1° de Maio em São Paulo

Os atos em torno do 1° de Maio realizados pelas duas grandes centrais sindicais nunca estiveram tão perto dos patrões e tão longe da classe operária, apesar de seus mega-shows e sorteios estarem repletos da massa proletária. Parece até que em São Paulo, assim como em todo o país, não há arrocho salarial, direitos trabalhistas violados, subemprego, desemprego, mendicância e miséria. De um dia de protestos contra as atrocidades das oligarquias capitalistas e de organização da luta contra a exploração do sistema e pela transformação revolucionária da sociedade, o 1° de Maio passou a servir de palanque eleitoral ao carreirismo político de uma camarilha de pelegos e picaretas.

A FS (Força Sindical) levou em seu palanque, além de velhos inimigos e traidores da classe operária, como Luiz Antônio Medeiros, Rogério Magri, Paulo Pereira da Silva (Paulinho), Geraldo Alckmin etc., levou também a expressão mais clara da democracia representativa burguesa, na pessoa do presidente da Casa Legislativa: Severino Cavalcante. A CUT (Central Única dos Trabalhadores), por sua vez, além de dar espaço aos novos traidores e inimigos da classe operária, como José Dirceu, Ricardo Berzoini, Marta Suplicy etc, levou o exemplo maior do peleguismo atual, o presidente da central e candidato a deputado Luiz Marinho, intitulado pelas oligarquias internacionais como o símbolo do novo sindicalismo amarelo. Em meio à competição e ao empurra-em- purra, escuta-se lideranças da direita sindical e governamental pedir mais empregos e mais salários como numa profissão de fé cega, e não luta organizada, que por uma dádiva dos céus ou do presidente Lula, e não greve geral, as conseguiremos de bandeja.

Quem proclama que está fora do mega-es- quema, como a esquerda da CUT e a Comlutas (Coordenação Nacional de Lutas), não vai além do grito de alerta de uma medíocre oposição. O grito do Comlutas e da esquerda da CUT ecoou dentro da Igreja da Sé, onde limitou o seu ato político pelo 1° de Maio. Depois, saíram da igreja e seguiram em car-reata, como cordeirinhos vestidos de vermelho, para a Av. Paulista, onde ocorria o mega-show da CUT, deixando para trás os trabalhadores a pé na Praça da Sé, local onde historicamente se realizou a manifestação dos trabalhadores nesta data histórica.

Tudo não passa de uma grande farsa. Nos países em que se concretizou a revolução socialista, a classe operária não competia entre si o sorteio de um brinde que os libertará das carroças do transporte público ou das intempéries da natureza ou a possibilidade de um autógrafo ou beijo lançado ao vento de um artista global ou parlamentar, mas sim comemora o avanço de suas conquistas em todos os campos sociais. Fidel Castro, em Cuba, falou dos avanços na Saúde e Educação pública e na distribuição de terras e de propriedade, frutos da conquista do poder político pela revolução, e denuncia as ações contra-revolucionárias e anti-humanas do imperialismo estadunidense. Hugo Chávez, na Venezuela, falou da intensa luta de todos os trabalhadores contra as oligarquias imperialistas para poder avançar a reforma agrária e urbana, a nacionalização dos serviços públicos, particularmente o energético, e eliminar de uma vez por todas a ciranda financeira e remessa de lucros para a grande potência ianque. O presidente Lula se refugiou na Igreja Matriz de São Bernardo do Campo e proferiu antigas lições de democracia, liberdade e solidariedade a centenas de pelegos e picaretas, seletamente escolhidos para prestigiá-lo.

Neste ano, diferentemente dos dois anos anteriores, não foi possível a organização com outros agrupamentos revolucionários e marxistas de um 1° de Maio de luta, fora do esquema dos espetáculos da pelegada. Entre estes agrupamentos e organizações ainda prevalecem as diferenças entre si do que a unidade em torno de lutas por um objetivo comum, a luta anticapitalista, antilatifundiária e anti-imperialista e pela revolução socialista em nosso país.

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