A IDEOLOGIA NEOLIBERAL E O PROTOFASCISMO: Os Assassinatos não são Atos Isolados

Assistimos com tristeza mais um atentado terrorista! A ação assassina em duas escolas no município de Aracruz, no Estado do Espirito Santo, região Sudeste do Brasil. A primeira na Escola Estadual Primo Bitti, onde três professoras foram assassinadas, Flávia Amoss Merçon Leonardo, de 38 anos, Cybelle Passos Bezerra, 45 anos e a professora Maria da Penha Banhos, 48 anos. A segunda na escola particular, Centro Educacional Prais de Coqueiral, onde uma aluna de doze anos, Selena Zagrillo, foi morta.

Assistimos com tristeza mais um atentado terrorista! A ação assassina em duas escolas no município de Aracruz, no Estado do Espirito Santo, região Sudeste do Brasil. A primeira na Escola Estadual Primo Bitti, onde três professoras foram assassinadas, Flávia Amoss Merçon Leonardo, de 38 anos, Cybelle Passos Bezerra, 45 anos e a professora Maria da Penha Banhos, 48 anos. A segunda na escola particular, Centro Educacional Prais de Coqueiral, onde uma aluna de doze anos, Selena Zagrillo, foi morta.

O atentado deixou mais 12 vitimas com ferimentos leves e uma em estado gravíssimo, sendo que 7 seguem internadas. A polícia preservou o nome do menor que cometeu o crime. O que se sabe é que é filho de um policial militar e apoiadores do candidato derrotado a presidência da republica, Jair Bolsonaro, e simpatizantes da ideologia nazifascista.

Essa ação terrorista não foi um episodio isolado e nem pode ser analisado como uma ação social sobre os preceitos da pós-modernidade, reduzindo a luta de classes proclamada e afirmada por Karl Marx no Manifesto do Partido Comunista em 1848, e por movimentos sociais indenitários, buscando romper ideologicamente com a hegemonia da classe operária no papel de vanguarda na luta de classes e de unidade da luta pela constituição de outro modelo de sociedade, a socialista.

O atentado segue a lógica dos crimes cometido no centro da burguesia imperialista dos EUA, de uma sociedade neoliberal, que cultua o individualismo e que vê na violência pulverizada e no terror do Estado meios para controlar as manifestações que são reflexos da Crise Orgânica do Capital nos centros do império.

As analises superficiais realizadas constantemente pela mídia burguesa e seus analistas “profissionais” não conseguem ir ao cerne da questão, tratando os ataques de terror contra as escolas no Brasil e os diversos assassinatos causados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra adversários políticos, como distúrbio mental de jovens que vivem online nas rede sociais; ou, qualificar como distúrbios causados por problemas associados ao bullying escolar; ou a uma visão de Deus que os chama para uma guerra “santa” entre o bem e o mal ou, ainda, associar os ataques a disseminação de grupos neofascistas sem relacionar esses com o modo de produção capitalista e a Crise Orgânica do Capital que vive o centro do sistema capitalista mundial.

Essas elucubrações podem dar a entender que no mínimo, tais analistas tenham desconhecimento da realidade social e da formação do Brasil, ou pode ser ainda pior, mau caratismo intelectual, o que os qualificaria com um grau elevado de capciosidade, a fim de, lançar nevoeiros aos olhos das massas. O que corrobora com a desqualificação das lutas contra o neoliberalismo e o protofascismo no Brasil, dando sempre informações e entendimentos rasos à realidade atual pela qual passa o país, e também do projeto perverso de dominação e imposição do neoliberalismo em toda a América Latina e em particular no Brasil.

A jornalista responsável do jornal Inverta (inverta.org/jornal) e doutoranda na UERJ, Bianka de Jesus em seu artigo (MÍDIA, FAKE NEWS E GOLPES: ARGUMENTOS SOBRE COMUNICAÇÃO E RESISTÊNCIA NAS ELEIÇOES DE 2018), escrito para o XIV Seminário Internacional de Lutas Contra o neoliberalismo, em setembro de 2019, tratou do tema e ao debater com outros profissionais da educação nacional e internacional, descreve as estratégias utilizadas pelo establishment com o intuito de disseminar mentiras entre as massas e garantir o seu poder de controle das mesmas.

