Na ante-sala da III Guerra Mundial

Já não é possível para qualquer pessoa, com o mínimo de sensibilidade e/ou consciência política, deixar de perceber que a humanidade está na antesala de uma III Guerra Mundial. A guerra de Israel e EUA contra o povo palestino é o capítulo mais decisivo deste processo. Nesta batalha se definirá toda sorte do Oriente Médio, quiçá de toda humanidade, ante o conflito global. Nesta região se concentram cerca de 25% da produção e 65% das reservas de petróleo do Planeta, o que quer dizer uma arma tão poderosa que, utilizada pelos seus detentores, rapidamente poderá decidir o destino de todo o conflito: seja impulsionando um processo de paz para a região, que deve iniciar com a proclamação e reconhecimento do Estado Palestino autônomo; seja impulsionando o conflito em escala regional, através da coalizão dos Estados Árabes contra Israel e EUA. Nestes termos, a questão que se coloca, através do agravamento da Guerra terrorista de Israel contra o povo palestino, é: se deve ou não utilizar esta arma, como propôs Saddan Hussein, Presidente do Iraque, na Conferência da Liga dos países Árabes?

Claro está que Israel, liderado pelo sanguinário assassino Ariel Sharon, não busca a paz com a ocupação militar das cidades de Ramalah, Jerusalém e etc., na Faixa de Gaza e Cisjordânia. Este ato é um movimento de avanço das fronteiras de Israel sobre o território palestino, como fez Hitler no início da II Guerra mundial (o movimento de ocupação militar da Áustria). Não se pode comparar este movimento atual de Israel ao episódio que resultou da Guerra dos 7 anos. Naquele conflito, no qual foi vitorioso com o auxílio dos EUA, saiu o avanço sobre o território palestino e formava parte de uma estratégia defensiva e não uma expansão territorial. Mas, aquilo que era apenas um movimento estratégico para permitir o retorno às antigas fronteiras, após consolidar a vitória política, foi se convertendo em expansão de fronteira territorial. Assim Israel assumiu a condição imperial e transformou as cidades palestinas, em colônias, anexando os territórios da faixa de Gaza e Cisjordânia, do mesmo modo que fez com as Colinas de Golã, no sul do Líbano. De uma guerra defensiva, passou à expansão de suas fronteiras e à colonização.

Naturalmente, como é sabido por todos, este processo foi alimentado, armado, treinado e financiado pelos EUA desde o primeiro momento. As razões para isto se encontram, por um lado, na revolta crescente dos povos árabes contra o imperialismo, dos EUA e Europa (a lógica do lucro das Sete Irmãs do Petróleo); por outro, na revolta das classes exploradas contra o sistema de miséria e opressão resultante dos governos corruptos, dinásticos e títeres ao imperialismo, na região. Assim, a luta contra o imperialismo e a luta contra as classes dominantes, nos países árabes, passou a impulsionar movimentos revolucionários e, conseqüentemente, a mudança dos setores dirigentes nestes países. Um processo que se desenvolve à sombra da Guerra-Fria entre as forças mundiais do socialismo e capitalismo. A diferença entre ambos é que: enquanto a URSS apoiava as forças progressistas e socialistas, como são os casos de Omar Kadaffi, na Líbia, e Iasser Arafat, na Palestina; para os EUA e Cia não haviam critérios, tanto fazia uma aliança com o Chá da Pérsia, como com Osama Bin Laden, o importante era prevalecer sua influência no país em questão. Então surgiram lideranças, com o fim da guerra fria (Leste-Oeste), que agora passaram a serem execradas pelos próprios EUA.

Mas o conflito atual entre Israel e Palestina não se condensa apenas num problema religioso, como fez crer a Guerra genocida dos EUA contra o Afeganistão (como também definia o próprio afegão ao invocar a Jihad islâmica contra o “Ocidente”). Naturalmente, por trás do discurso ou ladainha, a questão mesmo é a material: o domínio territorial, mercado e matérias-primas. Pois como se sabe, o Oriente Médio sempre foi palco de disputas históricas de territórios entre as diversas tribos e povos da região. Aí os “Oásis” (os rios Tigre, Eufratis, Nilo, Jordão), mananciais de água potável, tinham a mesma importância estratégica na região quanto o Petróleo tem hoje para o mundo, logo palco de guerras terríveis. Foi isso que levou à dispersão do povo judeu ao longo de um conflito milenar, do qual o Império Romano se aproveitou para subjugar a região. A conquista do Egito e o concubinato de Júlio César com Cleópatra foram um caminho encontrado para garantir este processo. A luta do povo hebreu para se libertar da escravidão aos Faraós do Egito, sua luta para constituir um reino próprio era uma ameaça constante tanto para o império egípcio, quanto para o império Otomano, bem como a razão da luta contra o domínio de Roma. E na medida em que foi historicamente subjugado e disperso, seu holocausto não se limitou apenas à II Guerra mundial, comandado pelos nazistas de Hitler. Nos impérios russo e austro-húngaro, era um fato o que se denominava Progrons (caça, prisão e deportações de judeus).

