ELEIÇÕES EM SÃO PAULO

Indicações e apoio:

Lula - Presidente - 13

Haddad - Governador - 13

Márcio França - Senador - 400

Barba - Deputado Estadual - 13110

Indicação:

Vicentinho - Deputado Federal - 1390


Entrevista com o Deputado Estadual Teonílio Barba, candidato à reeleição para o cargo pelo Partido dos Trabalhadores em São Paulo.

Quem é Teonílio Barba. Quais são suas origens?

Eu nasci em Minas Gerais, na cidade de Água Boa e lá eu vivi até os 5 anos de idade e vim embora para São Paulo, aqui pra cidade de São Bernardo do Campo no dia 18 de agosto de 1963. Portanto eu cheguei aqui há cinquenta e nove anos atrás. Pai e mãe analfabetos, quatro irmãs analfabetas, e eu e meu irmão analfabetos, né? Viemos morar no quilômetro vinte e três e meio da Anchieta, onde era uma ocupação, nós não sabíamos o que era isso, tá? Nós moramos por três anos e dois meses, quando nós fomos despejados no auge da ditadura militar. Aí fomos despejado aqui do quilômetro vinte e três e meio em frente à Volkswagen. Fui morar na Vila São José na Rua Tenente Siqueira Campos, e na Vila São José eu moro até hoje.

Dos oito anos de idade aos treze eu fui catar material reciclável com minha mãe e meus irmãos no Aterro Sanitário. E dos treze anos de idade aos quinze anos eu fui lavar carro no pátio da Kaiser. A Kaiser era uma montadora de automóveis que tinha aqui em São Bernardo do Campo, que depois fechou. E aos quinze anos de idade eu arrumei meu primeiro trabalho com carteira assinada, em uma fábrica de móveis onde eu trabalhei por onze anos. Era na indústria de móveis de São Bernardo do Campo. São Bernardo era conhecida como a cidade dos móveis e dos automóveis, né? E depois a vida mudou, porque em 1985 fui trabalhar na Volkswagen do Brasil. Em 87 juntou-se a Volks e a Ford e criou uma holding chamada Autolatina e em 1990 eu fui transferido para a Ford em agosto. Ao chegar na Ford, no final do ano, eu disputei a eleição da CIPA. A CIPA é Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e fui “cipeiro” por dois mandatos na Ford. Depois logo em seguida disputei as eleições da comissão de fábrica dos trabalhadores e das trabalhadoras na Ford que é uma instituição que internamente representa os trabalhadores e discute ali planos de cargo, salário, discute produção, produtos, discute várias coisas, PLR, plano de carreira, né? Então foram dois mandatos da comissão de fábrica. E ainda na comissão de fábrica eu fui indicado pelo sindicato dos metalúrgicos do ABC para compor a direção da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM CUT onde eu estive por dois mandatos, cada mandato com três anos. Depois eu vim pra diretoria executiva do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para representar a categoria aqui no ABC.

Eu estudei economia na UNICAMP, era um curso chamado Economia Política e Mundo do Trabalho, um curso de especialização que era dado pelo CESIT, que é um centro intersindical que a UNICAMP tem pra discutir relações do trabalho. O curso era de dois anos, e com um ano o FHC cortou a verba do curso e nos diplomaram por um ano. E aí eu voltei a estudar economia na Metodista, aqui em São Bernardo do Campo, mas no último ano eu tive um problema particular e acabei não concluindo. Então a minha origem, a origem do deputado Barba, é do movimento sindical, nascido na roça, no estado de Minas Gerais, veio morar em São Bernardo do Campo há 59 anos. A origem da minha luta é o movimento sindical, é o associativismo, o cooperativismo, no movimento de moradia, no movimento negro, no movimento de direitos humanos, movimento social e movimento sindical.

Barba, nós estamos vivendo uma conjuntura na qual os ricos tentam escapar à Crise Orgânica do Capital massacrando a classe trabalhadora por meio do avanço da política neoliberal, principalmente depois do Golpe que tirou a presidenta Dilma, e do qual a eleição de Bolsonaro é também parte. O que você defende para o enfrentamento ao neoliberalismo em nosso país?

