Viva o Jornal INVERTA e seus 32 anos de resistência! - RJ

A comemoração dos 32 anos do Jornal INVERTA, 31 de reimpressão e distribuição do Jornal Granma Internacional de Cuba em Língua Portuguesa; 19 anos do acordo comercial da Agência de Notícias Latino-americana Prensa Latina com a Inverta Cooperativa e 35 anos do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais – CEPPES começou com o Seminário de Lutas Contra o Neoliberalismo realizado no dia 23 de Setembro na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, com o tema Crise Orgânica do Capital, Geopolítica e o Estado do Rio de Janeiro.

Este ano as comemorações referentes ao Inverta, com o Seminário Internacional de Lutas contra o Neoliberalismo foram descentralizada e estão sendo realziadas também em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. O Seminário da UERJ já pode ser considerado histórico, sendo o primeiro realizado na modalidade presencial após os anos de Covid -19, foi iniciado com o Ato político de abertura, com a presença de várias personalidades nacionais e estrangeiras, e posteriormente com a mesa Ciência e Desenvolvimento. Após o almoço de adesão, deu-se continuidade com a mesa Saúde Educação e Movimentos Sociais, as homenagens, encerrando com chave de ouro, com o ato cultural. A atual matéria destaca trechos das principais falas e, posteriormente, disponibilizará na TV Inverta a edição do Seminário e também em coletânea impressa com as contribuições dos conferencistas convidados.

Na mesa de abertura contou-se com a presença do doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), fundador e presidente do CEPPES, pesquisador Associado Sênior do NEA-INEST-UFF/editor-chefe do Jornal Inverta; Exma Dra Idalmys Brooks Beltrán - Conselheira Política da Embaixada da República de Cuba no Brasil, jornalista Osvaldo Cardoso, correspondente no Brasil da Prensa Latina; Profª Georgina Queiroz – Conselho do Partido Comunista Marxista-Leninista – PCML; Dr. Eurico Figueiredo, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense, coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos Avançados (NEA) do INEST-UFF (Universidade Federal Fluminense), editor-chefe da Revista Brasileira de Estudos Estratégicos; Drª. Beatriz Bissio, Coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e Relações Sul-Sul (NIEAAS-UFRJ), Dr. Aziz Fall, Presidente do Centro de Pesquisa Internacionalista CIRFA e Coordenador da Campanha Internacional Justiça para Sankara; Dr. Waldeck Carneiro - ex-deputado estadual; Prof Haroldo Teixeira de Moura – membro da diretoria do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais (CEPPES); mestre Francisco Soriano – membro da diretoria colegiada da TV Comunitária do Rio de Janeiro; professor Edison Munhoz – diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação e Diretor da CUT – RJ; professor Gilberto Palmares – ex-deputado estadual e ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações (Sinttel-Rio); Profª Margarida Sertã – diretora da Casa das Américas – Núcleo Nova Friburgo; mestra Samanta Cristina de Aguiar Pereira, coordenadora Geral do SEPE Nova Iguaçu e membro do Conselho Municipal de Educação e Aluísio Nunes – ex diretor do Sindicato dos Moedeiros e assessor da presidência da Casa da Moeda. Esta mesa ficou sob direção da jornalista Bianka de Jesus - mestra em Educação e doutoranda do Programa de Pós- Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH-UERJ) e subeditora do Jornal Inverta e da professora Jacqueline Alves - graduada em Direito e em Letras e presidenta da Inverta Cooperativa. As palavras de todos foram unânimes em saudar os 32 anos de existência e a luta do jornal INVERTA por uma sociedade justa e igualitária.

MESA CIÊNCIA E DESENVOLVIMENTO

A mesa Crise Orgânica do Capital, Geopolítica e o estado do Rio de Janeiro: Ciência e Desenvolvimento, coordenada pela Profª Osmarina Portal, membro do Conselho Editorial do Inverta e a Dra Ana Alice Teixeira Pereira, presidente do Conselho do PCML, trouxe luz ao debate imprescindível sobre o tema proposto, como esperado, e teve como conferencistas: Dr Aluisio Bevilaqua, Dra Idalmys Brooks Beltrán, Dr. Ricardo Lodi Ribeiro e Dr Eurico Figueiredo.

