Pela Paz Mundial, Contra a Guerra Imperialista!

Uma vez mais a humanidade encontra-se diante da ameaça de uma nova guerra imperialista de desfecho imprevisível para todos. Pela terceira vez o Iraque se tornou alvo dos EUA e da Inglaterra, tendo em vista os interesses das Sete irmãs do Petróleo, do complexo industrial militar e do capital financeiro internacional. Se bem que não chega a ser uma surpresa, pois a eleição de George Bush (filho) à Presidência dos EUA indicava, como afirmamos na ocasião, a forte tendência das oligarquias financeiras a uma saída beligerante para crise do capital que se intensificou no transcurso de séculos. A bancarrota da Nasdaq (índice que mede o setor de informática na Bolsa de Valores), desvalorizando-se em 90%, golpeou mortalmente a “idéia de nova economia” e com ela o discurso de “novo ciclo virtuoso de crescimento americano”. A “velha economia”, medida pelo Índice Dow Jones e SP500, caiu cerca de 40% do valor atingindo a euforia neoliberal. E, como afirmou Karl Marx, não é possível observar a queda espetacular do capital monetário na maior bolsa de valores do mundo, Nisse, em Nova Iorque, sem que a base real da economia esteja fortemente danificada. Os sucessivos escândalos financeiros, como na WorldCom, Enron, Xerox (falsos balanços), denunciam a inflexão para baixo na curva do PIB americano, que expressa quase um terço da economia mundial. E como solução a tudo isto, o novo século anunciou a boa nova: a Guerra Imperialista!

Desde que o homem fez da política o instrumento de realização da sua vontade econômica, a luta de classes impulsionou a história ora por períodos de paz, progresso econômico e social, ora por períodos de guerras, crise econômica e caos social. O novo século, nascido das entranhas do século passado, não poderia vir à luz do dia sobre outra sina, considerando toda a crise econômica e convulsão social e política que marcaram o crepúsculo deste último. Alvoreceu, desta forma, em labaredas de fogo derramando-se por sobre Nova Iorque e Washington, num Vesúvio* de concreto, aço, madeira e corpos humanos, um espetáculo dantesco, fruto da ação humana. O ataque ao World Trade Center (Torres Gêmeas) e ao Pentágono soou as trombetas de Jericó, e o império “ameaçado” iniciou sua nova guerra de terror, ódio e pilhagem contra os bárbaros. Em resposta ao Vesúvio que se derramou sobre Nova Iorque e Washington, lançou uma chuva de Halley** por todo o Afeganistão, que se tornou um palco de extermínio, terror, ódio e pilhagem, projetando para todo o mundo figuras da sombria guerra fria e suja, como Osama Bin Laden, Alqaeda e Talibães, como novos vingadores do holocausto dos povos do chamado “Terceiro Mundo”, que se acentua com o desaparecimento do Campo Socialista do Leste Europeu e da URSS no final do século passado. A África, a Ásia e a América Latina, que sofrem historicamente este holocausto, refletiu-se num e noutro acontecimento.

Eduardo Galeano, em seu livro “Patas arriba”, mostrou a que ponto chegou a inversão de valores diante desta nova realidade, onde a unilateralidade, globalização e neoliberalismo se tornaram palavra de ordem do capital. Nele, incomparavelmente maior que a contradição entre o discurso e a prática no Socialismo, formou-se uma realidade virtual, que serve de esconderijo tanto para as oligarquias financeiras e o imperialismo em geral que dissimulam a verdade dos fatos reais, como para os homens que até ontem combatiam pela paz, igualdade social e liberdade, e diante da crise do socialismo, depuseram a crítica das armas pela arma da crítica, para logo em seguida se passar para a defesa do consenso majoritário da democracia burguesa (ao voto, como única forma de luta política) em lugar da revolução. Para estes trânsfugas, nada melhor que um mundo virtual para esconder o mundo real e dissimular sua traição às bandeiras da liberdade e igualdade social. E quanto mais avança este processo ampliando a sedição aos que continuam a lutar, aos trancos e barrancos, mais e mais as massas trabalhadoras e povos do “terceiro mundo” vão constituindo novos ícones, até mesmo naqueles setores que contrariam a sua própria existência como classe social. Portanto, não é simples entender a realidade internacional e as contradições que levam aos Vesúvios e Halley’s. Contudo, para quem enfrenta o maremoto das políticas econômicas neoliberais, que nos últimos 10 anos, cerca 400 milhões de seres humanos passaram à linha de pobreza e miséria em todo mundo; quem é vítima da esterilização em massa; das epidemias de AIDS, Ebola, Dengue, Varíola; quem vive o terror dos esquadrões da morte, ou enfrenta guerras abertas, como Colômbia, Nepal, Filipinas, Peru, México; sabem perfeitamente o conteúdo amargo da crise e a dor insuportável da terapia burguesa: a guerra imperialista.

