Em frente camaradas, mais um ano de luta!

 

Camaradas, chegamos ao final de mais um ano de luta. Um ano extremamente difícil para toda humanidade, nosso povo e, particularmente, nossa militância revolucionária. Um ano marcado, fundamentalmente, pelo agravamento da crise do capital e pelas soluções das oligarquias burguesas a mesma, num quadro de clara correlação de forças desfavorável ao proletariado, internacionalmente. Não se trata de, modo algum, fantasiar a realidade histórica mas dos fatos. Estes são abundantes e demonstram, objetivamente, até que ponto, mesmo em uma conjuntura complexa, fomos vitoriosos em nossa luta pela refundação do Partido Comunista, sob os princípios do marxismo-leninismo, e a revolução comunista em nosso país.

Como se pode comprovar, relendo os primeiros exemplares do jornal Inverta deste ano, grande parte dos principais acontecimentos, dentro da conjuntura nacional e internacional, já prevíamos com certa antecipação. Quem queira comprovar basta pegar o primeiro exemplar deste ano cuja manchete era “Uma declaração de guerra aos EUA”. Aí analisamos a complexa conjuntura de agravamento da crise geral do capital que já se manifestava nos EUA e que demandava, por parte dos imperialistas, planos de guerra a exemplo do Plano Colômbia e que exigiam de nossa parte, da parte do proletariado e do povo pobre da América Latina, uma verdadeira declaração de guerra contra o imperialismo Ianque. E como vimos foi justamente o que presenciamos no mundo neste ano. Mas, nossas avaliações não anteciparam apenas tendências gerais para a conjuntura, é possível também se observar a antecipação de fatos muito específicos de nossa realidade nacional, tais como: a crise política nacional - a luta de cúpula das oligarquias no governo - entre FHC, ACM e JB; além disso, o agravamento da crise econômica pela falta de investimentos no capital fixo (a crise no setor elétrico).

Estes fatos são incontestáveis e a previsão de cada um destes nos permitiu com antecedência, alertar os trabalhadores e setores de vanguarda, bem como nos preparar para atuar na defesa dos trabalhadores diante dos planos de opressão e exploração que as oligarquias burguesas preparavam como saída da situação. Nosso partido foi capaz de antecipar o agravamento da crise social, do crescimento do desemprego, da miséria, da fome, da criminalidade e de todas as seqüelas que atingem nosso povo. Por isso, em todo país, levantamos bem alto a bandeira da Luta contra o Plano Colômbia – o plano de guerra dos EUA para o continente latino-americano – e a luta contra a política econômica neoliberal e o governo das oligarquias burguesas no país; duas campanhas de massa que crescem a cada dia tanto como uma necessidade histórica, como uma necessidade imediata, para todos os trabalhadores e o povo pobre. Mas, não nos limitamos apenas a indicar os objetivos destas campanhas, nós avançamos para indicar também a forma de organização adequada para desenvolver estas lutas e campanhas: os Comitês de Luta contra o Plano Colômbia e os Comitês de Luta contra o Neoliberalismo

Assim, neste ano, avançamos em todos os sentidos na preparação ideológica do proletariado e das massas, bem como nas formas de organização para a guerra, que cedo ou tarde se fará abertamente em nosso continente e nos arrastará para o epicentro do conflito, tanto do ponto de vista político, quanto do ponto de vista militar. É desnecessário repisar que no centro desta perspectiva de guerra imperialista contra a América Latina está a Amazônia, a base de Alcântara (no Maranhão) e a região do Prata; claro que a questão das matérias-primas e da geopolítica são determinantes. É importante lembrar também que nem por um minuto deixamos de lutar pela libertação dos prisioneiros políticos da América Latina e do mundo e pela solidariedade com a luta do proletariado internacionalmente. Não podemos esquecer também, a constante denúncia contra o terrorismo de estado dos EUA, Inglaterra, Israel, e dos demais países imperialistas e capitalistas contra os povos pobres e países dependentes, como: a República Democrática do Congo, Angola, Iraque e etc.

É claro que todo este processo de luta se desenvolveu a contragosto apesar da dura intervenção do imperialismo e seus agentes em nosso país e, mais especificamente, no movimento revolucionário. Em nosso caso, o processo de intervenção foi acintoso, tendo em vista a situação particular em que nos apoiamos para a luta. Aqui o problema é dialético, pois se no ano anterior, apesar da conjuntura complexa e adversa para a classe operária, fomos capazes de levar à bom termo a realização do Congresso Nacional de Refundação do Partido Comunista Marxista-Leninista, no curso da campanha de enfrentamentos com a classe dominante no país (o protesto no Relógio da Globo, contra os 500 anos de exploração; a luta pela libertação do Padre Olivério Medina e etc), como esperar que o ano de 2001 a reação burguesa e imperialista em resposta à nossa ação revolucionária no ano anterior não se fizesse fortemente presente e atuante? É claro que este fato fez com que nossas pequenas conquistas se tornassem grandiosas. Somente o fato de termos desenvolvido a Campanha contra o Plano Colômbia, lançando nacionalmente o cartaz elaborado por Oscar Niemeyer em ato com a presença de centenas de militantes e que agora se realiza por todo o Brasil, consiste, sem dúvida alguma, numa grande vitória.