Em sua conferência, Dr Aluisio Bevilaqua, baseando-se em sua tese inédita da Crise Orgânica do Capital, esclarece a natureza desta crise como resultado do aumento da composição orgânica do capital, uma consequência do histórico desenvolvimento das forças produtivas da sociedade mediado pela luta de classes e que leva à erosão do tempo de trabalho como paradigma de mensuração do valor das mercadorias, destacando, entre outras relevantes questões, a singularidade da crise orgânica em relação as crises precedentes do sistema. É de extrema relevância estudar esta crise, saber como ela se manifesta nos países, para poder intervir.

Dra Idalmys Brooks Beltrán, dissertou sobre o mundo multipolar calcado na cooperação entre os povos e a solidariedade; e destacou a amizade entre o povo brasileiro e o cubano, com a recente retomada das relações diplomáticas entre os países-irmãos. Ela denunciou a política neoliberal genocida dos EUA, denunciando que Cuba sofre com as consequências deste bloqueio. Um dos momentos ápices de sua intervenção foi quando declarou que Cuba precisou tomar uma decisão, na época da pandemia, de investir seus recursos econômicos para buscar proteger seu povo da Covid, descobriu e fabricou 5 vacinas. Hoje, eles sofrem consequências na economia em relação à produção de energia elétrica: “tínhamos duas opções: investir em salvar vidas ou investir em energia elétrica, optamos em salvar vidas porque, para nós, é o mais importante, pois vidas para nós, cubanos, não são mercadorias e sim o que se tem de mais importante.”

Doutor em Direito, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Tributário, ex-reitor da UERJ e professor da Faculdade de Direito-UERJ – Ricardo Lodi Ribeiro, em sua fala, destacou que os 40 anos da aplicação da politica neoliberal, que começou a ser aplicada por Margaret Thatcher, teve como conquista o aumento assombroso da desigualdade social no mundo e levou a compartimentação de lutas sociais, que relevantes e necessárias, são parte da luta coletiva, como disse Marx em " trabalhadores de todo mundo uni-vos”. Ao finalizar sua intervenção conclamou à luta por uma sociedade justa e igualitária.

Dr Eurico Figueiredo destacou em sua palestra a grande crise de 1929 e seu principal desdobramento, a II Guerra Mundial, como o início de tudo, ou seja, um ponto de viragem que deu início à estruturação ou reorganização do capitalismo, definindo o desenvolvimento da sociedade como a conhecemos hoje. Os acontecimentos internacionais também levaram às consequências para o Brasil, relacionando a década de 30 e os dias atuais em vários setores econômicos e na vida social.

MESA SAÚDE, EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS

A Mesa Crise Orgânica do Capital, Geopolítica e o estado do Rio de Janeiro: Saúde, Educação e Movimentos Sociais foi coordenada pela professora Julia Bevilaqua, engenheira e mestra em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o professor Dr. Antonio Cicero, Doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A mesa teve a participação dos conferencistas Reimont Otoni, deputado Federal (PT), Drª Angela Maria Gomes Ribeiro Fernandes, Dra Ana Alice Teixeira Pereira, Profª Rosa Terço.

O Exmo. deputado federal Reimont Otoni falou sobre os problemas do povo brasileiro que são também do povo da nossa América Latina; dos desafios de defender as pautas sociais, considerando a composição do Congresso Nacional, de maioria neoliberal, como o problema do Ensino Médio e agregou: “estamos avançando, lutando por propostas em nível federal para que elas reflitam em nosso estado, no econômico, no social, no cultural e no ambiental, assim, combateremos o neoliberalismo e vamos construir a sociedade que queremos”.

