sobre Érico Veríssimo e o preconceito racial
Algumas considerações sobre Érico Veríssimo e o preconceito racial
Era
o consagrado, endeusado e imortalizado (pela Academia), escritor
Érico Veríssimo racista?
Vejamos: o escritor, que fez o “Tempo e o Vento” e “Incidente em Antares”, também fazia livros infantis. Recentemente, um deles veio parar em minhas mãos, dado de presente para o meu filho. O livro em questão chama-se “As aventuras do avião vermelho”.
Li o livro e fiquei surpreso ao constatar passagens de profundo conteúdo racista. A estória é uma fábula sobre um menino que ganha um aviãozinho de brinquedo do pai e para viajar nele, acha um meio de diminuir de tamanho. Embarca no avião, acompanhado de um Ursinho Ruivo e de ‘um boneco preto de louça’, ambos ganham vida. Eis um trecho da estória: “Era um negro de beiçola caída e dente arreganhado, parecido com teclado de piano. Fernandinho lhe tinha dado o nome de Chocolate”.
Mais adiante, o consagrado escritor da burguesia continua: “O negro segurou o cacho de bananas e a mala do capitão...”. “O negro já estava comendo uma banana sem pedir licença ao Capitão”.
O que pensar disso? Mais adiante ele (Érico Veríssimo) continua: “Desceram na África, mas foram muito sem sorte. Caíram bem no meio de uma aldeia de selvagens... O chefão - um negro com cara de macaco...”. Continua o idolatrado escritor da burguesia: “Chocolate pensou um pouco. Depois repetiu para Fernando, em língua de gente, o que o chefe negro tinha dito”. Concluímos, obviamente, que para Érico Veríssimo a língua africana não é língua de gente. Destaquei estas passagens, entre outras, para mostrar a minha repugnância para com esse livreto, dito “infantil” e dirigido para crianças pequenas, ainda em formação intelectual.
Eis algumas observações sobre Érico Verríssimo: de origem burguesa, nasceu em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, em 1905, e morreu em 1975. Deu aulas nas universidades norte-americanas de Berkeley e Oakland, de 1941 a 1945. Teve sua obra bem difundida nos Estados Unidos.
Concluo, por tudo isso, que se Érico Verríssimo não era um racista declarado, trazia em si o perigoso germe do racismo.