É por isso que tem ressurgido com toda força no mundo a luta pela Paz Mundial e Contra a Guerra Imperialista. Na Europa e nos próprios EUA, as marchas e protestos de ruas se avolumam, ganham a adesão de massas. Embora o mercado virtual e todas as películas americanas e mega stars tentem justificar a nova escalada de guerra e terror dos EUA sobre o terceiro mundo com a idéia de “guerra defensiva”, todos sabem que o let motiv é pilhagem das riquezas naturais dos países sob fogo, no caso do Oriente Médio, em especial do Iraque, as reservas de Petróleo. Claro que a guerra como fator econômico também indica consumo do material bélico que vão de roupas, sapatos...Até vacinas, munição, aeronaves, e propaganda. Seu espectro abrange todo um complexo industrial. E se em tempos de paz, o consumo é impossível pelo sentido da espoliação e da falência econômica dos sujeitos físicos da economia; nos tempos de guerra, este consumo é compulsivo, a guerra compra seu dízimo como cota de “nacionalidade e patriotismo” e dele não há como escapar sob pena de traição. Neste contexto, os mercados se tornam cativos, os monopólios reinam e os governos se transformam em diplomacia dos interesses privados dos capitalistas. Foi assim que Hitler reergueu a economia alemã após a derrota na I Guerra Mundial e a bancarrota financeira. É uma dialética irrefutável: quanto maior a crise, tanto maior é a tendência da burguesia para autoritarismo, nazismo, fascismo, neoliberalismo e a saída beligerante; tanto menor a tendência à liberdade e a Paz mundial. Já no pólo do proletariado, a situação se dá pelo oposto, quanto maior a crise, maior a tendência do proletariado a lutar pela paz e liberdade e contra a guerra. Mas que bem se entenda que negar a guerra como saída para a crise do sistema não é negar a guerra como última instância da luta pela paz e liberdade contra aqueles que utilizam as guerras para levar a opressão e exploração aos povos.

Aqui se encontra uma explicação mais geral para os fenômenos eleitorais do Brasil, eleição de Lula, e nos EUA a vitória dos republicanos de Bush no Congresso; na Palestina, a reeleição de Iasser Arafat; e em Israel de Sharon e Netanyahu, na França, de Jospin e na Alemanha, Schröder; em síntese, a lógica da guerra e paz, crise e superação, burguesia e proletariado, imperialismo e soberania nacional. Uma rede tão complexa de relações econômicas, sociais e políticas que ora se agrupam nos interesses objetivos de classe e ora se dividem segundo a solução subjetiva destes interesses. Se o petróleo não é o suficiente para explicar a guerra dos EUA e a Inglaterra contra o Iraque, não se pode descartar as outras variáveis, pois como manter uma hegemonia militar mundial sem o controle e monopólio das Armas Nucleares, químicas e bacteriológicas? E quanto mais o império se sente ameaçado, mais e mais as oligarquias financeiras se voltam para seu umbigo e num círculo de fogo, nas suas muralhas de Jericó, ao seu plano de “Escudo Antimíssil”. Entretanto, “o que fazer, enquanto seu Lobo não vêm?”. Eis o dilema que se coloca para todos. A resposta da classe operária deve ser mobilização pela Paz Mundial e Contra a Guerra Imperialista. Nunca a idéia da Guerra Civil Espanhola, que prefaciou a batalha geral dos povos contra o nazismo e fascismo esteve tão presente como nos dias atuais. Hoje cada front de batalha, na Palestina, no Iraque, na Colômbia, no Equador, Filipinas ou mesmo no leste europeu é uma expressão de resistência ao império, ao novo Reich. Nunca a humanidade correu tanto perigo quanto agora. É sempre bom lembrar que o crepúsculo da II Guerra Mundial, em Hiroshima e Nagasaki pode ser o alvorecer da III Guerra, conduzir a morte de um regime que não se sente ancião é o mesmo que pedir a deposição de armas para quem está no poder: a reação é inevitável!
Por isso mais uma vez: Abaixo a Guerra Imperialista Contra o Iraque e povos do terceiro mundo! Viva a Paz Mundial! Viva a luta da classe operária e povos oprimidos em todo o mundo! Viva a Revolução Proletária Mundial!

(*) Vesúvio, é um vulcão que exterminou Pompéia; usa-se como imagem alegórica para simbolizar a derrubada das torres gêmeas do W.T.C.
(**) Halley é o cometa que ameaçou colidir com a Terra no início do século vinte; usa-se como imagem alegórica para simbolizar a destruição do Afeganistão.

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2002.
Pelo OC do PCML P. I. Bvilla