A privataria tucana e as tragédias no Brasil

As constantes tragédias no Brasil nos últimos tempos mostram o aprofundamento do projeto neoliberal, egoísta e perverso do capitalismo, que destrói o ser humano e todas as formas de vida no planeta.

As constantes tragédias no Brasil nos últimos tempos mostram o aprofundamento do projeto neoliberal, egoísta e perverso do capitalismo, que destrói o ser humano e todas as formas de vida no planeta. Há três anos houve o caso de Mariana, que foi até aquele momento o maior desastre ambiental da história brasileira, com 19 mortes e perdas incalculáveis à economia e ao meio ambiente. O afrouxamento das leis de controle social e de fiscalização dos órgãos públicos é uma herança da privataria tucana que dilapidou o patrimônio do Estado brasileiro com o discurso da falta de eficiência. A ausência de escrúpulos por parte de nossa elite dirigente salta aos olhos e evidencia que, desde o início da colonização do Brasil, sempre teve “complexo de vira-lata”.

O desastre de Brumadinho (MG) é o coroamento de mais um descaso com toda forma de decência no trato social e com a população de um modo geral. Até o momento, são mais de 150 mortos e dezenas de desaparecidos e bilhões de reais em perdas humanas e ambientais que deixarão sequelas graves por vários anos.

As chuvas torrenciais na cidade do Rio de Janeiro no início de fevereiro já deixaram 7 mortos e vários feridos devido à falta de investimentos da prefeitura e do governo do estado nas obras necessárias para a segurança das pessoas mais pobres. O absurdo da falta de caráter dos governantes é tão claro que com a penúria de recursos do setor público ainda querem construir um novo Autódromo do Rio de Janeiro na área de Deodoro, região da cidade, patrimônio ambiental e antigo local de testes de equipamentos explosivos das forças armadas brasileiras.

A mais recente tragédia na cidade do Rio de Janeiro aconteceu no Centro de Treinamento do Flamengo, em Vargem Grande, zona oeste da capital fluminense. Morreram 10 jogadores das divisões de base do Flamengo e 3 ficaram feridos com o incêndio em um contêiner que servia de alojamento para os atletas. Novamente a falta de fiscalização e a busca do lucro a qualquer custo pelos clubes de futebol é uma das causas da tragédia. A privatização criminosa do Maracanã empobreceu o esporte mais popular do Brasil, e com as altas taxas cobradas pela concessionária os clubes têm prejuízos claros nos jogos no estádio. A falta de dinheiro aumenta a ânsia de lucros dos clubes e de seus dirigentes que exploram os jogadores das divisões inferiores ao máximo. As crianças chegam aos clubes com 8 ou 10 anos e os diretores das entidades esportivas só pensam na rentabilidade que eles darão com a venda de seus passes ao completar 17 ou 18 anos. A formação do ser humano não é levada em conta por estes cafetões que praticamente escravizam as crianças e adolescentes das camadas mais humildes da população brasileira. João Saldanha outrora já denunciava os casos de pedofilia dentro do futebol brasileiro. Considerando que se no Flamengo a situação dos atletas amadores é precária, as histórias de miséria proliferam nos quatro cantos do Brasil onde as condições sociais são muito piores. Com o modelo neoliberal a situação piorou ainda mais, pois o cifrão é mais importante que a vida.

 

Julio Cesar de Freixo Lobo