Crise no transporte público com a alta do diesel

Desde janeiro deste ano as notícias referentes ao transporte público de Belo Horizonte, MG, tem sido alarmantes. Empresas paralisam os ônibus alegando falta de combustível.

Desde janeiro deste ano as notícias referentes ao transporte público de Belo Horizonte, MG, tem sido alarmantes. Empresas paralisam os ônibus alegando falta de combustível. Em janeiro foram três empresas, em fevereiro mais uma empresa parou os seus veículos alegando a falta de dinheiro para comprar diesel. O transporte público nas principais capitais do Brasil são controlados por um número pequeno de famílias que mantém o monopólio desse setor. Para se ter uma ideia o ex-senador da República Clésio Andrade (2011 a 2014), além de empresas de ônibus em BH, Região Metropolitana de BH e no interior de Minas Gerais, ele domina o sistema publico na capital de Rondônia, Porto Velho. Já Otávio Cunha além de BH, também possui frotas em Recife, famílias que dominam o transporte público na capital mineira e na RMBH estão há anos no ramo, essas famílias são: Rubens Lessa (SINTRAM), Nilo Simão, Heloísio Silveira (Luisão).

Com contratos de concessão de longos anos, alguns com mais de 30 anos, e o preço das tarifas elevados, essas famílias fazem o que bem entende em cidades onde o poder público não tem tanta força e organização de regulação e operacional para controlar a qualidade do transporte público.

Esse serviço deveria levar em conta o direito de ir e vir que está no art. 5, XV, CF/88, ou seja, a garantia da mobilidade urbana. No entanto, fica a cada dia mais difícil acessar esses direitos, isso pelo alto preço, pelos péssimos serviços e qualidade dos veículos. Mas, o setor alega um avanço tem perdido clientes para os aplicativos. Com a crise orgânica do capital (BEVILAQUA, 2017), e o avanço da composição orgânica nesse setor de transporte, o capital internacional ameaça os monopólios das famílias no transporte em todo o mundo. E faz do carro particular de milhares de pessoas, o veículo de transporte público, e são os aplicativos as ferramentas que vão garantir o lucro exorbitante através do Uber, Cabify, 99POP, inDriver, Yet Go, Bônus: Lady Driver, esses são os mais conhecidos aplicativos de transporte de passageiro, no entanto, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 1,4 milhão de pessoas trabalham com aplicativo de transporte de passageiros no Brasil, dados de 2021. São trabalhadores sem nenhum direito, que colocam o seu carro ou são obrigados a lugar e trabalham cerca de 12 a 16 horas diárias para manter uma renda em média de 2.000 reais mensais.

Mas, os aplicativos não atingiu só os empresários dos ônibus, na verdade atropelou sem dar socorro os taxistas que presenciaram a perda de clientes para os aplicativos. Ou seja, a tecnologia que deveria ser uma ferramenta para melhorar as condições de trabalho, são um pesadelo para os trabalhadores que vive em um mundo capitalista cada vez mais anarquista e concentrando a riqueza em poucas famílias mundo afora.

Empresas de ônibus estão parando reclamando dos altos custos a falta de combustível e a população fica a minguá

Com o golpe contra a presidenta Dilma e a entrada dos golpistas, Temer e com a eleição 2018 Bolsonaro. O neoliberalismo ganha força e a economia brasileira passa a ser dolarizada e os preços praticados pela Petrobras segue a cotação do dólar, moeda Americana. O óleo diesel combustível mais utilizado em todo o Brasil em caminhões, ônibus, transporte ferroviário, transportes marítimos, máquinas agrícolas entre outros. Em 2015 os caminhoneiros promoveram uma greve por causa do valor de R$2,788 (media nacional em 2015). Contudo o preço médio hoje do diesel está em R$5,62 (cinco reais e sessenta e dois centavos), e o líder dos caminhoneiros Zé do Trovão diz que o presidente traiu a classe dos caminhoneiros, no entanto, mesmo com o alto preço do litro do diesel os caminhoneiros não pensam em parar. A verdade é que essa categoria volta e meia é utilizada pelo imperialismo para destabilizar governos progressistas, assim como fizeram no Chile de Salvador Allende.

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) “o Brasil tem uma frota em circulação de 65,8 milhões veículos. Destes, 7,0 milhões são de veículos comerciais leves, picapes e furgões (10,67%), 2,0 milhões de caminhões (3,09%) e 376,5 mil de ônibus.” (IBPT, 2018). Os custos com combustíveis são elevados, em particular para os transportes públicos coletivos nas grandes cidades, contudo quem paga toda essas despesas são os usuários. Em ultima análise, o empresário pega empréstimo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros baixos, compra o ônibus e ao colocar em circulação, a população vai pagando o ônibus novo e todos os encargos que demandam para o seu funcionamento. Mas, os empresários teimam em alegar prejuízos. Será que realmente esse setor está em crise? Na maioria das capitais os ônibus de passageiros já funcionam sem o cobrador, sendo o próprio motorista que executa a direção e a cobrança das passagens.

Em contra partida ao que diz os empresários, representantes do Movimento Tarifa Zero questiona a forma em que é feita as concessões e diz que a tarifa deveria ser gratuita para todos os trabalhadores.

Sidnei Martins

Congresso Nacional de Lutas Contra o Neoliberalismo