Os Comunistas Revolucionários e o Fórum Social Mundial

Camaradas, companheiros e amigos, aos leitores em geral de nosso Jornal INVERTA, estamos às vésperas de mais um encontro do Fórum Social Mundial e dada a importância deste evento para a formação da opinião pública nacional e internacional, os comunistas revolucionários, em especial, o Partido Comunista Marxista–Leninista, não podem deixar de participar deste acontecimento e de levar sua contribuição aos debates que ali acontecerão. Nunca é demais lembrar as palavras finais de Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista de 1848:

“De acordo com o capítulo II compreende-se imediatamente a relação dos comunistas com os partidos operários já constituídos...”.

Lutam para alcançar os fins e interesses imediatos da classe operária, mas no movimento presente representam simultaneamente o futuro do movimento.

(...) Numa palavra, por toda parte os comunistas apóiam todos os movimentos revolucionários contra as condições sociais e políticas existentes.

Em todos estes movimentos põem em relevo a questão da propriedade, seja qual for a forma mais ou menos desenvolvida que ela possa ter assumido, como a questão fundamental do movimento.

Por fim, por toda parte os comunistas trabalham na ligação e entendimento dos partidos democráticos de todos os países.

Os comunistas desdenham ocultar as suas opiniões e os seus propósitos. Declaram abertamente que os seus fins só podem ser alcançados pela transformação violenta de toda a ordem social até hoje existente. Podem as classes dominantes tremer ante uma revolução comunista! Nela os proletários nada têm a perder a não ser as suas cadeias. Têm um mundo a ganhar.

Proletário de todos os países uni-vos!”“.

E por que fazemos questão de relembrar esta parte final do Manifesto Partido Comunista? Porque nos dias atuais a crise que se abateu sobre o marxismo, dadas as derrotas que sofremos na URSS e Leste Europeu, refletiu, por um lado, os equívocos na condução da revolução e construção do socialismo, por outro o poder e a força da contra–revolução burguesa para corromper e retomar posições perdidas no curso deste século e meio de luta de classe sob vanguarda dos comunistas. Neste sentido, não se pode deixar de reconhecer que a luta de classes é algo que independe dos comunistas, pois é resultado de um processo histórico e social, logo continua a se desenrolar na sociedade, mesmo que para isso substitua temporariamente os atores principais. O momento atual é aquele citado por Lênin, em o “Que Fazer?”, onde os revolucionários mergulhados em crise estão atrás, em matéria de organização, em relação ao movimento real “espontâneo” das massas. Quem acompanhou o desenrolar da crise do capital na Ásia, Europa, América Latina e dirige o seu olhar para os EUA, sabe que em cada continente o reflexo da crise econômica projetou-se em crise política, chegando, em muitos países, à crise revolucionária de fato. As mudanças foram inevitáveis, a luta de classes, como lei do desenvolvimento histórico, atropelou os esquemas subjetivos revolucionários, encolhidos aos pequenos círculos, dando lugar a outros atores sociais mais ou menos radicais como: Movimento Anti-Globalização, Attac, ONG’s, Abussaid, Sadan Russein, Al Qaeda, Osama Bin Laden.

O Fórum Social Mundial é uma articulação de movimentos contestadores da Globalização Neoliberal que surgiu neste contexto. Como agente social tem sua maior luta nos protestos Antiglobalização que se realizam muito mais na Europa e EUA. Naturalmente, não se pode deixar de reconhecer sua importância tanto na congregação das várias organizações que lutam contra a globalização, que vão das mais radicais e revolucionárias até as de caráter puramente pacifistas e governamentais. E assim é um típico movimento social democrata, cujo horizonte encerra nas idéias de democracia e distribuição de renda, governos democráticos e reformas sociais. Contudo, isto não diminui a sua importância nesta conjuntura tão difícil para as massas e os comunistas revolucionários, e menos ainda o papel estratégico dos comunistas e setores de vanguarda revolucionários na formação das idéias e lutas para este movimento, no sentido do Manifesto Comunista já exposto acima. E é esta a nossa tarefa neste Encontro: difundir as idéias revolucionárias, o marxismo-leninismo. Foi este modo de ação que distinguiu nossa participação no evento passado, quando lançamos idéias em torno das lutas e objetivos para a rearticulação dos comunistas revolucionários no plano internacional, em particular na América Latina. Sob o titulo “A Alternativa é a Sociedade Comunista”, procuramos pôr em relevo os princípios fundamentais da luta revolucionária para a atualidade, tais como: combater o plano estratégico dos EUA, que na América Latina consistia na vertente econômica, a ALCA; e na vertente política-militar, o Plano Colômbia. Indicamos como forma de organização para levarmos estas lutas os comitês contra o neoliberalismo, contra o Plano Colômbia e a organização de brigadas internacionais. Como tarefa prática, articulamos o lançamento do Cartaz de Oscar Niemeyer Contra o Plano Colômbia, com a participação dos revolucionários marxista-leninistas das FARC-EP – Forças Armadas Revolucionárias Colombianas – Exército do Povo.