É no curso desta existência, dispersa e migratória, que a religião se firma como superestrutura jurídica, política e ideológica, da economia familiar, principalmente, o comércio (a migração constante, não permite criar cabras). Quando da constituição do Estado de Israel, em 1947, por força da vitória das forças aliadas sobre o nazi-fascismo, em que se destaca a URSS, a síndrome da guerra-fria vai transformando o que era uma solução humana e civilizada para a penúria de um povo, em instrumento de opressão de outros tantos. A rejeição ao Estado de Israel pelos árabes, apesar das históricas divergências culturais, nunca se fundamentou na religião; tanto há dois mil anos atrás, quanto agora, o fundamento é econômico - antigamente água potável e força hidráulica; no pós-guerra, o Petróleo, realçado pela II Guerra mundial e pelo padrão energético dos países capitalistas e socialistas vitoriosos: a energia combustível. Deste modo, a luta pela posse da natureza é o cerne da questão, pois como fonte de toda riqueza ou valores de uso da sociedade (pois é a fonte de matérias-primas, e a força de trabalho humana é também uma força natural), sua posse representa riqueza e poder, logo um instrumento de submissão de outrem à vontade e objetivos de quem o possui. Este é o fundamento de todo o conflito que desde a Guerra dos 7 anos, se impôs na região.

É deste modo que o Estado de Israel, de solução a uma tragédia e holocausto histórico de um povo, se converteu na tragédia e holocausto de outro povo, o palestino. Foi armado até os dentes pelo imperialismo dos EUA, inclusive com armas nucleares, para impedir que a revolta do povo contra o imperialismo, das classes oprimidas e exploradas, contra os governos e dirigentes próceres do Imperialismo, levasse à sublevação de toda região. César, ao conquistar o Egito, dominaria um império cuja cultura milenar não seria fácil de dobrar ou ser aniquilada. Por isso, mandou queimar a Biblioteca com mais de 5.000 livros, um acervo científico, histórico e cultural, que jamais a civilização ocidental pôde conhecer. No Egito, a particularidade histórica e geográfica, a “hipótese causal hidráulica” - tese de um grande historiador brasileiro para explicar porque certos povos se desenvolveram intelectual e tecnologicamente mais que outros, do Dr. Ciro Flamarion Cardoso, tanto quanto/TAMBÉM nas culturas pré-colombianas -, mostra um grande fundamento. Em verdade ainda se coloca como um fato. Mesmo, com o domínio das idéias liberais e dos valores ocidentais do capital, a cultura muçulmana resiste.

Mas se toda esta cultura e história do povo muçulmano não forem capazes de compreender que por trás de Israel está os EUA e seu arsenal nuclear para sustentar indefinidamente esta situação, o mundo explodirá em menos de dois meses. Pois, a curva com o preço do Petróleo chegará aos píncaros, uma crise de preços se instalará no mundo e a economia mundial poderá chegar ao colapso. Isto colocará todos os países dependentes de petróleo à beira do caos e mudando constantemente de opinião. O que era favorável ontem se torna contrário hoje. E nestas circunstâncias, pode mais uma vez as forças da Guerra Imperialista vencerem a resistência humana pela paz, justiça social e pelo socialismo. Mas, se ao contrário disso, transforma o petróleo em arma contra o imperialismo, então a ação deve ser rápida e efetiva, sem vacilação. Neste sentido, mais eficaz que amarrar bombas pelo corpo e explodir o inimigo, sem demérito para o heroísmo e entrega destes mártires da causa palestina, será a unidade árabe em torno de um boicote de advertência aos Estados Unidos e demais países europeus. Só uma ação unitária transformando o petróleo em arma poderá deter o conflito e garantir a vitória da causa palestina. Ariel Sharon, Bush, Dick Cheyn (os Falcões e a Pombas) foram eleitos para fazer a guerra, o genocídio, a carnificina e a destruição humana, portanto não podem seguir sem que se faça um novo Nuremberg, para julgá-los. Os corpos se amontoam no Iraque, na Iugoslávia, no Afeganistão, na Palestina, na Colômbia e no Nepal, como se amontoaram na Coréia, no Vietnã e em vários países africanos. Quem assassina e comete genocídio merece ir para o limbo da História.

O Partido Comunista Marxista-Leninista (Brasil), solidário e irmanado com a causa palestina, conclama a todos a protestarem juntos aos representantes de Israel e EUA. E exigir do governo brasileiro mais que uma mensagem contra a ocupação, uma intervenção concreta na ONU contra Israel.

Abaixo Sharon assassino! Abaixo o Imperialismo dos EUA e suas Guerras genocidas! Não Passarão!

Viva a causa Palestina! Viva Iasser Arafat! Por um Estado Palestino, justo e soberano!

Rio de Janeiro, 3 de Abril de 2002

P. I. Bvilla Pelo OC do PCML