Favelas do Rio querem o fim da violência contra o povo

No dia 21 de maio, fechamento dessa edição, mais uma pessoa foi morta após a incursão da PM no Morro do Jacarezinho, zona norte do Rio. A versão oficial é que o rapaz era envolvido com o tráfico de drogas e não acatou voz de prisão, foi ferido após um tiroteio e veio a falecer.

Favelas do Rio querem o fim da violência contra o povo

Por: Gilka Sabino



No dia 21 de maio, fechamento dessa edição, mais uma pessoa foi morta após a incursão da PM no Morro do Jacarezinho, zona norte do Rio. A versão oficial é que o rapaz era envolvido com o tráfico de drogas e não acatou voz de prisão, foi ferido após um tiroteio e veio a falecer.

O INVERTA conversou com Rumba Grabriel, presidente da Associação de Moradores do Jacarezinho: “o sub-comandante do posto declarou que houve um tiroteio intenso entre a polícia e os traficantes, mas questionei: se houve uma ‘guerra’, cadê os feridos? Estamos averi-güando o que realmente aconteceu”.

Rumba declara que o Movimento Popular Comunitário no Jacarezinho, com a união de mais de 30 favelas contra o abuso policial, já é uma realidade hoje, desde a reportagem de INVERTA, em fevereiro de 99: “Estamos organizando um seminário em julho, com previsão de ser realizado no Morro dos Prazeres, em Santa Tereza, em que participarão mais de 100 favelas, entre outras coisas vamos tirar um documento, que será entregue ao Ministério da Justiça, para oficialmente dizer para ele que estamos dando um basta nas arbitrariedades não só na área de Segurança Pública, mas na área da saúde, da educação, etc..”

Com ele concorda Fernanda Macedo, vice-presidente da Associação de Moradores do Morro do Dendê, localizado na Ilha do Governador. Ela fala sobre a realidade de opressão do Dendê: “estou passando um problema sério na minha comunidade. Às seis da manhã, entram policiais atirando, vestidos de macacos, com máscara de macacos; acordam as pessoas que muitas vezes não têm nada a ver com nada. Eles entram, esculacham, xingam, e se a Associação de Moradores for falar alguma coisa, só faltam bater na gente. A gente não agüenta mais. Como é que cresce uma criança que sai seis, sete horas da manhã para ir para escola e é recebida a tiros? Como é que esse povo fica?”.

Segundo Rumba, esse problema de que ela fala, está acontecendo há mais de dois meses: “O que está acontecendo no Morro do Dendê é um reflexo do que aconteceu no Jacarezinho. Lá colocamos o bloco na rua, limitamos o espaço de atuação deles. Com isso a corrupção ficou difícil para eles, e foram para onde? Dendê. Lá faziam a mesma coisa, com máscara de macaco, Mr. M. Isso já vem sendo denunciado por outros presidentes de associações. Vamos acabar cercando eles, mas vamos precisar ter o movimento forte na rua, porque quando se prende um leão, ele ruge alto....”.