Sem dúvida, nossa presença no evento foi qualitativa e deixou uma marca indelével naquele acontecimento. Neste sentido, mas que ficar aguardando ou colhendo frutos desta participação, o que devemos é seguir em frente e nos organizar para repetirmos este feito. Claro está que, na ordem do dia, nossa tarefa será a difusão em geral da literatura revolucionária no evento, além de participarmos das atividades e manifestações. Contudo, nosso objetivo principal neste encontro deve ser o lançamento da Plataforma Comunista. Ela é o aprofundamento do documento que levamos ao FSM no ano passado “A Alternativa é a Sociedade Comunista”. Nela, aprofundamos alguns temas já desenvolvidos no documento anterior e acrescentamos outros tópicos que faltavam. Além disso, se desenvolve, mais em por menor, a proposta de unidade para o movimento comunista revolucionário nacional, continental e internacional. É desnecessário frisar que o trabalho para o lançamento do Manifesto da Plataforma Comunista no FSM é ao mesmo tempo a reafirmação de todas as nossas proposições anteriores de forma mais aprofundada. Nela estão as idéias da luta contra a ALCA, Plano Colômbia, a formação dos comitês, brigadas internacionais e a denúncia implacável da crise geral do capital e das guerras imperialistas. Portanto, em nenhum momento deixaremos de associar esta tarefa à tarefa de buscar apoio aos nossos irmãos revolucionários das FARC-EP e demais partidos e organizações revolucionárias em luta, no espírito do Manifesto do Partido Comunista.

Quanto à organização prática de nossa participação, confiamos que o comitê dirigente do PCML esteja organizando os preparativos para esta ação coletiva. Combinando com os comitês dirigentes de cada estado as formas de envio dos militantes e revolucionários para esta atuação conjunta. Claro que os camaradas das regiões mais próximas ao evento, particularmente os camaradas do Rio Grande do Sul, têm uma responsabilidade enorme para o êxito de nossa presença e atuação neste evento. Encontrar os espaços, infra-estrutura e condições de mobilidade e acomodação em geral para os camaradas será uma tarefa de importância estratégica, tanto quanto a tarefa dos demais estados de mobilizar e garantir a sua presença militante no evento. Quanto o mais, como locais para encontro, dirigentes responsáveis e tudo mais que necessitamos para uma boa e marcante presença no FSM, confiamos que nossos dirigentes e organizadores já estão planejando tudo com cautela e reserva. Assim, os comunistas revolucionários estão chamados a esta ação conjunta, o Partido com suas faixas, cartazes, bandeiras, palavras-de-ordem e material de agitação e propaganda, em especial o Jornal INVERTA e o MANIFESTO DA PLATAFORMA COMUNISTA, deve se fazer presente e atuante. Pois, quando os revolucionários se atrasam em relação às massas, não podemos esquecer a máxima lançada por Lênin há um século: “Sem teoria revolucionária não pode haver movimento revolucionário!”.

Avante, camaradas, é um momento de luta e a América Latina ferve: na Venezuela, os fascistas tentam derrubar Hugo Chavez com um golpe apoiado pelos EUA; no Equador e no Brasil, as mudanças políticas prenunciam muitas lutas decisivas. Mas não esqueçamos nunca: nossa luta é pela Revolução Comunista! Proletários de todos dos Países uni-vos! Viva o Partido Comunista Marxista-Leninista!

Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2002.
P. I. Bvilla Pelo OC do PCML