Primeiro, vamos lá. O que é o neoliberalismo? Neoliberalismo foi uma reestruturação do modelo capitalista para uma nova saída e essa nova saída é desestruturar toda a cadeia de direitos conquistada pelos trabalhadores no mundo. Então isso começa lá em 1989 com um cara chamado John Williamson que é o cara que começa a mostrar que a maneira antiga do capital não era o suficiente para explorar os trabalhadores como o capital deveria explorar. Então é a maneira mais perversa do capitalismo, né? O neoliberalismo é um Estado enxuto, então é desregulamentar todo o mercado, todos os mercados, mercado de trabalho, mercado financeiro; deixa as coisas tocar conforme a regra do mercado, sem registro legal nenhum ou mínimo possível de qualquer registro legal. Paulo Batista Junior, quando trata sobre isso, sobre o Consenso de Washington que começa lá em 1989, o grande proponente da ideia do neoliberalismo, John Williamson propunha desregulamentar o mercado de trabalho, desregulamentar a carteira assinada, terceirização a torto e à direita. Fazer com que trabalhadores concorram de maneira precarizada e precarizando os direitos dos trabalhadores cada vez mais e mais. Então isso foi uma coisa que tentaram implantar no mundo de 89 até agora e vão aprofundando cada vez mais. Somado a isso vem os novos métodos de produção, novas formas de gestão do trabalho. Some com várias profissões e acumula-se cada vez mais a parte produtiva em cima daquele trabalhador que é mais operacional. O montador, por exemplo, acaba acumulando várias responsabilidades quando foi sumindo a função de alguns profissionais e foi repassado pra esses montadores que são as pessoas que trabalham na linha de montagem ou nas células em U ou nas ilhas de produção. O operador que antes operava uma máquina, passou a operar cinco, seis máquinas em forma de ilha ou em forma de U. Então são novos métodos de gestão do trabalho e com isso vem muito forte a terceirização, tudo isso em nome da competitividade e da produtividade que tem sido muito grande.

A outra forma é a disputa do neoliberalismo do conceito de mercado. E não estou falando do mercadinho do senhor João ou da dona Maria onde se compra arroz e feijão. É a palavra mercado, a dominação ideológica, a disputa ideológica que essa palavra causa. Por isso que dentro do neoliberalismo defende-se que o Estado tem que ser enxuto, o Estado teria que cuidar apenas de guerra e de paz e o restante deixa que o mercado resolve, a tal da mão invisível do mercado defendida lá nos séculos XIX e XX por Adam Smith e outros liberais clássicos. Então, nós estamos falando disso. Houve um conjunto de novos estudos que foi aperfeiçoando esse modelo capitalista que é perverso e retira direitos. É uma saída para os ricos ficarem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Além do que ele disputa e prega o individualismo o tempo todo, que é bem a prática do capital mesmo, né? “O meu sucesso depende do seu fracasso”. Então nós temos que ter a sociedade civil organizada pra fazer um grande debate para o enfrentamento dessa máquina que é o neoliberalismo que consome seres humanos, que consome direitos, que destrói o meio ambiente.

O que você pode dizer sobre a luta que você vem travando contra esse modelo na Assembleia Legislativa de São Paulo e as perspectivas para o futuro.

