Inverta lança livro de Domar Campos
Inverta lança livro de Domar Campos
Foi realizado na ABI, dia 12 de junho de 2001, na sala Belisário de Souza, sétimo andar, às 18 horas, o lançamento do livro, "Soberania, o Único Fator Escasso", de Domar Campos. O livro é o mais recente lançamento da Editora Inverta.
O evento foi prestigiado por admiradores, amigos, familiares do autor e camaradas do PCML do Estado do Rio de Janeiro. Como o velho companheiro de luta e amigo de Domar, Jacy Pereira Lima, acompanhado de sua esposa Ceci; o editor de INVERTA, Aluísio Beviláqua; representando a ABI, o prof º Henrique Miranda e Maria Lúcia do Amaral, Secretária da Mesa Diretora do Conselho da ABI ; Edir Meireles, representante do Sindicato dos Escritores e a escritora Maria Calíope. O evento foi prestigiado pelo público jovem e pela neta do autor.
A abertura da solenidade foi realizada por Ana Alice Beviláqua, representando a INVERTA Cooperativa, que saudou os presentes e convidou o autor do livro; o editor de Inverta e o representante da ABI para compor a mesa.
A seguir transcrevemos trechos da palestra proferida pelo Editor e pelo autor do livro, assim como declarações dos presentes que prestigiaram o evento.
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“A Editora Inverta tem uma satisfação muito grande em lançar este material. É uma pequena síntese que expressa ao longo dos anos todo o pensamento e o trabalho de uma pessoa dedicada à causa brasileira, ao nosso povo, à soberania do nosso país, e que ao longo de sua vida, refletiu não só em pequenos artigos, como em densos trabalhos monográficos, específicos, este seu pensamento, engajamento e preocupação com o nosso povo, nação, com os brasileiros, com os povos da América Latina de maneira geral. Nós tivemos a satisfação de poder dar uma pequena mostra do que foi este trabalho através desse livro, uma coletânea de vários textos, artigos, que mostram a unidade do pensamento de uma pessoa voltada para aquilo que é essencial ao Brasil e a qualquer nação, que é perguntar: qual a base de autonomia, de uma independência e de um verdadeiro desenvolvimento de um país? A esta pergunta há uma resposta. Tendo um país uma economia, uma estrutura, ele é capaz de poder projetar sua independência, sua economia. E a pergunta essencial é: como garantir esta autonomia? Este livro responde: diz, através de um projeto próprio, seu, capaz de invocar valores naturais e a criatividade humana e de seu povo na perspectiva de um desenvolvimento justo e soberano. Estas palavras são uma concepção histórica não só de Domar, mas de uma série de brasileiros que ao longo da suas vidas vieram se batendo por esta perspectiva. E hoje as novas gerações emergem, os camaradas de longa data vão indo, mas a questão permanece. Como resolveremos o problema nacional, como sairemos da crise que vivemos atualmente? Este livro traz algumas indicações, algumas respostas, e essencialmente fixa um caminho. Este caminho é um comportamento político, como traduz o livro, mostra que distância existe uma economia da política. E este comportamento é o comportamento soberano, de quem quer buscar raiz própria, o caminho do próprio desenvolvimento e da independência. Este livro simboliza este pensamento, e nós da Inverta Cooperativa, que vivemos ao longo do tempo nos batendo por esta idéia, só podemos demonstrar nossa satisfação em poder fazer com que este pequeno pedaço de seu pensamento, do seu trabalho, de sua vida chegue a cada um de nós e que isto se torne um elemento de nossa reflexão e para as futuras gerações com as quais vamos entrar em contato, vamos falar; com nossos filhos, e particularmente os homens de hoje, que mostram cada vez mais a ausência desse tipo de comportamento - um comportamento soberano frente ao conjunto do mundo, em torno dos interesses nacionais, da causa nacional, da causa do nosso povo. É isto que gostaria de deixar registrado neste lançamento”. Aluísio Beviláqua.
