INVERTA representa a liberdade real da imprensa

INV – Qual sua origem?

JAV – Minha origem é de uma família progressista, de origem positivista; o meu avô materno foi oficial militar farmacêutico do Exército, e também médico. A ação dele como médico era, nas horas vagas, atender gratuitamente a coletividade próxima à guarnição onde servia.

No período do Tenentismo serviu no Batalhão Ferroviário no Rio Grande do Sul, cujo comandante era Luiz Carlos Prestes. No dia do Levante foi chamado pelo comandante que permanecesse no quartel atendendo como médico a população como costumava fazer.

Participou das várias missões de Rondon no interior do Brasil para a instalação de postos telegráficos, tornando-se estimados companheiros.

Ao saber que Rondon fora nomeado comandante das tropas que impediriam a Coluna Prestes de atravessar o Paraná, rompeu definitivamente todas as relações com Rondon. A concepção social de José Jorge era, para a época, muito avançada, reconhecendo a importância de se assegurar a preservação e a melhoria da consciência coletiva aos problemas fundamentais da sociedade brasileira.

A família, portanto, historicamente sempre se comprometeu em defender a justiça, a democracia, a liberdade e a consciência dos cidadãos de nossa nação dentro de uma concepção avançada para assegurar o desenvolvimento autônomo e autossustentável do país.

INV – Sobre sua dedicação ao ensino, qual a importância da Educação para uma nova geração mais consciente?

JAV – A educação é um processo que deve atender às necessidades do educando, não o tornando um elemento passivo e escolástico da realidade. Deve ter capacidade de compreender a realidade objetiva concreta de seu mundo, liberado de suas concepções e sectarismos que poderão gerar vieses que distorçam a realidade na qual está sendo observado. Enfim, deve ser humilde para entender suas limitações e as complexidades daquela realidade. Se ocorrer de fato um amadurecimento do indivíduo quanto a estes aspectos, teremos uma excepcional probabilidade de chegarmos o mais próximo possível da solução do problema.

Iniciei a vida no magistério através de concurso público para o estado da Guanabara, para o ensino médio, trabalhando e me aposentando após 35 anos de serviço. Lecionei em cursos superiores nas universidades Celso Lisboa, Gama Filho e Cândido Mendes, me aposentando como professor adjunto de tomada de decisões e administração de produção. Estranhável ter atuado na área de ciências biológicas no estado, na área de administração nas universidades e na área de pedagogia, porém, isso é justificável por ser bacharel em História Natural pela Faculdade Nacional de Filosofia, Universidade do Brasil; Pedagogia, por ser bacharel e licenciado em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); e bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro (UCAM), pela qual tenho elevada estima por reconhecerem a capacidade de trabalho e por ter me tornado lá professor adjunto nas matérias que lecionei.

INV – Como define sua militância?

JAV – A militância provém da própria resistência aos absurdos das contradições impostas à sociedade pelo grande capital, que busca em todos os setores de nossa sociedade reduzir a realidade a um único problema, como exemplo disso cito hoje todos os problemas brasileiros atuais estarem reduzidos à violência. A necessidade da defesa do importante que realmente é, não só nossas riquezas, como o bem-estar e a felicidade de nosso povo, nos leva a agir de forma coerente e responsável para assegurar uma capacidade coletiva, consciente e urgente na mobilização gerada na necessidade de salvaguardar os princípios básicos de ação na conquista da independência econômica e de informação real daquilo que ocorre.

INV – Sobre o papel do INVERTA:

JAV – O papel do INVERTA nos momentos históricos representa a liberdade real da imprensa livre que busca levar aos seus leitores a realidade concreta dentro do possível do que realmente ocorre, e não o que é distorcido por aqueles órgãos, sustentados pela grande mídia.

