Depois da guerra, a tempestade

 

Depois da ocupação do Iraque pelas tropas da coalizão liderada pelos Estados Unidos, tivemos a consolidação de algumas posições que vinham se desenhando no decorrer da guerra e o aparecimento de alguns elementos novos.

Como depois da derrota de Napoleão Bonaparte, em 1815, se formou a Santa Aliança para colocar novamente no poder as velhas aristocracias derrotadas pelas revoluções burguesas. Em seguida à desagregação da União Soviética, vem se formando uma onda restauradora do capitalismo nos antigos países socialistas e de consolidação nos países onde esse modo de produção já era corrente.

Na intervenção contra o Iraque, apareciam em primeiro plano Estados Unidos e Reino Unido, coadjuvados por Espanha, Itália e outros, ironicamente chamados pelas lideranças americanas de “Nova Europa”. França e Alemanha, as duas proeminências da Europa Unida, preferiram marcar posição assumindo uma linha ligeiramente destoante do imperialismo hegemônico.

Vitoriosa militarmente a coalizão sofreu razoável desgaste com as imensas manifestações antiguerra, notadamente, na Europa, mas muito grandes também nos Estados Unidos, onde se viu algumas centenas de milhares marchando pela paz. Nos últimos dias, novos fatos infringem rachaduras na muralha imperialista. Sabemos a importância que a informação tem em qualquer guerra. Nesta, a contra-informação, ou mais claramente, a mentira, teve papel fundamental. O Iraque deveria ser invadido porque possuía perigosas armas químicas e negociava a compra de urânio, em Níger, para fabricar armas nucleares.

As acusações foram ficando cada vez mais infundadas à medida que avançava a presença das tropas da coalizão imperialista e nenhuma arma química era apresentada. A desmoralização da ação imperialista aumentou com as “trapalhadas” do serviço secreto britânico, que acabou sendo responsável por ter falsificado as informações. A TV inglesa BBC realizou reportagem onde nomeava um funcionário do Ministério da Defesa como o autor dos “exageros”. A possível fonte da reportagem era o biólogo David Kelly, também funcionário do ministério que passou a sofrer forte pressão até aparecer morto no último dia 18. A oposição começa a pedir a renúncia do primeiro-ministro Tony Blair e a libra esterlina tem sensível queda.

A viagem à África do presidente George W. Bush é conturbada pelas ações da guerrilha iraquiana que passa a matar um soldado americano por dia. Outras ações da resistência também ocorrem e o trauma do Vietnã é reacendido. Lá a oposição já fala em impeachment e a Casa Branca responsabiliza a CIA que por sua vez responsabiliza o serviço secreto britânico. Na Inglaterra, a crise política é mais séria, com a morte se aproximando dos envolvidos, lembrando dramaticamente os filmes anticomunistas da série James Bond.

O recurso à guerra continua sendo a saída do imperialismo para suas crises, como afirmavam Marx e Lênin. A posse de matérias primas se transforma em causa importante das guerras que estamos assistindo e, com a hegemonia americana, se apoderar de reservas de petróleo é também elemento de barganha com o imperialismo. Na Nigéria, um golpe de estado recente assegurou os interesses dos trustes do petróleo. A mesma questão está por trás do golpe militar em São Tomé e Príncipe.

Os recentes desgastes do imperialismo, mesmo que sejam pequenos, devem servir de instrumento para fomentar a luta de classes contra o poder das classes dominantes que se irmanam numa nova Santa Aliança contra o proletariado e setores oprimidos. Na Palestina, o discurso do desarmamento da resistência procura substituir a verdadeira luta pela paz, que só será alcançada com o fim do genocídio realizado pelo neonazismo de Ariel Sharon. Devemos aproveitar essas pequenas fissuras para ampliar a contratendência de oposição ao neoliberalismo. O momento ainda é de continuar desenvolvendo lutas ainda pontuais, mas que deverão ir se ampliando no sentido de construir o caminho para a revolução. Nós do PCML (Partido Comunista Marxista Leninista-Brasil), no momento em que nos preparamos para o II Congresso, apresentamos a Plataforma Comunista para construir um mundo novo, livre das amarras e das mentiras do capitalismo.

Pela denúncia dos crimes de guerra e das
mentiras patrocinadas pelo imperialismo!

Pela solidariedade entre os povos!

Viva a Revolução Proletária e Comunista Mundial!

Viva a Plataforma Comunista!

Todos à organização do II Congresso do
Partido Comunista Marxista Leninista (PCML)!

 

Redação do OC do PCML