A Venda da Copel I
A Venda da Copel - I
Por: José da Silveira Filho
A Companhia Paranaense de Energia Elétrica – COPEL - é a maior empresa paranaense. Foi fundada em 1954 para suprir o Estado de sua principal carência: a energia elétrica. Os candeeiros e lampiões a querosene eram o que se dispunha à população habitante nos campos e, igualmente, nas cidades, em áreas já um pouco mais afastadas do que o centro da cidade. E, em Curitiba, motores diesel-elétricos abasteciam o centro e, a muito custo, algumas franjas além. A luz era racionada. Após as dez horas da noite, o breu tomava conta. O luar e as estrelas assumiam a iluminação natural. Somente os violões, “em vozes veladas, veludosas vozes”, preencheriam com serenatas a solidão.
O Paraná era o Estado de fisionomia agrícola. Sua região Sul, alvo da colonização inicial, vivia da extração de madeira e da produção de diversos produtos agrícolas em pequenas propriedades rurais. O restante era ermo sertão. Impraticável. O Brasil prosseguia em sua firme trajetória industrializante, agora sob a direção entusiástica do presidente JK. No Brasil, instalava-se uma indústria de bens de consumo duráveis, de automóveis a eletrodomésticos. Mas, sem eletricidade, não se ouviria a fala dos rádios, as imagens da televisão, nem haveria gelo na geladeira, ou o bolo na batedeira.
A COPEL nasceu para suprir esta lacuna. O capital privado nacional não possuía nem o capital monetário para investimentos de grande porte e nem de longe a alta tecnologia requerida. O capital privado internacional chamava a si as duas condições. Com um detalhe, desdenhava construir. O retorno do investimento era a muito longo prazo, o risco elevado, a rentabilidade esperada extremamente baixa, em face do montante expressivo de capital empatado de início. Enfim, o setor elétrico circunscrevia um rol de motivos que conduziam ao desinteresse transnacional, dado as esquálidas possibilidades de ganho.
Então, o Estado assume as funções de empresário. Decide planejar, projetar e executar para o desenvolvimento capitalista prosseguir em bases seguras. O Estado respaldaria a indústria, o conjunto da economia. As empresas poderiam acontecer e os aparelhos elétricos funcionar para o deleite do consumo. O ponto de partida sucederia pelo mais urgente entre os tantos urgentes: a infra-estrutura energética.
Aí,
a COPEL foi criada dentro desse espírito, bem como outras
empresas estatais pelo Brasil afora. Nesse quase meio século
de existência, ela assegurou a expansão industrial
paranaense.
Atualmente, detém a concessão de 17 usinas hidrelétricas e 1 termoelétrica. Dos 399 municípios paranaenses, atende 395. O consumo é suprido em 98%. Varre um universo de 2.836.050 consumidores, entre residências, indústrias, comércio, campo, poderes público, iluminação e serviços públicos. Enfim, exceto pelo quase, seria o tudo. É o monopólio elétrico estatal a apagar o atraso do passado e acender o futuro ao vencer barreiras consideradas intransponíveis.
Leia a continuação do artigo de José da Silveira Filho em A Venda da COPEL - II