sucumbem sob os ditames da violência, entre estes milhares de crianças que assumem um papel na história antes mesmo de compreenderem a justeza ou não de seu papel nesta. Um mundo criado à imagem e semelhança dos senhores do Império que ditam embargos e sentenças de extermínio em massa, sem apelação ou mesmo direito ao contraditório. Que dominam a opinião pública mundial através dos seus aparelhos ideológicos e transformam a imagem do mundo, como diz Eduardo Galeano, “En la Escuela Del Mundo ao revés”. E se este é o mundo que despontou do desaparecimento do campo socialista e da URSS, então que renasça o mundo anterior, que renasça a URSS; se este é o mundo tão almejado pelos senhores do capital e da guerra, então que eles engulam a carne dos mutilados e bebam o sangue de nossa desgraça. Para nós trabalhadores, o que sobra deste mundo é apenas miséria, fome, violência, drogas, exploração e opressão capitalista. Portanto, mas nada se tem a perder a não ser os elos que nos agrilhoam a uma vida de opressão e exploração. Neste sentido, a única saída para a classe operária e as massas exploradas é revolução comunista; o levante armado pela vida e o direito à igualdade social. Portanto, o dever dos lutadores sociais presentes ao FSM é erguer a bandeira da luta pela revolução comunista mundial, através da luta Pela Paz Mundial e contra a guerra imperialista. Com este objetivo, o PCML (B) - Partido Comunista Marxista Leninista (Brasil) participa do FSM e apresenta o Manifesto da Plataforma Comunista.

Salve o Fórum Social Mundial
Salve a Luta Internacional da Classe Operária!
Salve a Revolução Comunista Mundial!
Avante Camaradas! Viva o Partido Comunista Marxista-Leninista!

Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 2003

P. I. Bvila pelo OC do PCML