Artista plástica da Casa das Palmeiras fala sobre as medidas do atual governo

Artista plástica da Casa das Palmeiras-RJ considera como retrocesso as medidas do atual governo para o tratamento de pacientes com transtornos psiquiátricos

Martha Pires, artista plástica da Casa das Palmeiras, conversou com o Inverta sobre as novas resoluções do Ministério da Saúde do atual governo, que são retrocessos para a luta por mais humanidade no tratamento dos pacientes com transtornos psiquiátricos.

Dedicada às Artes Plásticas e à Astrologia, Martha Pires contou que ajudou a desenvolver as atividades de arteterapia junto com a Drª Nise da Silveira quando trabalharam juntas de 1969 até 2017, no Hospital do Engenho de Dentro e na Casa das Palmeiras, respectivamente. Ao ser questionada sobre a medida do Ministério da Saúde, de aprovar a compra de equipamentos para a aplicação do eletrochoque, ela respondeu:Inconcebível. Retrocesso que nenhum médico consciente dos avanços da medicina com terapias modernas e humanizadas pode aceitar, compactuar, calar-se. Inadmissível ao processo criativo da inteligência humana. Ministério da Saúde equivocado”; afirmou a terapeuta.

Martha Pires falou sobre sua experiência, por 40 anos, no tratamento de pacientes mentais graves, usando o método da Drª Nise da Silveira, que empregava doçura, afeto e atividades artísticas de expressão que contrastam com o retorno do eletrochoque, que na sua opinião é um total desconhecimento dos tratamentos humanizados e eficazes com o uso da criatividade no tratamento. Segundo ela, o eletrochoque é um método perverso e cruel que ninguém merece. Martha ressaltou que este é um retrocesso na saúde pública do Brasil com a compra destes equipamentos já descartados na maioria dos países mais avançados e que visa somente os lucros para empresas e médicos incompetentes, preguiçosos e ambiciosos, ansiosos por respostas rápidas.

Martha expressou sua avaliação sobre outra medida do atual governo, que é a volta da internação de crianças e adolescentes em hospitais psiquiátricos. “A questão é muito delicada. A internação é um estigma para a criança e seus pais, familiares. Coloque-se no lugar da criança, nenhuma pessoa quer ver-se neste espelho prisional”; enfatizou a artista plástica, que também ressaltou a importância de se trabalhar com as mãos que levam conexões com atividades cerebrais e, para ela, a criatividade é uma grande forma de saída para os males, sem medos, sem dúvidas. “A dignidade humana é sem dúvida a porta de entrada para a saúde física, mental e emocional, tanto para o observador quanto para o observado”.

 

Júlio Cesar Freixo Lobo