Painel Científico de Acompanhamento da Crise (PCAC): Uma grande iniciativa!

Foi realizado no dia 29 de maio o III Painel Científico de Acompanhamento da Crise (PCAC) que congregou pesquisadores de diversas áreas e países, que socializaram sua relevante análise sobre a Crise Orgânica do Capital, a questão da crise da Saúde e a crise na Cultura, relacionando-a com a pandemia do novo Coronavírus, a Covid-19.

Foi realizado no dia 29 de maio o III Painel Científico de Acompanhamento da Crise (PCAC) que congregou pesquisadores de diversas áreas e países, que socializaram sua relevante análise sobre a Crise Orgânica do Capital, a questão da crise da Saúde e a crise na Cultura, relacionando-a com a pandemia do novo Coronavírus, a Covid-19. Na primeira parte do painel, palestraram Cônsul-geral da República Bolivariana da Venezuela, Dr. Edgar G. Marín, o ex-embaixador Samuel Pinheiro, Dr. Eduardo Costa, Drª Ana Alice Pereira, que refletirem os aspectos sociais e econômicos na crise da saúde, trazendo elementos fundamentais para compreensão da propagação do vírus e formas de contenção, como foi realizado na Venezuela que atualmente conta com uma mortalidade de 0,3 por milhão de habitantes, 541 casos e 10 mortes.

Em um segundo momento o debate se deu sobre os reflexos da crise aos trabalhadores da cultura que já vem há anos sofrendo com os desmontes no setor devido as medidas neoliberais implementadas depois do golpe de 2016. Tiveram participação a Prof. Drª Ana Lucia Prado, Me. Zezita Matos, o cineastra nicaraguense Joel Sanchéz Sandino e o sociólogo equatoriano Fidel Viteri. A contribuição das representantes nacionais da Cultura no Brasil buscaram em suas apresentações mostrar a grave situação que os artistas têm passado nos últimos anos e como se agravou com a pandemia, haja vista que o abandono do governo central nessa área afeta demais a vida de quem sobrevive da arte. Os pesquisadores da Nicarágua e Equador fizeram um panorama da situação em seus países e formas de superação da crise no pós pandemia.

A comunidade científica deve ter como norte essa realização do Painel de Acompanhamento da Crise como forma de resistência ao obscurantismo que paira na sociedade latino-americana e mundial. A negação da crise do Capital, crise que é mais que estrutural, constitui-se orgânica e de transição, como revela do trabalho científico do Prof.Dr. Aluisio Bevilaqua, um dos idealizadores do PCAC, membro do Comitê de Organização Nacional e líder de pesquisa do ETEGS (CEPPES-CNPq), se revela agora com mais gravidade com a Pandemia do Covid-19, expõe ao debate que junto a falta de investimentos ao combate à doença contra a população mundial, é necessário que os cientistas retomem o caráter fundamental de atuação direta com a sociedade, pois desde o Iluminismo a Ciência é o ponto essencial da sobrevivência da raça humana. Sem o pensamento e método científicos estamos fadados a barbárie.

A CONSTRUÇÃO DO PCAC

A construção do Painel Científico de Acompanhamento da Crise (PCAC) é resultado de um primeiro encontro realizado no dia 17/04 que reuniu grupos científicos e lideranças de movimentos populares que buscam formar-se na defesa do povo, antes e durante a crise atual. Foram realizados três Painéis (inter)nacionais: 17/04, 01/05 e 29/05. Além destes, três regionais/setoriais, dois em SP e um em MG; com mais dois agendados para o mês de junho (ES, no dia 4/06, às 19 h e no RJ, em 11/06, às 17h30).

A convocatória partiu do grupo de pesquisa em Educação, Trabalho, Economia Global e Sustentabilidade (ETEGS) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais (CNPq/CEPPES), em parceria com a Cátedra e Rede da Unesco sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN); a Rede Internacional para um Constitucionalismo Democrático Latino-americano; o projeto de pesquisa O Ensino Médio no Brasil e sua (im)possibilidade histórica: determinações culturais, políticas, econômicas e legais do PPFH-UERJ; o grupo do CNPq/UERJ Trabalho, História, Educação e Saúde (THESE); o grupo Geopolítica, Integração Regional e Sistema Mundial da CLACSO e o Núcleo de Pesquisa da UFRJ sobre Geopolítica, Integração Regional e Sistema Mundial (GIS/UFRJ).

Este espaço de encontro virtual tem como objetivo acompanhar o desenvolvimento da crise, fornecendo análises sobre sua origem, importância e significado como expressão da Crise Orgânica do Capital. Para a análise, não utiliza métodos de caráter positivista que isolam o objeto investigado do meio onde se desenvolve, apesar de não descartar análises empíricas deste tipo, desde que forneçam dados fáticos ao entendimento do fenômeno.

