Reatando nossos laços históricos
A visita ao Brasil do responsável pelas Relações Internacionais do Partido Comunista Bolchevique de Toda União Soviética, Prof. Aleksander Pavel Barychev, sem dúvida, nos enche de júbilo e alegria. Em primeiro lugar, porque o objetivo da visita do representante do PCBUS, liderado pela Camarada, Secretária Geral, Nina Andreeva, era conhecer oficialmente nosso Partido (Partido Comunista Marxista-Leninista - PCML) e estabelecer relações políticas e de solidariedade entre o PCBUS e o PCML. Em segundo, porque esta visita preencheu o vazio deixado pela ausência de representantes oficiais dos Partidos Comunistas do Leste Europeu em nosso Congresso de Refundação do Partido Comunista no Brasil. Em terceiro lugar, porque esta visita coloca um ponto final à campanha de calúnias e difamações levada a cabo pelos revisionistas de direita e esquerda contra nosso Partido, por exemplo, a nota publicada pelo PC do B. E, finalmente, porque uma vez mais, centenas de revolucionários - operários, estudantes, intelectuais e etc - atenderam às nossas conclamas e compareceram aos atos promovidos por nosso Partido nos dois estados mais importantes do país (Rio de Janeiro e São Paulo), dando uma cabal demonstração de nosso inegável prestígio e representatividade na luta de classes do proletariado e povo brasileiro.
Trazemos esta temática como editorial - o restabelecimento dos laços de amizade e unidade na luta entre os comunistas revolucionários russos e os comunistas revolucionários brasileiros -, porque ela traduz um significado transcendental para o momento da luta de classes vivido no Brasil, pelo menos para a classe operária e massas exploradas que sofrem as conseqüências de uma correlação de forças desfavorável, no plano nacional e internacional, resultante do esfacelamento do PC no Brasil e da desintegração da URSS e PCUS, na Europa. Para o proletariado brasileiro, o estabelecimento destas relações políticas oficiais entre o PCML e o PCBUS é uma luz que reacende a esperança na vitória do socialismo: por um lado, porque nos abre caminho para se recuperar uma série de instrumentos que foram drasticamente amputados ou perdidos de nosso partido ao longo deste período de trevas e insegurança; por outro, porque nos possibilita também resgatar um pouco mais da experiência vivida pela classe operária e o povo soviético, sob o socialismo, e submetê-la à crítica e autocrítica revolucionária, constituindo uma sólida base de princípios marxistas-leninistas para levar a cabo o trabalho de soerguimento de nosso Partido Comunista, em definitivo. Portanto, mais que um fato, é um acontecimento que marca o ressurgimento da luz no fim do túnel, e apontando a saída histórica favorável ao proletariado e as massas no Brasil: a revolução socialista.
A visita, além de apontar para vários convênios e intercâmbios, no campo editorial e político, firmou também uma base de princípios marxistas-leninistas comuns a ambos os partidos para a luta conjunta por uma nova Internacional Comunista: o socialismo como objetivo; a luta de classes como tática; a ditadura do proletariado como estado de transição; o intemacionalismo proletário - cooperação e respeito à autonomia das organizações e partidos -; os princípios leninistas de organização como instrumento de luta contra o revisionismo de direita (reformismo) e esquerda (aventureirismo). Por último, o PCML foi oficialmente convidado a visitar a Rússia e o PCBUS. Sem dúvida, tais entendimentos são ainda muito iniciais e carecem de amadurecimento. Contudo, se comparado às enormes dificuldades vividas até então é um passo de gigante; pois não há que sentir saudades do isolamento, do trabalho de condenado sem poder colher os frutos... Aqui é que se pode comprovar de fato o acerto da tese da Refundação do Partido Comunista. É graças a ela que hoje podemos falar de passado, e se algum camarada duvida deste fato, então se pergunte: por que as direções da CUT, em vários estados, nos convidaram para participar da abertura de seus Congressos? Seria simples obra do processo eleitoral ou da Refundação do Partido? Não resta dúvida que é obra da Refundação. E esta visita oficial do PCBUS somente demonstra mais uma vez este fato.
É claro que para os que acompanham os bastidores da luta ideológica na esquerda brasileira, o fato de não terem comparecido ao nosso Congresso de Refundação do Partido, delegações dos Partidos de países de nossa clara relação política, particularmente. Cuba e Rússia, Suécia e Espanha, foi largamente atribuída à nota difamatória lançada pelo PC do B contra nosso Congresso. E, indubitavelmente, em parte isto foi verdadeiro, afinal, com a falência do PC, o que restou com o nome de comunista no Brasil foi o revisionismo do PC do B e dos que se agarram à sigla PCB (como se ela, por si só, resolvesse o problema de conteúdo programático); naturalmente, deve-se abrir uma exceção para os comunistas envergonhados dentro do PT, afinal há revisionismo para tudo, inclusive para se imaginar comunista dentro de um PT, PDT, PSB etc... A este respeito Marx e Engels, no Manifesto do Partido Comunista, escreveram bastante explicando a origem de tais correntes; Lênin fez isso em Marxismo e Revisionismo. Contudo o que interessa aqui é saber que, apesar de tudo isto, ao se refundar o Partido Comunista, sob os princípios do Marxismo-Leninismo, esta história mudou, senão oficialmente, pelo menos do ponto de vista revolucionário. E tanto mudou que mesmo boicotado pelos partidos legalizados como comunistas, num país capitalista como o Brasil, aos poucos o reconhecimento do PCML, vai se tomando uma verdade histórica, construída e defendida pelas massas em nosso país.