Em seu trabalho JESUS (2020), faz uma síntese das 10 estratégias manipulatórias das massas (A Mente é Maravilhosa, 2020), de Noam Chomsky, relacionando o jogo de poder que envolve tecnologias avançadas e que foram utilizadas nas eleições dos EUA com Donald Tramp (2016) e no Brasil com Bolsonaro (2018).

Contudo, deve-se levar em consideração os estudos da Crise Orgânica do Capital: o valor, a ciência e a educação, de BEVILAQUA (2017), pois o aumento da composição orgânica do capital descoberta por Marx em seu livro “O Capital”, criou as condições para a ampliação dessas dinâmicas de busca do controle social via as tecnologias. Em todas as áreas do pensamento, da ética, da metafisica, lógica, da epistemologia, da psicologia, da estética, da filosofia da história, das artes, da política, na produção de mercadorias com alta composição orgânica, e, em particular da ideologia burguesa que envolve todas as formas de pensar e produzir/reproduzir da vida burguesa em sociedade, e essa, em ideologia tem passado pela economia neoliberal que necessariamente precisa da ideologia neofascista para se impor como poder.

Para tanto, precisam negar o tempo todo a ciência como revolucionária, tornando-a parte do capital, levando a crise na ciência, como prevê BEVILAQUA (2017), diminuindo o pensamento a deleites em debates via WhatsApp como se isso criasse conhecimento científico e pudesse transformar a sociedade.

Por isso, os golpes na América Latina e em particular no Brasil precisavam interromper os governos de Lula e Dilma Rousseff (PT), onde, o país pôde conviver com medidas contra as políticas neoliberais, antes impostas pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), que “retoma com maior impulso o processo de privatizações e devolve o país a seu curso natural como economia dependente” (BEVILAQUA, 2020). Os 12 anos de governo social democrata, com o Partido dos Trabalhadores (PT), a frente do governo federal, ampliou os recursos para as Universidades Federais e os Institutos Federais (IF’s), ampliou os parques Industrial e naval e, da construção civil. Fortaleceu no campo internacional o MercoSul, a UNASUL e os BRICs, formando uma base na aliança com os BRICs e criando as condições materiais e subjetivas para uma economia mundial mais participativas entre os países em desenvolvimento.

Após o golpe, patrocinados pelos neoliberais, os Partidos do Centro, da Extrema Direita e da Direita brasileira, de parte significativa do judiciário e em particular os da “Lava Jato” ligados ao Departamento de Estado dos Estados Unidosi, e a mídia burguesa (nazifascista), tendo “Time-Life/Grupo Globo”ii como principal expoente na divulgação de Fake News e da ideologia golpista, iniciada ainda em junho e julho de 2013 com as manifestações coloridas “antipolítica” transmitida ao vivo e em tempo real contra o governo petista, contribuindo com o crescimento da onda de violência dos grupos defensores do neoliberalismo e do protofascismo no país, o que, pode ser um dos fatores para a alta do crescimento dos crimes contra os trabalhadores na atual luta de classes no Brasil.

Após 31 anos da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), golpeada pelo imperialismo (INVERTA nº 0) e a crise dos comunistas (1996), já é evidente que “o fim da História” como propagou Fukuyama foi desmentida pela própria história. Também, as lutas em toda América Latina na década de 1990, do século passado contra a globalização neoliberal demonstra que a democracia universal, é outra teoria desmistificada, pois, para a burguesia o que importa é o seu poder, o poder do capital e a democracia é um mero instrumento para a perpetuação de seu poder de classe. E, como se não bastasse a burguesia continua repetindo que “o comunismo morreu” (BVILA, 1996), e atualmente buscam ressuscitar a velha e podre difamação contra os comunistas, repetindo as sandices contra a ciência marxista-leninista , o que nos faz lembrar Marx em o Manifesto do Partido Comunista em 1848.

Qual partido de oposição não foi acusado de comunista por seus adversários no Poder? Qual partido de oposição, por sua vez, não lançou contra os elementos mais avançados da oposição e contra os seus adversários a pecha infamante de comunista? (MARX, 1848).