O PCAC tem como proposta subsidiar estudos subsequentes, fomentando a produção de material científico e didático que ajude pesquisas sobre a crise no âmbito nacional e internacional. No mesmo sentido, promover a conformação de mais espaços de debate e reunião permanentes para a cooperação científica.

Dessa forma, buscará os meios para seu desenvolvimento e autossustentação, assim como uma plataforma para a mais ampla divulgação das pesquisas a ele vinculadas, direta ou subsidiariamente, principalmente em formato digital.

Outro aspecto de extrema relevância reside no fato de que propões a estruturação de uma rede de entidades apoiada em todos aqueles que participam de comunidades científicas e populares, segundo seu interesse de se formar e contribuir com aspectos da temática desenvolvida, na perspectiva da pesquisa-ação. Sendo assim, o PCAC já pode ser reconhecido como necessário e de importância ímpar para não apenas analisar a realidade concreta, mas também para que os pesquisadores levem a cabo a 11ª Tese sobre Feuerbach elaborada por Marx e Engels: “Os filósofos tendem a interpretar o mundo, o necessário é transformá-lo”.

Esta rede se organiza a partir do nível regional, dando base a Painéis que assim estruturem estâncias superiores, para subsidiar e qualificar debates que contribuam com a compreensão da realidade e com ações organizadas em nível internacional.

Nesta primeira reportagem sobre os PCAC, o INVERTA conversou sobre essa com organizadores do painel nacional, como a Prof. Ms Júlia M Pereira Bevilaqua, membro do Comitê de Organização e vice-líder de pesquisa do ETEGS (CEPPES-CNPq), um dos grupos de pesquisa que deu origem à iniciativa. Júlia M Pereira Bevilaqua, membro do Comitê de Organização e vice-líder de pesquisa do ETEGS (CEPPES-CNPq), que considerou que a realização do PCAC tem cumprido cabalmente com seu objetivo de se constituir como espaço de reflexão e debate científico, ao oferecer contribuições qualificadas de alto nível que realmente nos ajudam a pensar a realidade atual e a superação desta crise que estamos enfrentando: “com um enfoque inter e transdisciplinar, permite compreender a crise da pandemia de Covid-19 através de dados e estatísticas concretas, e vinculadas a ela, as diversas manifestações de crise como se apresentam para a humanidade: nos diferentes países, nas relações sociais entre as pessoas e geopolíticas entre os países, na cultura, etc. Com esta abordagem, fica evidente o que a burguesia internacional tenta ocultar: a pandemia não é a causa da crise, mas sua consequência; é expressão de um modo de produção em crise que, ao colocar o lucro acima da vida, não consegue responder às necessidades humanas, nem atender sua própria sede de lucro”.

A pesquisadora e engenheira destacou também que o PCAC representa uma importante arma contra o achismo e o irracionalismo que vem conquistando espaço na sociedade, e ferramenta para construir o que virá depois: “Além disso, o eixo sobre o qual se desenvolve esse debate é, na verdade, uma contribuição científica inédita – resultado de anos de pesquisa do Dr. Aluisio Bevilaqua somado ao trabalho de cientistas ilustres como a Dra. Monica Bruckmann e o Dr. José Luiz Quadros de Magalhães – que vai na raiz do problema e explica a essência dessas transformações e tendências que observamos na conjuntura, nos diversos setores da vida social, e se intensificaram e aceleraram com a pandemia de Covid-19: a Crise Orgânica do Capital”.

Sua relevância também foi destacada pelo pesquisador Sidnei Martins, membro do PCAC em Minas Gerais, que declarou: “a criação do PCAC, no dia 17 de abril de 2020 e já realizado o seu terceiro painel com uma presença significativa nacional e internacional de pesquisadores se materializa e é uma resposta ao ataque sofrido pela Ciência e seus pesquisadores que se manifesta com a Crise Orgânica do Capital. Nesse sentido é muito bem-vinda essa iniciativa onde possibilita a reunião de pesquisadores do Brasil e de outras partes do mundo e de pessoas que vem desenvolvendo a pesquisa, para enfrentar essa crise que o capitalismo sofre”.

O presidente do CEPPES, Prof. Dr. Antonio Cícero Sousa, também destacou a relevância dos PCAC: “o painel cumpriu sua proposta de foro científico, de acompanhamento de um problema tão grave como esse, que é a crise orgânica do Capital, acompanhada por uma crise pandêmica. As mais diversas falas revelaram, por um lado, muita experiência dos palestrantes e debatedores, em que alguns deles ocuparam funções de estado, palestrantes que desempenharam práticas culturais muito relevantes, e também a própria investigação científica presente em todas as falas, conjugando os dois aspectos, experiência e investigação científica, neste aspecto geral cumpriu seu objetivo de ir consolidando a proposta”.