A Drª Angela Maria Gomes Ribeiro Fernandes falou sobre planejamento, métodos de pesquisa e qual escolher pensando em uma escola democrática.” Vamos aceitar qualquer coisa que nos empurram? Defendemos nossa autonomia, defendemos projetos coletivos”. Outra questão abordada foi o Ensino Médio: “os órgãos responsáveis não têm dados únicos, uns se diferenciam dos outros, como o material didático; conteúdo mínimo diferente do básico, como os alunos desenvolvem a consciência científica se recebem pacotes prontos?”

Dra Ana Alice Teixeira Pereira, graduada pela Faculdade de Medicina da UFRJ levantou questões históricas da saúde, como a criação do Ministério da Saúde, do Serviço Público de Saúde Pública (SESP), dos Institutos de Previdência Sociais e a construção dos hospitais; a realização de convênios diversos do então INAMPS com a rede privada; o início das discussões sobre Saúde e realidade socioeconômica da população, na década de 1960. cofundadora do Jornal Inverta dissertou sobre o embate com as indústrias farmacêuticas norte-americanas e a defesa das indústrias nacionais, o surgimento dos Planos de Saúde e de Empresas de Saúde, que faziam convênios com indústrias. A Reforma Sanitária na década de 1970, a implantação do SUS na Constituinte 1988; a Lei Orgânica e a pressão da rede privada para garantir sua atuação no serviço público. Destacou que o neoliberalismo trouxe políticas de restrição na formação de técnicos da Saúde com qualidade e que os problemas enfrentados pelo SUS diante da realidade política do capitalismo, restringe a aplicação de verbas no SUS.

Em sua conferência, a Profª Rosa Terço, destacou que o estado do Rio de Janeiro é o que apresenta a maior desigualdade no país quando se analisa o nível salarial, desocupação e terceirização; é o pior IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da Região Sudeste; 2,1% da população é analfabeta e 6% analfabetos funcionais; com 11% de evasão escolar por falta de interesse dos discentes nos conteúdos, muito distantes da realidade social deles, o que implica na crise da ciência como consequência da crise orgânica do capital. A professora Rosa apontou a necessidade da busca de um novo paradigma educacional em oposição à educação atual que atende o sistema capitalista. Finalizou sua intervenção reafirmando a proposta da construção dos Comitês de luta contra o neoliberalismo, que é uma forma de unir a população em torno da discussão sobre seus direitos.

HOMENAGENS

Como explicitado o Seminário de Lutas Contras o Neoliberalismo de 2023 assume um especial significado após a tragédia da pandemia do novo corona vírus, o que levou a organização do evento a homenagear personalidades queridas, amigos e amigas que nos honram com sua dedicação, o Jornal Inverta em mais de 3 décadas de luta contra os titânicos e tirânicos veículos de comunicação a serviço da opressão de classe da burguesia contra o Povo Trabalhador e Juventude em nosso país e especialmente no estado que deu início ao jornal e foi palco de muitas lutas ao lado do povo carioca e fluminense. Nada mais justo que entregar um singelo certificado de reconhecimento e apreço. Foram homenageados Maria de Jesus Gonçalves Miranda de Mesquita; Carlos Castro diretor teatral e cinematográfico; Catarina Bevilaqua – musicista; in memoriam Sabino Geraldo Vieira – Preto de Linha – ator, produtor, cultural; in memoriam Marília Bevilacqua – grande intérprete da MPB; e o também inesquecível camarada Luiz Gonzaga Moreira, membro do PCML no Rio de Janeiro, falecido às vésperas do evento. Além da sua coragem, disciplina e determinação revolucionária quem esquecerá seu sorriso?

ATO CULTURAL DE ENCERRAMENTO

Finalmente o dia grandioso foi encerrado com o ato cultural quando tivemos apresentações calorosas, alegres e reflexivas: com a exposição artística de Eliane Lourenço; Idioraci Santos -Ator e Intérprete e cerimonialista do seminário; Xanddy Uruguaio – Músico e intérprete; Aline Costa – Cantora; Enparte - Companhia Teatral; Sérgio Duarte músico e intérprete; Daniele Zamorano – dançarina e a carateca Laura Portal.

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