Veja-se, por exemplo, nossa participação nos protestos contra os 500 anos de opressão e exploração colonial e neocolonial; ela nos conduziu a um papel protagonista em todos os acontecimentos: desde o II Encontro Americano pela Humanidade e Contra o Neoliberalismo, como comprovam nossa participação na preparação e debates e mobilização para o evento, como na aplicação prática de suas resoluções durante as comemorações oficiais dos 500 anos de Brasil. Do evento, pode-se extrair a formulação teórica de um movimento mundial pela condenação do neoliberalismo: a idéia de um Novo Nuremberg contra o neoliberalismo. Uma idéia que hoje circula em toda a Europa, como demonstra a publicação pela revista do Partido Comunista dos Povos de Espanha (PCPE), "Proposta Comunista", de nossa tese em forma de editorial veiculada pelo INVERTA, especificamente para o II Encontro em Belém do Pará. Mas a esta publicação e reconhecimento do PCPE de nossas formulações revolucionárias, há também todo um processo prático, de luta mesmo, que se fez na formação dos Comitês Contra o Neoliberalismo, como resultado prático para a organização dos protestos contra as comemorações oficiais dos 500, tal como os banhos de tinta e apedrejamento ao Relógio da Rede Globo - símbolo erguido à opressão de nosso povo - em todos os Estados, bem como nas manifestações de protesto contra o banquete do reizito FHC e sua Corte... Aqui não há espaço para invenção, tudo pode ser comprovado pelo registro da própria imprensa burguesa. Quanto aos incidentes em Porto Seguro, basta pegar os registros da Polícia Federal e comprovar neles a apreensão de nossos jornais e cartazes, dados como material subversivo...
Contudo, o mais relevante de todo este processo que culminou com a visita oficial do PCBUS ao Brasil e seu reconhecimento político de nosso Partido, é que mais uma vez centenas de revolucionários no Rio de Janeiro e em São Paulo atenderam ao nosso chamamento e lotaram os auditórios para ouvir nosso visitante, o Prof Barychev e a palavra do PCML. E somente isto por si só já é algo notável, pois na atual conjuntura brasileira, nenhum Partido que se diz Comunista é capaz de realizar atos como este. Pois, nestes momentos, o que conta é a confiança e o reconhecimento do Partido e suas lideranças pelas massas. E como demonstraram os atos realizados, nesta prova passamos com louvor. Claro que, mais uma vez, tivemos problemas, tal como o assalto à mesa do ato na USP (Universidade de São Paulo) pelo grupelho trotskysta da revista "Crítica Marxista"; mas isto não muda nada a verdade das coisas, pois como a massa estudantil e revolucionária ali presente gritou em alto e bom som, e unissonamente: "todos foram ao ato promovido pelo PCML para ouvir o membro do PCBUS e não ao ato da revista 'Crítica Marxista'..." Mas, se as massas falam alto e lutam pelo Partido, o oportunismo não se cria e, pelo contrário, cedo ou tarde baterá em retirada e a vitória será nossa. Portanto, a visita oficial do representante do PCBUS ao Brasil não somente constitui-se num acontecimento político de envergadura histórica, como transcendeu aos limites da conjuntura desfavorável ao proletariado e às massas exploradas, apontando a luz que se reacende ao final do túnel: esta luz é o PCML!
Neste novo mundo que avança sobre o Brasil, reconfigurando a sociedade momento-a-momento sob o influxo da luta de classes, substituindo um mundo de personagens como Luiz Carlos Prestes, Agliberto de Azevedo, Nelson Wemeck Sodré, José Nilo Tavares (...) e agora do ilibado defensor das causas nacionais e democráticas, e eterno inspirador da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho - homens que marcaram tão indelevelmente a história - e criando espaço para emergência de novos personagens para realizarem as tarefas históricas ainda não realizadas, não é sem razão que o PCML, um instrumento coletivo da luta da classe operária brasileira, passa a assumir um papel tão relevante. Nada mais idiota pensar que em lugar destes homens monumentos de nossa história surjam outros, que façam as mesmas epopéias e proezas. O mundo não pode esperar mais por um Marx, Engels, Lênin ou Stalin; do mesmo modo que o Brasil não pode mais apodrecer à espera de um novo Prestes, Agliberto, Barbosa Lima etc... Aqui é necessário avançar para a idéia de que no mundo atual o herói é coletivo; neste sentido, somente o Partido Comunista pode ser a expressão máxima deste sujeito histórico. Por isso que todo nosso empenho deve ser na construção do Partido Comunista Marxista-Leninista, só ele poderá realizara tarefa histórica que nossos heróis não realizaram: a revolução socialista no Brasil.
E assim:
Viva o Internacionalismo Proletário!
Viva o Partido Comunista Bolchevique de Toda União!
Viva o Partido Comunista Marxista Leninista! Viva a Revolução Socialista no Brasil! Viva o imorredouro lutador das causas democráticas e nacionais, Barbosa Lima Sobrinho!
(inverta - Jornal Pra Verdade!)