“O país nunca teve tão humilhado, tão entregue a interesses estrangeiros, quer dizer, sem soberania”
(..) “Nós temos realizações estupendas, temos grandes obras de engenheiros e não conhecemos essas realizações. Os brasileiros não têm auto-estima, não sabemos de nossas grandes obras realizadas por nossos engenheiros. Isto é típico de nós brasileiros, só conhecemos coisas desfavoráveis. Meu livro tem uma pauta dedicada à auto-estima. A auto-estima, a afirmação é importantíssimo, tem gente que fica pensando que não, que é garganta, que é patriotismo, mas não, a gente tem que estar afirmando as nossas coisas. Todas as piadas desfavoráveis nós conhecemos, falamos, mas as favoráveis não falamos. São características brasileiras. Temos que estar afirmando nossas coisas. Talvez o maior feito nosso seja a Petrobrás, cuja lei 2004, foi redigida por um amigo nosso do peito, Jesus Soares Pereira, a quem eu dedico meu livro, uma coisa assim sentida do coração, a lei foi muito bem redigida, uma beleza. Falo no livro sobre esta luta, mas não um capítulo especial. Gostaria, caso reedite o livro, de acrescentar um capítulo dedicado à Petrobrás (...) Destaquei o que me preocupa sempre, é a análise sociológica do país, uma potencialidade estupenda, talvez a maior do mundo, da dualidade brasileira. Potencialidade, quer dizer o tamanho, a Floresta Amazônica, a maior do mundo e a riqueza é a maior do mundo. Outro dia eu vi na televisão um técnico, um cientista dizendo que a Amazônia vale 700 trilhões de dólares. Isto é o produto do mundo todo.., porque é a maior floresta e dentro daquela floresta tem tudo que se possa pensar em termos de riquezas minerais e vegetais e a gente fica imaginando nas tentativas de posse da Amazônia, em palavras ditas por um presidente francês: “a Amazônia não é de vocês, a Amazônia é do mundo”. Essas coisas nos preocupam muito.
Então é essa dualidade: a potencialidade extraordinária do Brasil ao lado de uma miserabilidade também, a maior talvez, se não é a maior, está entre as maiores. Miséria absoluta nós podemos ver a cada passo nas nossas cidades, no Rio, Copacabana, São Paulo. Em SP, na Av. Paulista, uma das principais e bonitas, riquíssimas, a miséria está ali visível, constante, ofensiva . Então essa dualidade está em meu livro, em meu pensamento, é o que me preocupa muito. Saindo da dualidade, vou também aos fenômenos menores que compõem este conjunto, é de falta de lógica desproporcionada que é o Brasil de hoje. Quer dizer, é uma coisa assim que, de repente a gente não entende, o problema brasileiro, de tão absurdo como ele é colocado pelos governantes etc. Ao mesmo tempo, tem uma coisa que nos surpreende pela grandeza. Por exemplo, sei de algumas cidades brasileiras pequenas que têm o menor índice de mortalidade infantil, diante deste conjunto miserável, grande, tem a Floresta em potencialidade; a miséria está em toda parte; a parte da miserabilidade essa potencialidade é o fato que a gente deve estar sempre pensando neles, porque de um jeito ou de outro nós vamos tirar caminhos, sugestões, escrever, falar, lutar para que a gente possa aplicar. Meu pensamento é assim, pois nós não devemos nos afastar: o Brasil tem uma grandeza estupenda e tem uma miserabilidade que não dá para negar. A política dos últimos governantes é um política ditada de fora, e não é só do atual, daí o título do livro: nós não temos soberania; confessamos claramente, ostensivamente que é o Fundo Monetário Internacional que determina, o Brasil ainda não fechou o acordo com o FMI. O Brasil é a 8ª renda do mundo, um país nação deste, industrializado; somos uma potência econômica, mas temos necessidades sociais imensas e daí as crises, os problemas brasileiros. O mercado brasileiro está sedento de determinadas