A dimensão internacional da pandemia no PCAC também foi de extrema relevância, para o pesquisador: “as falas recuperaram situações semelhantes vividas pela humanidade, como a gripe espanhola, também esteve presente a questão da solidariedade internacional exercida especialmente por países como China, Cuba e também a situação de Venezuela e Nicarágua, que estão dando respostas importantes à crise pandêmica, mesmo enfrentando as pressões e o cerco do imperialismo e, de novo, a geopolítica esteve presente em todos os painéis. As falas de diversos palestrantes também destacaram extremas dificuldades vividas pelo Brasil como um país governado por um presidente claramente negacionista e mais ainda como a crise atinge diferentemente as classes sociais.

Para a Dr. Daiane C Resende Laibida – Pós-Doutora pela Universidad de Chile e Doutora em Sociologia (UFPR): “a atividade foi muito produtiva, muito interessante, com questões de cunho científico a partir de dois eixos da Saúde e da Cultura, com palestrantes e mediadores muito competentes e deu para esclarecer muitas coisas e fomentar várias outras ideias de pesquisas sobre a questão da pandemia e eu gostei muito de ter participado como coordenadora do eixo de cultura e pude aprender muitas coisas, muitas questões teóricas e cumpriu a função de um painel, a questão da informação a partir de uma linguagem científica estruturada, com uma base estatística muito interessante e fomentar novas pesquisas sobre esse processo complexo que estamos passando. Foi muito produtivo, considero um dos melhores painéis que participei e estou muito agradecida ao Prof. Aluisio pelo convite”, finalizou Daiane.

Segundo a Professora Tânia Regina Zimmermann: “As atividades do Painel auferem a premente necessidade de novos olhares diante das apatias de nosso tempo. Nesse sentido, enquanto antípodas do poder hegemônico arrazoa-se por debates anelantes com vistas ao rompimento estrutural societário, o qual esgarça as relações de toda a ordem! Arvora-se então pela construção de novas formas de ser e estar no mundo que sejam dignas e justas para a ampla maioria. Eis a tarefa fundante dos encontros do Painel!, destacou.

Participantes da primeira conferência que deu origem ao PCAC (17/04):

Excelentíssimo Sr. Rolando Gómez, embaixador da República de Cuba no Brasil;

O Prof. Dr, Aluisio Pampolha Bevilaqua

Prof. Dr. José Luiz Quadros de Magalhães

Raphael L P Bevilaqua – Procurador Federal dos Direitos do Cidadão no Estado de Rondônia;

Sharian Viteri – Economista, membro da Cátedra livre de Estudos Latino-americanos no Equador;

Luciana P Clabonde – Fisioterapeuta do Sistema Federal de Saúde da França e membro do Partido Comunista Francês;

Dr. Daiane C Resende Laibida – Pós-Doutora pela Universidad de Chile e Doutora em Sociologia (UFPR), Professora da Rede pública do Estado do Paraná;

Belarmino Lopes – Economista de Guiné-Bissau formado pela UFMT, mestrando no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa;

Dr. Antonio Cícero – Professor da Rede Pública do Estado do Rio de Janeiro, presidente do CEPPES e pesquisador do ETEGS;

Ms Orvandil M Barbosa – Arcebispo Primaz da Igreja Católica Anglicana e Presidente do Congresso Nacional de Luta Contra o Neoliberalismo (CNLCN);

Participantes dos demais painéis nacionais:

Prof. Dr Mônica Bruckmann

Prof. Dr Ivan Simões Garcia

Dr. Eduardo Azeredo Costa

Cônsul-geral da República Bolivariana da Venezuela, Dr. Edgar Alberto González Marín

Dra Ana Alice Teixeira Pereira

Dra Ana Lúcia Pardo

Ms Zezita Matos

Economista Joel Sánchez Sandino

Sociólogo Fidel Ernesto Viteri Tamayo

Participantes de destaque nos paineis regionais:

Dr. Ladislau Dowbor, Prof.Victor Barrionuevo e Prof. Janes Jorge (SP)

Ms. Leonel de Oliveira Pinheiro, Manoel de Oliveira (Minas Gerais)

A participarem nos painéis regionais:

Ethel Leonor Noia Maciel (Espírito Santo)

Dr. Emerson Merhy, Prof.André Laino e Prof. Sérgio Santana (Rio de Janeiro)

 

Bianka de Jesus e Diego Becker