Repetem milhões de vezes as mentiras até que se tornem verdade, seguindo as orientações e teoria do Ministério da Comunicação Nazista de Hitler. O problema da mentira repetida muitas vezes é que atinge uma parcela da população sem acesso a informação e com uma mínima formação em lógica, história e sociologia, sendo arrebatado por qualquer vigarista intelectual da extrema direita, que com o terreno fértil leva de rebanho os ignorantes e com isso reforça o ressurgimento e fortalecimento da ideologia nazista e fascista, corrobora com a implantação do neoliberalismo como estratégia para conter a Crise Orgânica do Capital no centro do capitalismo imperialista, pois, essa é a única possibilidade que o imperialismo têm para aumentar a exploração em outras nações e arrancar uma “Mais-Valia Absoluta”, a fim de garantir que as elites do império possam continuar lucrando, já que em seu país com o alto grau de composição orgânica do capital fica cada vez mais difícil de obter alta na massa de Mais Valia e, consequentemente, aumento taxa de lucro, como descreve Júlia P. M. Bevilaqua em seu artigo “Luta contra o Neoliberalismo na Conjuntura Internacional de Crise Orgânica do Capital”.

Com o recrudescimento da crise internacional e as principais economias ostentando taxas de lucro risíveis, a burguesia vasculha o mundo em busca de mais-valia. A Ásia e a África não oferecem relação custo-benefício proveitosa, a primeira tem custos muito altos com a presença da China e mais quatro das nove potências nucleares, e a segunda apresenta pouco benefício devido ao baixo desenvolvimento das forças produtivas e a destruição das guerras. Com o Leste Europeu já saturado de capitalismo e o Oriente Médio em guerra permanente, a América Latina se converte em território favorável para atender essa sede desesperada de lucro e, para tanto, é necessário voltar a implementar o neoliberalismo na região. (BEVILAQUA, 2020, p. 117 – 118).

O avanço da política neoliberal em 2018 com a vitória de Jair Bolsonaro para presidente e Paulo Guedes (Chicago Boy’s), como Ministro da Economia ampliou as contradições sociais, fazendo reaparecer o fantasma da fome, do desemprego e quase 700 mil vidas mortas pela Covid-19, por falta de ação propositiva por parte do governo federal, além de ter ampliado o exercito industrial de reserva com mais de 10 milhões de desempregados e 36 milhões de pessoas trabalhando na informalidade, a massa salarial em queda e aumentando a carestia no país com mais de 62 milhões de pessoas na pobreza e 18 milhões na extrema pobreza, passando fome no Brasil segundo o IBGE/2022.

Trinta e sete anos depois da Ditadura Civil /Militar no Brasil todo o instrumento de violência do regime não foi desmontado. A lei da Anistia (Ampla e Irrestrita) manteve intacto monstros como Carlos Alberto Brilhante Ustra (Coronel do Exército. Comandante do DOI-Codi do II Exército) e Sérgio Paranhos Fleury, delegado do (DOPS), o Relatório da Comissão da Verdade que foi entregue a presidenta Dilma em 10 de dezembro de 2014, apontou 377 agentes do Estado Brasileiro que cometeram crimes na ditadura e nenhuma punição. Os agentes da ditadura nunca foram julgados e condenados pelos assassinatos de 191 pessoas, 210 desaparecidos até hoje e 33 corpos localizados. Quem vai pagar por isso? (INVERTA, 1994), continuamos com as veias do Brasil abertas, assim como ficou “As Veias Abertas na América Latina” (GALEANO, 2010).

Nos últimos 20 anos o Brasil viu as ações criminosas e ataques a escolas, o Instituto Sou da Paz fez o levantamento das escolas e das pessoas mortas e feridas com as ações de terror. Em um país como o Brasil em que a violência é banalizada e esquecida até que outra triste história apareça na mídia.