coisas, de obras, de construções estatais; o petróleo precisava ser incentivado, estava na fase de pedir indústrias, pedir ajuda, e Juscelino teve ainda esta oportunidade de ter um governo razoável, bom. Ele mesmo, creio, não sabia a grandeza disto, e que realmente resultou em alguma coisa de positiva, talvez Getúlio Vargas. Eu estou me alongando com os governantes porque eles influenciaram no Brasil. Vejo o atual influir negativamente, ele tem toda uma política de negar, de não fazer, mas teve Getúlio Vargas, que perseguiu a nós todos, sobretudo os socialistas; mandava todo mundo para a cadeia, muitos morreram com Getúlio, mas teve momentos bons que soube conduzir o país e aproveitou-se do momento; ele soube conduzir o país e aproveitar-se da situação favorável e reivindicar. Ele teve seus aspectos positivos, a meu ver. Os últimos não apresentaram nada de positivo. O país nunca esteve tão humilhado, tão entregue a interesses estrangeiros, quer dizer, sem soberania. Nós estamos vivendo um momento muito terrível, talvez um dos piores da nossa história, porque o país cresce 2, 3% . A classe média brasileira sempre teve e vive um padrão razoável, ela não se queixa, mas a classe operária, o pobre, sua situação não acrescenta em nada, a miséria continua exatamente igual há 100, 50, 40 anos atrás, entendeu. O país não mudou socialmente, a meu ver, quase nada. Não obstante, tem uma riqueza, um impulso natural e potencialidade extraordinária e é isto que faz a gente pensar no absurdo, na coisa mal conduzida. Se fosse um país pobre, de poucas possibilidades, mas não, as possibilidades estão aí ao alcance das mãos, é visível a potencialidade brasileira e nada se faz, porque inventam-se modismos de vez em quando. De vez em quando inventam-se umas palavras de ordem, de fora, do exterior. "Economia globalizada" é apenas um modismo do imperialismo econômico e não é nenhuma novidade. A classe dominante brasileira é sócia menor dos países ricos e raramente reclama contra a exploração estrangeira, mas por outro lado, a opinião popular se faz mais presente. O problema será resolvido com o crescimento econômico do país.” Domar Campos
A emoção marcou o evento
A solenidade foi marcada por intensa emoção dos amigos, companheiros e familiares do autor, como podemos constatar nas declarações que se seguem, revelando não somente o carinho, mas a admiração e o respeito das pessoas por Domar Campos. É como diz sua neta Marina: “Tenho muito orgulho do meu avô, mas o que mais importa é que ele realizou seu sonho. É uma das poucas figuras coerentes na luta. Os que lutam que considero justos, são poucos. Ele continua lutando, hoje tem uma ditadura sutil, um bloqueio de informações, o que é mais difícil”. Já Mauro Campos Barreto, sobrinho ressaltou: “Sem dúvida é emocionante, é uma expressão nacional em defesa dos interesses nacionais”. Para Sidnei Lanquin, amigo e companheiro de Domar: “Ele é um companheiro e lutador a quem o Brasil ficou a dever em várias oportunidades e um amigo de sempre”.
Henrique Miranda destacou a participação de Domar Campos como colunista no jornal Emancipação que circulou de 40 a 57: “Ali já estava ele com os seus artigos lúcidos e coerentes, e contribuía como guia na luta anti-imperialista, o que permanece até hoje.
Edir Meireles: “O livro de Domar pode se tornar um balizamento nas nossas lutas de crise moral e de ética. Ele coloca questões do relacionamento dos povos da América do Sul, do Mercosul, é interessante, seguramente terá uma boa repercussão”.
Jacy Pereira Lima, membro do Conselho Editorial do Inverta destacou a figura de Domar Campos : “Aconselho a juventude que siga o exemplo dele. Um grande lutador sincero e que tem dado apoio ao Partido Comunista Marxista Leninista. É um companheiro sincero”.