Eleições na Itália: Esquerda reformista dá vitória à direita

vitória de Silvio Berlusconi (coalizão Casa della Libertà), com votação apertada, nas eleições de 13 de maio para primeiro-ministro da Itália representa um retrocesso político naquele país. A coalizão vencedora é formada pelo Partido Força Itália, de Berlusconi, Liga Norte, de Umberto Rossi, pela Aliança Nacional, de Gianfranco Fini, e o Chama Tricolor, entre outros. A maioria é de extrema-direita.

Eleições na Itália

Esquerda reformista dá vitória à direita

Por:  Mercedes Baobá



A vitória de Silvio Berlusconi (coalizão Casa della Libertà), com votação apertada, nas eleições de 13 de maio para primeiro-ministro da Itália representa um retrocesso político naquele país. A coalizão vencedora é formada pelo Partido Força Itália, de Berlusconi, Liga Norte, de Umberto Rossi, pela Aliança Nacional, de Gianfranco Fini, e o Chama Tricolor, entre outros. A maioria é de extrema-direita.

Para se ter idéia do conteúdo direitista desta coalizão, vale lembrar que o Partido Força Itália é unânime nos bairros Prati e Parioli, os mais ricos de Roma, onde só havia placas de Berlusconi, além disso, Rossi é conhecido por atacar os italianos do sul, onde se concentra a população mais pobre, os homossexuais e os imigrantes; a Aliança Nacional se diz herdeira oficial do antigo partido de Mussolini e o Chama Tricolor traz explicitamente o fascismo em seu programa.

O governo Berlusconi, seguindo o primeiro em 94, será uma combinação de mídia nazi-fascista, onde o que prevalece a velha máxima de Goellbes, “ repita uma mentira mil vezes até que se torne uma verdade”, combinada com a corrupção mais aguçada: Berlusconni é dono de três redes de televisão e responde na Justiça por vários processos de corrupção e lavagem de dinheiro.

A vitória de partidos fascistas, xenófobos e ultranacionalistas é sintoma de vários problemas pela frente e a Itália poderá ser um laboratório dos mais novos ardis da burguesia em seu permanente anseio de propriedade e poder.

Mesmo com a derrota reconhecida, há fatos que tiram os louros de Berlusconni, que a mídia burguesa proclama. O líder da coalizão de centro-esquerda, Francesco Rutelli, amedrontou a burguesia, quando em poucos meses conseguiu diminuir uma diferença de 20 pontos, chegando a 5 pontos na boca-de-urna, calando a voz dos que em tom uníssono cantavam “Já ganhou!” . Se tivesse mais tempo, poderia até ter revertido o quadro. Ele avaliou que Berlusconni venceu porque fez promessas demagógicas que não terá condições de cumprir.

A derrota da coalizão é a derrota de um projeto enganoso dos reformistas e sua proposta de conciliação de classes. Estiveram cinco anos no poder e no comando de políticas neoliberais em detrimento dos anseios do povo. Entre a direita emperdenida e “a esquerda que a direita gosta” , os eleitores se aventuram por um quadro de mídia da direita. As lições são provas do limite da democracia burguesa.