O mesmo se pode dizer da luta pela formação dos Comitês contra o neoliberalismo e o governo das oligarquias. A denúncia implacável, o trabalho incansável de organização do povo e a ação cultural junto às massas indicam claramente que, mais que uma vitória ideológica contra o neoliberalismo, se caminha para uma vitória total sobre as oligarquias burguesas no país. E isto fica a cada dia mais claro, quanto mais se avança no processo político nacional para as eleições burguesas deste próximo ano (2002). Quem se atente para este aspecto da luta verá que a oposição pequeno-burguesa e burguesa ao governo das oligarquias cresceu durante a crise econômica e social provocada pela política econômica neoliberal de FHC. Logo, na contradição ao neoliberalismo, o que nos coloca diante de uma nova situação, ou seja, a de lutar por uma Plataforma Comunista para o Brasil, que unifique os comunistas revolucionários e impulsione a classe operária para uma ação independente no processo político nacional, influenciando a oposição burguesa e pequeno-burguesa à uma postura e compromissos mais avançados, no caso de uma vitória eleitoral sobre as oligarquias. Neste sentido, nossa campanha contra o neoliberalismo e o governo das oligarquias burguesas se mostra vitoriosa.

Contudo, a vitória mais espetacular de nossa luta, nesta conjuntura adversa, foi, sem dúvida, a realização do Ato de comemoração dos 10 anos do Jornal INVERTA. A participação de milhares de pessoas, por todo país, e da atividade centralizada no Rio de Janeiro, foram uma demonstração de fibra, ousadia e firmeza de todos os camaradas de nosso Partido. As centenas de pessoas que participaram no ato oficial no Rio de Janeiro, entre estas, uma centena de artistas, mais que mostrar a firmeza de nossos camaradas, demonstraram que o jornal Inverta se firmou como o jornal de esquerda mais lido e prestigiado, em todo o país. A presença da juventude e de lideranças históricas do movimento comunista no Brasil se fundiram na esperança que tudo valeu e vale a pena, quando sonhamos com justeza e acreditamos neles. Quem acompanhou de perto todo o desenvolvimento, até mesmo os espiões do sistema, sabe como foi o processo de superação de nossa crise interna desencadeada artificialmente pelo governo das oligarquias, tanto ao nível federal quanto estadual. O aliciamento de quadros, as intrigas, a corrupção e o terror; nada disso foi capaz de nos derrotar ou sequer capaz de nos fazer recuar diante dos objetivos. Como já definimos certa vez no surgimento do Inverta, o mesmo podemos definir agora: uma grande iniciativa. É como disse Lênin: “Os verdadeiros amigos se conhecem na desgraça”. Em nosso caso, nossos amigos eram humildes trabalhadores, jovens impetuosos e camaradas de até sempre: “Imprescindíveis”.

Camaradas, chegamos ao final de mais um ano de luta. Um ano de vitórias e derrotas. Um ano de alegrias e sofrimentos. Um ano que vimos novamente a besta fera do fascismo imperialista mostrar suas presas e garras para sufocar a resistência humana. Um ano em que a guerra se mostrou como única saída possível para as oligarquias diante da crise geral do seu sistema. Mas também, um ano em que a esperança renasceu em cada jovem, mulher, homem e povos que se ergueram contra a desumanização. Um ano em que os comunistas revolucionários apesar das adversidades avançaram na organização do Partido Comunista Marxista-Leninista, nacional e internacionalmente. Um ano onde a lágrima de fome de uma criança no Afeganistão, no Iraque, na Palestina, no Brasil, na Colômbia, em Angola, na República Democrática do Congo e etc, fez brotar do chão as sementes da revolta e da luta por um mundo melhor, de igualdade, justiça e liberdade; um mundo de paz, um mundo comunista. A juventude desde o assassinato pelo G-8, do jovem italiano, Carlo Giulliani, deixou muito claro para todos que condena o capitalismo e o imperialismo. E sem dúvida, a juventude do mundo é comunista!

Abaixo o neoliberalismo e as oligarquias burguesas no Brasil!
Abaixo o Plano Colômbia e as guerras imperialistas assassinas!
Salve todos os camaradas que transformaram a luta de INVERTA em realidade!
Salve a luta pela refundação do Partido Comunista Marxista-Leninista em todo país!

Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2001

P.I. Bvilla Pelo OC do PCML