Nós começamos essa luta enfrentando o neoliberalismo já no chão de fábrica. Quando nós começamos a criar as OLTs - organização nos locais de trabalho. É ali que se deve começar esse grande debate, né? Aliás é o que Marx já defendia que o processo revolucionário teria que começar pelos grandes conglomerados industriais que é aonde está a riqueza. E nós começamos a nos organizar no movimento sindical dentro das fábricas, disputando a CIPA que é uma norma regulamentadora, disputando ela com os patrões, depois nós começamos criar as comissões de fábrica, depois nós criamos um novo modelo de organização sindical, isso pra defender direito dos trabalhadores e das trabalhadoras. Então eu tento trazer pra dentro da Assembleia Legislativa essa experiência que eu carrego da categoria dos metalúrgicos, dos trabalhadores e trabalhadoras metalúrgicos do ABC e tudo aquilo que eu aprendi na Central Única dos Trabalhadores. Então, é um grande desafio para o movimento sindical, é um grande desafio pras centrais sindicais e um grande desafio pra gente debater nos parlamentos. Debater o modelo mais correto de sociedade que nós temos que viver contra o modelo neoliberal, o modelo capitalista, o modelo de exploração do homem pelo homem, do homem mais forte, mais rico, do mais forte economicamente ao homem mais pobre. E qual é o papel do Estado nisso? O Estado tinha que ter um papel de ajudar a mediar essas relações. Infelizmente quando você está disputando a política pra ver quem governa o Estado e pra ver quem é que faz maioria do parlamento, esses modelos estão em disputa, né? Eu sou um defensor do socialismo. Eu acredito numa sociedade onde a coletividade é muito mais solidária, muito mais cúmplice uma com a outra, né? E no modelo neoliberal não existe isso, no modelo neoliberal é o homem explorando o homem, mas sempre naquela lógica que eu falei o homem mais rico explorando o mais pobre e com as novas modalidades de trabalho, os novos modelos de trabalho, as novas regras de trabalho, essa crise se aprofundou sobre a classe trabalhadora, né? Haja visto os aplicativos, os “Uber da vida”, os 99, os aplicativos que se usa hoje pra motos, bicicleta ou até mesmo trabalhadores a pé. A nova reforma trabalhista que foi feita com o trabalho intermitente e a quebra da organização sindical, pouco sindicatos conseguiram resistir a essa nova legislação trabalhista. Então tudo isso são coisas que temos que debater dentro dos parlamentos. O problema é: qual é o parlamento que nós temos? O parlamento que nós temos, não é o parlamento que nós queremos, seja lá na Câmara de Deputados, seja nas Assembleias Legislativas, a grande a maioria dos parlamentares são representantes de empresários ou os próprios empresários. Pega o caso da Assembleia Legislativa de São Paulo, algo em torno de 80 deputados e deputadas são empresários donos de frigoríficos, de fazendas, rede de Hotéis e Motéis, rede de posto de Gasolina, Restaurantes. Então esses caras jamais vão defender um modelo mais solidário, um modelo onde os trabalhadores podem ter uma relação mais humanizada de trabalho, onde os direitos trabalhistas prevaleçam. Pelo contrário, eles votam tudo contra nós. A Reforma da Previdência foi uma delas. A Reforma da Previdência aqui do estado de São Paulo para o funcionalismo público confiscou o dinheiro dos aposentados que são inativos, que são aqueles que trabalharam por 25, 30 ou 35 anos que estão em casa descansando, na reforma da previdência agora eles passaram a cobrar a previdência desses que já estão em casa de 12% pra quem ganha de um salário mínimo de até R$3.000,00, 14% de quem ganha de R$3.000,00 até R$6.000,00 acima disso, 16%. Então, passou a confiscar, assaltar, salários de aposentados e o governo venceu esse debate com 59 votos (precisava de 58) e eles tiveram essa votação. Então, com os mesmos deputados que estão lá hoje você não consegue mexer. Nós temos que ganhar as eleições e fazer uma maioria de parlamentares que votem contra essa reforma trabalhista, a reforma da previdência e no caso de São Paulo ainda teve parte da minirreforma administrativa que foi o projeto 529 que fechou empresas importante como CDHU que é uma empresa que constrói habitação no estado de São Paulo, a EMTU, a empresa metropolitana de trens e ônibus a SUCEN que é a empresa que combate as pandemias, endemias como a leishmaniose, febre amarela, o borrachudo e outros tipos de endemias. Quase que fecharam o Butantã nesse projeto, né? Nós conseguimos com uma luta muito grande tirar dele o Butantã, tirar a Furbe, que é a família da farmácia, a fábrica de remédios populares. Mas fecharam lá seis empresas importantes, fecharam alguns institutos, fecharam algumas fazendas experimentais e fecharam alguns fundos de apoio à saúde pública no estado de São Paulo. Então esse foi o projeto 529 que ainda retirou a isenção do IPVA das PCD, que são pessoas com deficiência. Quem tinha deficiência tinha isenção do IPVA na hora que ia licenciar o seu carro.

Barba, gostaríamos que você deixasse uma mensagem para os leitores e leitoras do Jornal Inverta que nesse mês de setembro completa 31 anos de lutas.

O Jornal Inverta é um jornal importante, faz um debate progressista, de esquerda e um enfrentamento ao neoliberalismo, né? E é importante que tenha pessoas que escrevam sobre esse tema, que façam esse debate, porque o Jornal Inverta é uma imprensa alternativa, a grande imprensa que está aí está a serviço da classe dominante. Pertencem à classe dominante, pertencem a quem tem o poder econômico, a quem tem o poder financeiro. Então, quero aqui parabenizar o Jornal Inverta por ter esse trabalho de formiguinha, militante, já com seus trinta e um anos.

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