INV – O apoio ao INVERTA:

JAV – É por esta razão e dentro da minha consciência que tenho admiração inconteste pela INVERTA - Cooperativa de Trabalhadores em Serviços Editoriais e Noticiosos Ltda., para a qual entrego todos os meus trabalhos intelectuais que considero bons para divulgação ao grande público, através da Editora, da qual tenho a honra de fazer parte de seu staff. Foram editados seis livros: Análise dos Fatores Críticos para o Desenvolvimento Auto-sustentável Fluminense (2000); Daqing – Um Relato da Visita de Amarílio de Oliveira Vasconcellos – organizador (2016); Fases da História do Brasil pelas ruas de Ipanema (2016); A Crise Econômica e a Urgência de um novo Paradigma (2017); Características de Forma Sucinta: As Universidades francesa, inglesa, alemã, norte-americana e soviética (2018), e recentemente Filosofia Educacional (2019). O primeiro livro foi elaborado por uma preocupação que tive ao trabalhar na cidade de Itaperuna, vizinha ao estado do Espírito Santo, quando observei que a cidade não era autossustentável em produtos agrícolas, embora seja o maior centro criador de gado do estado, o que gera uma contradição na beleza da cidade e na pobreza da população agropastoreira; quanto ao segundo livro, foi um trabalho de Amarílio Vasconcellos sobre a maior cidade industrial chinesa que foi convertida em cidade, pois lá era um real deserto em que a população se mobiliza para dar as condições objetivas de sobrevivência e vida digna, com água e plantações agrícolas e grandes árvores, tornando o ambiente acessível à população; o terceiro livro provém da minha revolta de perceber a capacidade nepotística daqueles que acham que são proprietários de tudo, inclusive de colocar nomes de seus parentes nas ruas, o que só foi corrigido em parte pelo prefeito do distrito federal Carlos Oliveira Sampaio, em 1922, em homenagem ao centenário da independência por solicitação do presidente Epitácio Pessoa. Hoje, a riqueza do bairro está nos nomes dos heróis da Independência, que possibilitam reviver aos interessados as fases mais importantes de nossa independência. Quanto ao livro A Crise Econômica e a Urgência de um novo Paradigma, chamamos atenção de que a crise tem caráter terminal, pois os efeitos dos instrumentos neoliberais não mais surtem efeitos, conforme indicam os elevados deficits fiscais das economias dos centros capitalistas (EUA, Canadá, Inglaterra, França, Itália, Alemanha e Japão) com reflexos no sistema financeiro mundial; quanto ao livro sobre as universidades, o que nos chamou atenção foi que a partir do século XII elas se criaram dentro dos pátios dos conventos e das igrejas, impondo o pensamento único da inquisição. Quem não estava de acordo com estes princípios eram levados para a fogueira. Daí o atraso nas ciências sociais em mais de mil anos, não podemos esquecer que Leonardo Da Vinci já falara que o homem podia voar e o avião como conhecemos só surge após 1915, com Santos Dumont no seu Mademoiselle. Falar que naquela época, século XII a XVII não havia material e tecnologia para fazer tal instrumento, aqueles que pensavam diferente foram para a fogueira, daí uma esterilização em massa do novo. Quanto ao nosso livro atual, foi a necessidade de levar informações que possibilitassem a melhoria do pensar da população, como um novo gérmen auxiliar do papel do educador, da formação coletiva do nosso Homem.

INV – Acerca da tragédia do golpe e a resistência na América do Sul:

JAV – A tragédia de qualquer tipo de golpe é de se obter valores que se agreguem às teses dominantes conservadoras em um processo de busca pelo poder político, informativo, econômico e anticoletivo, que é na realidade considerado para eles uma deformação antissocial que deve ser banida; portanto, em poucas palavras, é a busca permanente de um retrocesso pelo padrão único de pensar.

INV – Que mensagem gostaria de deixar aos jovens?

JAV – Aos jovens pondero a necessidade de se tornarem melhores do que são hoje, isto é possível no momento em que se mobilizem na busca de comunicação com as pessoas, liberando o celular, pois um enriquecimento da consciência provém do contato entre humanos, que possibilita ouvir de terceiros posições totalmente antagônicas e até mesmo idênticas em alguns aspectos aos quais possibilitarão formar um todo que possibilite perceber as diversas nuances que serão fundamentais para um juízo próprio e fundamental para decisões futuras.O valor da comunicação interpessoal é exatamente posicionar o homem a uma socialização, libertando-se de uma comunicação individual totalmente antissocial, na realidade, é uma forma esta tecnológica, que não possibilita uma real atitude consequente para com as necessidades da própria sociedade.

Bianka de Jesus