Os apagões de FHC

A menos de 15 dias para começarem os apagões, o governo não sabe o que fazer com o país às escuras: hospitais, escolas, sinais de trânsito, fornecimento de água (no Rio de Janeiro há perigo de contaminação de toda água potável), os serviços essenciais já precários, se tornarão caóticos.

Os apagões de FHC

Por: Rosa Terço


A menos de 15 dias para começarem os apagões, o governo não sabe o que fazer com o país às escuras: hospitais, escolas, sinais de trânsito, fornecimento de água (no Rio de Janeiro há perigo de contaminação de toda água potável), os serviços essenciais já precários, se tornarão caóticos.

A desfaçatez de FHC e sua equipe é extremosa ao afirmar que “nunca se soube que o problema era desse tamanho; o quadro era pior do que nos tinha sido informado”. Mas não é surpresa, pois o governo que privatizou o setor elétrico com as 19 empresas doadas ao capital estrangeiro que representam quase 70% da indústria de energia, todas as distribuidoras e importantes geradoras como a Gerasul e Paranapanema em troca de algumas moedas, não se preocupou com o atendimento à demanda crescente dos serviços. As privatizações do setor elétrico começaram em 1995; a Eletrobrás foi esquartejada e teve que contribuir com R$ 820 milhões para pagar juros ao FMI além da gestões desastrosas do PFL, através dos acordos políticos para manter FHC; e em 1997 é criada a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para colocar os apadrinhados e os transtornos para a população.

Com o processo acelerado das privatizações, as empresas estrangeiras que receberam as estatais, o que fizeram de imediato foi um “enxugamento” para obtenção rápida de lucros, uma vez que os contratos estabelecem critérios e prazos bem benevolentes para os investimentos. Resultado, demissão em massa de trabalhadores experientes; contratação de mão de obra desqualificada; apagões como os do Rio de Janeiro, em 1998; aumento abusivo das tarifas nas costas do consumidor.

Com a popularidade em franco declínio, FHC tenta jogar a culpa nos governos anteriores (Collor/Itamar), mas se esquece que participou das decisões em ambos e intensificou o programa neoliberal imposto pelo FMI nas suas gestões, onde nada foi investido na infraestrutura do Estado; toda a verba do orçamento da União serviu e tem servido para compra de votos: ontem com Serjão à frente, comprou a sua reeleição; hoje, com Jáder e ACM comprou o arquivamento da CPI da corrupção.

Reclamar dos antigos Raimundo Brito, Rodolpho Tourinho e do atual Ministro das Minas e Energia José Jorge, todos carlistas, que não têm conhecimento técnico, não vai resolver o grave problema que veio à tona após a operação “abafa CPI”; muito menos criar mais uma sigla para cuidar do racionamento de energia com Pedro Parente coordenando, que também nada entende do setor e considerado o “azarão” pelo setor finaceiro.

Segundo analistas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), serão R$ 15 bilhões os prejuízos das indústrias e 1,5 a queda de crescimento, com mais de 850 mil novos desempregados e um rombo de R$ 1,6 bilhão na balança comercial., com o racionamento de 20% da energia em 6 meses previsto pelos “técnicos” do governo.

O país mergulhou na escuridão; o caos foi instalado. Ministros, secretários, assessores não se entendem; Malan, Ministro da Fazenda, acusou diretamente o governo pela crise. Declarações patéticas tomaram conta da imprensa e a desinformação é a tônica do Planalto.

A saída de FHC é a “lei da mordaça” e a criação de mais uma MP (Medida Provisória) para sobretaxar o consumo de energia. Inventou um outro disfarce, ao invés da multa pelo excesso de consumo, segundo cálculos do próprio governo, o consumidor pagará “tarifa de ultrapassagem”; outra medida mirabolante é o funcionalismo federal trabalhar de 8:00 às 17:00; outra ainda é transferir energia do Norte, Nordeste e Sul para o Sudeste. Com isso o governo pensa em economizar até 30% de energia de junho a novembro.

A crise fez as bolsas caírem e a popularidade de FHC também; o dólar foi às alturas assim como os investimentos de R$ 85 milhões do governo na megacampanha sobre saúde, educação e emprego para tentar tirar o governo do buraco.

“Quem entregou as estatais, vai entregar o país inteiro”, esse é o slogan de FHC.