1º de Maio de 2001 sob o manto cínico do capital

No recente encontro para a formação da ALCA em Quebec, Canadá, o presidente dos EUA – cumprindo no posto a função para o qual o capital o designou! - declarou que é preciso “acabar com os protecionismos do trabalho e ecológico”. Não bastam, portanto, as pressões hoje existentes visando reduzir a escolho os instrumentos duramente construídos pelos trabalhadores na defesa de seus interesses. E, além de cobrar um aprofundamento do ataque contra sindicatos e partidos operários, o capital busca ampliar formas de destruição da natureza.

1º de Maio de 2001 sob o manto cínico do capital

Por: André Laino
Doutor e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF)


No recente encontro para a formação da ALCA em Quebec, Canadá, o presidente dos EUA – cumprindo no posto a função para o qual o capital o designou! - declarou que é preciso “acabar com os protecionismos do trabalho e ecológico”. Não bastam, portanto, as pressões hoje existentes visando reduzir a escolho os instrumentos duramente construídos pelos trabalhadores na defesa de seus interesses. E, além de cobrar um aprofundamento do ataque contra sindicatos e partidos operários, o capital busca ampliar formas de destruição da natureza.

A declaração do senhor Bush é mais uma etapa desse processo de expansão do capital. A ALCA visa ser um destes instrumentos. Neste sentido, primeiramente, é preciso não esquecer que o aprofundamento e expansão das relações de trabalho e de produção capitalistas, debaixo da globalização atual, se dá sobre uma diversidade de formações históricas de estruturas sindicais e partidárias nacionais, todas direta ou indiretamente sempre ligadas às lutas das classes trabalhadoras.

Em seguida, lembremo-nos que tais estruturas emergiram no interior da reprodução de relações de produção capitalistas locais desenrolando-se, então, em meio a embates e contradições específicas. Assim, a construção destas estruturas teve por base, ou concessões das burguesias locais, após pressões dos trabalhadores, ou então, eram frutos de alianças, mais ou menos ocasionais e estáveis, entre setores das classes trabalhadoras e tais burguesias.

No ritmo atual de concentração e acumulação dos capitais - e da conseqüente expansão e aprofun-damento da exploração da classe trabalhadora - tais estruturas, ou o que possa ter-se mantido delas – por interesse de burguesias locais – se transformaram em empecilhos. Elas precisam ser afastadas para abrir, ainda mais, o campo para a grande burguesia internacional. Portanto, na atual etapa de acumulação e concentração do capitalismo internacional, o que ainda resta daquelas conquistas, em termos de concessões ou alianças, não são mais necessárias.

Mais uma vez, o proletariado está abandonado a si próprio. Mas, também mais uma vez, amplia-se e aprofunda-se um aspecto importante da farsa apontada por Marx no “18 Brumário de Luis Bonaparte”. Nele, Marx indica como “esses golpes sucessivos perdem sua intensidade à medida que aumenta a superfície da sociedade sobre a qual são distribuídos.” (Editora Escriba. 1968. RJ. Página 25)

As transformações introduzidas pela recente etapa capitalista “pós-modernista” visam, portanto, diminuir ainda mais a posição e o peso das classes trabalhadoras nas questões políticas e econômicas da estrutura de classes. Tais transformações tinham por objetivo deslocar o eixo de muitas características de tais classes, visando reduzir sua presença e importância na sociedade capitalista. Mas, como aponta Marx no trecho acima, estas mesmas transformações não levaram - como pensam e querem muitos! - a uma diluição, mas a uma reestruturação ampliada da presença delas na estrutura social.

Hoje está claro que um dos recursos mais utilizados pelas classes hegemônicas capitalistas para tentar tal “diluição”, foi buscar do esvaziar e do deslegitimizar os meios sindicais e partidários. Com isso visava-se, ao mesmo tempo, atenuar as pressões que por meio deles - como instrumentos e mecanismos de resistência e contraposição política - as classes trabalhadoras exerciam nos mais distintos terrenos das lutas de classes. Permanecia a questão política fundamental no seio da sociedade capitalista. Ou seja, giravam em torno das lutas de classes as distintas expressões de luta pela hegemonia no interior dos canais de dominação que permeiam essa sociedade. Mesmo aquelas alianças, acordos ou concessões arrancadas pelos trabalhadores podem ser entendidas como produtos destes parâmetros.

No bojo da desqualificação, esvaziamento e deslegitimização daquelas estruturas sindicais e partidárias, o pós-modernismo propagou-se amparado e impulsionado pelas classes hegemônicas capitalistas. A rapidez, facilidade e vigor do processo foram mais ou menos variáveis, segundo as circunstâncias históricas das diversas estruturas sociais.