  1. Salvador (BA) – 2002 (duas pessoas feridas);

  2. Taiúva (SP) – 2003 (uma pessoa morta, e oito feridas);

  3. Rio (RJ) – 2011 (12 pessoas mortas, e 13 feridas);

  4. São Caetano do Sul (SP) – 2011 (uma pessoa morta, e uma ferida);

  5. Santa Rita (PB) – 2012 (três pessoas feridas); 14

  6. Goiânia (GO) – 2017 (duas pessoas mortas, e quatro feridas);

  7. Medianeira (PR) – 2018 (duas pessoas feridas);

  8. Suzano (SP) – 2019 (dez pessoas mortas, e 11 feridas);

  9. Caraí (MG) – 2019 (duas pessoas feridas);

  10. Barreiras (BA) – 2022 (uma pessoa morta);

  11. Sobral (CE) – 2022 (uma pessoa morta, e três feridas);

  12. Aracruz (ES) - 2022 (três pessoas mortas, e 13 feridas).

Por trás desses atentados existe um conjunto de ideologias desenvolvidas pelo aparelho de formação ideológica do Estado burguês, que de forma pitoresca aumenta o ingrediente perverso de uma sociedade que tem como marca a exploração da mão de obra da classe trabalhadora no Brasil colônia, dos povos originários, que resistiram e resistem até hoje ao seu extermínio.

Em seguida, os pretos e pretas trazidos a força da África para as Américas para exercer o trabalho escravo, tratados a ferro e fogo, ainda hoje fecunda com o seu sangue a terra brasilis. A economia brasileira nasce das primeiras culturas produtivas, com o capitalismo dependente e essa contradição entre o capital e o trabalho e as lutas de classes vão criando o caldo cultural revolucionário, especifico do Brasil. Aluisio Bevilaqua (2020), diz que “nesta condição, a formação capitalista dependente de o Brasil se desenvolver diretamente da CAPCiii, mediante estruturas econômicas híbridas, que amalgamam o trabalho escravo, servil e assalariado sob o estatuto do monopólio da terra, industrial e comercial”, o que afirma o quadro reacionário da burguesia nascente em nosso país.

Por um lado, a burguesia oligárquica rural que mantém a herança econômica, cultural e política das oligarquias escravocratas e senhoriais; logo, opõem-se a transformações revolucionárias que implicam ruptura com o sistema colonial em sua transição do trabalho escravo ao trabalho assalariado. (BEVILAQUA, 2020, p.164).

Essa cultura da saída negociada nem sempre foi assim, haja vista as lutas históricas contra a invasão europeia pelos os povos originários formando a Confederação dos Tamoios, a lutas dos pretos e pretas formando a resistência nos Quilombos como Palmares, as diversas lutas contra a colonização, Tiradentes, Cabanagem, Guerra de Canudos, Guerra do Contestado e as lutas contra as oligarquias com o os 5 de julho (22, 24 e 35), 18 do Forte; Coluna Prestes e; Aliança Nacional Libertadora (ALN), uma história rica de lutas e resistência que muitos não dão o devido valor histórico e de análise, a fim de entender o porque de as classes trabalhadora e a burguesia nacional brasileira não transformou a sua realidade e não consegue unir em um projeto de nação e desenvolvimento econômico independente.

Essa questão da dependência desde a origem da formação econômica do Brasil parece ainda pesar em nossos ombros, antes Portugal, depois, a Inglaterra, hoje os Estados Unidos. Será que isso pode explicar também o alto grau de violência em nossa sociedade, onde a cultura da tortura é a mesma com a exploração capitalista, uma sociedade psicologicamente perturbada pelo seu alto grau de violência contra a classe trabalhadora, contra as crianças, contra as mulheres, contra o homossexual, contra os pretos e os pobres, abrindo espaço cada vez maior para as ideias pós-modernas, com as lutas indenitárias, dividindo mais do que unindo a classe operária.

Hoje o trabalhador não se vê trabalhador, ele se vê empreendedor (um tipo de empresário em que ele é o trabalhador e o dono do negócio); para o patrão nas fabricas nos escritórios e no comercio o trabalhador é chamado de “colaborador” e com isso, o colaborador não pode contrariar o seu patrão - amigo. As lutas mais importantes são contra o racismo, a discriminação das mulheres, as do LGBTQIA+, as lutas por um espaço no sistema, mesmo que esse espaço não signifique lá grandes coisas. De fato, todas essas lutas são importantes, mas a principal causa de todos os males vividos por todo esse conjunto de pessoas que lutam por suas causas, de seus grupos, está impressa na exploração do modo de produção capitalista, esse sistema que aliena dos trabalhadores (homens, mulheres, pretas, pretos, brancos, gays e crianças), o fruto do seu trabalho para garantir lucro ao capitalista. Essa violência, roubo e escarnio produzido pelas elites contra quem precisa vender a sua força de trabalho, o trabalhador, que é a causa de toda exploração e discriminação social, cultual e econômica imposta a todos aqueles que não são donos dos meios de produção capitalista.

