Mar de lama dos tubarões: CPI já!
Mar de lama dos tubarões: CPI já!
Carla Monteiro e Lauro A. Ramos
Sucursal DF
Os
três “tubarões”, maiores representantes da burguesia
nacional, estão atolados no mar de lama: Fernando
Henrique Cardoso (trazendo a tiracolo José Roberto
Arruda, líder de seu governo no Senado e forte candidato do
PSDB a governador do Distrito Federal), Antônio Carlos
Magalhães, ex-presidente do Congresso Nacional e manda-chuva
do PFL, e Jader Barbalho, atual presidente do Congresso e do PMDB.
Leia entrevista exclusiva do Inverta com o procurador Luiz Francisco
A cada dia surge mais um escândalo. Desta vez, confirmou-se a violação do painel eletrônico do Congresso Nacional — sob o comando de Antônio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda — na votação da cassação do senador Luiz Estevão, em junho de 2000.
A
opinião pública deve estar se perguntando: mas como, de
repente, toda essa lama vem à tona? A resposta está
simplesmente na luta pelo poder, em que as frações
da burguesia se digladiam pelas sobras do banquete dos imperialistas,
obtidas sob a condição de entregarem a riqueza de uma
nação, sua soberania e seu povo.
Quando o PSDB — para atrair ou anular a burguesia, com veleidades nacionalistas, abrigada no PMDB e, assim, facilitar a implantação da ALCA — resolveu privilegiar o grupo de Jader Barbalho na eleição do presidente do Senado, tornando-o o aliado principal do governo na disputa de 2002 pela presidência do país, o senador Antônio Carlos Magalhães não se conformou em perder espaço para seu rival e foi pra cima tanto de Jader como do presidente Fer-nando Henrique Cardoso.
ACM foi em fevereiro ao Ministério Público e, em reunião com os procuradores Luiz Francisco de Souza, Eliana Torelly e Guilherme Schelb, além de reafirmar as denúncias que há muito vinha fazendo contra Jader Barbalho, referiu-se a negociatas no processo de privatização das Teles e indicou a investigação sobre Eduardo Jorge como o caminho para se chegar ao Fernando Henrique. Tudo foi gravado pelo bravo procurador Luiz Francisco. E abriu-se uma nova linha de suspeitas, contra o próprio acusador ACM, que insinuou possuir uma lista com votos dados por senadores em votação secreta.
Graças
à iniciativa do procurador e às fraturas na aliança
burguesa, na investigação sobre o envolvimento de Jader
Barbalho com desvios de dinheiro na Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) — inclusive sua
proximidade com o empresário José Os-mar Borges,
suspeito de desviar R$ 133 milhões em projetos financiados
pelo órgão — encontram-se à beira da
comprovação definitiva as falcatruas.
Já a quebra do sigilo do painel de votação do Senado — crime abominável, mostrando que a grande burguesia não respeita nem as regras mínimas de seu próprio sistema político podre — está mais do que comprovada pelo depoimento-confissão da ex-diretora do Centro de Informática e Processamentos de Dados do Senado Federal (Prodasen), em reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, dia 17 de abril. Ela afirmou que cumpriu ordem de ACM, transmitida pelo senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), solicitando uma lista com os votos secretos dos senadores quando da cassação do mandato do senador Luiz Estevão.
Arruda
confessou a fraude, em discurso no próprio Senado, em 23 de
abril, depois de negá-la veementemente quatro dias antes, num
quadro ridículo e deprimente, e logo em seguida solicitou sua
saída do PSDB. Começam agora as negociações
de bastidores para abrandar a pena dos fraudadores do voto secreto,
ACM e Arruda. Não podemos aceitar. O dever mínimo dos
senadores é votar, no Senado, dentro das regras. Um degenerado
que não segue essa regra básica pode fazer qualquer
coisa - e, certamente, fizeram de tudo nesses anos todos de poder
indiscriminado.
Não podemos esquecer, tampouco, as ligações de Eduardo Jorge com o Prodasen e com Regina Célia, sua ex-diretora e ré confessa de fraudar votações. Eduardo Jorge - como o próprio ACM revelou - é o elo para se pegar Fernando Henrique, o terceiro tubarão.
A oposição já conseguiu as 27 assinaturas no Senado e as 171 na Câmara de Deputados necessárias para instalação da CPI da corrupção. Há a denúncia que o governo está pressionando os parlamentares a retirarem a assinatura, o que foi denunciado pelo deputado Igor Avelino (PMDB) que teria sido procurado pelo assessor da presidência da República João Faustino.
Por isso, a palavra de ordem de 84% da população e da oposição no Congresso é, e só pode ser, CPI da Corrupção Já!