A violência sempre avança na sociedade capitalista e, em sua grande maioria, contra os mais pobres, os que têm maior vulnerabilidade social, educacional, de infraestrutura, em segurança pública e por ser a ponta das disputas mais vorazes para manter a sua reprodução. Mas existe um tipo de violência que é promovida pela forma como o sistema trabalha para manter o status quo, manter os de baixo com menos ação as perversidades imposta pelo capital. O Estado patrocinador da violência, são as ações das polícias nas favelas do Brasil, é a falta de educação, saúde pública de qualidade, é o desemprego e a miséria em mais de 62 milhões de brasileiros.

Contudo, quando se tem um presidente que defende uma política que retira direitos do povo mais pobre, esse governo além de investir na violência ele tende a colocar uma caixa de ressonância para ampliar o seu discurso de ódio em uma parcela cada vez maior da sociedade. É o que estamos presenciando no governo Bolsonaro, uma quantidade expressiva de mortes na Covid-19 e mortes por conta do ódio patrocinado pelo governo em uma alusão ao governo fascista de Mussolini na Itália.

Desde a vitória de Jair Bolsonaro os crimes contra a vida e os assassinatos de fato foram chocando uma parcela do brasileiro. Em 2018 mataram a vereadora do PSOL Marielle Franco e o Mestre Moa do Katendê, ambos por questões políticas. Em 2019 Antônio Carlos Rodrigues Furtado foi assassinado por ser de esquerda, no Rio de Janeiro o musico Evaldo dos Santos Rosa foi morto quando o seu carro foi atingido por 80 tiros de fuzil por soldados do Exercito Brasileiro.

Enquanto em 2022 tivemos as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips, ambos assassinados na Amazônia e por defendê-la. Tivemos ainda Marcelo Arruda militante do PT em Foz do Iguaçu, assassinado por Antônio Carlos Silva de Lima, de 39 anos, por dizer que votaria no Lula. Benedito Cardoso dos Santos foi assassinado na Zona Rural do Mato Grosso, morto por um apoiador de Bolsonaro. Nesse sentido, se somarmos os nomes dos assassinatos dos trabalhadores sem terra, indígenas e ambientalistas essa lista é enorme e em alguns casos com requintes de crueldade.

Todavia, essa situação se agravou com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (2016) e com a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (2018), quem não se lembra do Ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki (Relator da Lava Jato e seu maior critico), que teve o seu avião acidentado em 2017 e que causou a sua morte e, até hoje ninguém sabe explicar o motivo real da queda do avião. O Delegado da Polícia Federal, Adriano Antônio Soares (Angra dos Reis - RJ) que investigava a morte de Teori acabou assassinado junto com seu amigo e delegado federal, Elias Escobar em Florianópolis – SC, onde foram participar de um curso da Instituição.

A filosofa e escritora Marcia Tiburi que em 2018 foi candidata a governadora no Estado do Rio de Janeiro pelo PT/RJ, que saiu do país por causa de ameaças, em seu Instagram no dia 28/11 escreveu: “Um garoto de 16 anos não nasce assassino!”, em seu texto sobre a triste tragédia em que morreram três mulheres, duas professoras e uma jovem aluna.

O jovem que invadiu as escolas é filho de um policial militar adepto de Bolsonaro defensor de “Deus, pátria e família”, é seguidor da ideologia nazifascista. O pai ao se colocar como protofascista deve ser objeto de investigação para saber se ele é responsável pelos atos do filho. Se sim, cabe responsabilização do pai, caso o seu filho tenha seguido suas orientações. Além disso, cabe observar se o educou a ter ódio às mulheres, aos pretos, aos que não se “enquadram” em seu mundo de “Deus, pátria e família”. Tiburi, diz em seu texto que esse ódio não faz parte de um garoto de 16 anos, ele não nasce com ódio, não quer ser assassino, mas, essas coisas infelizmente se ensinam e, ao transmitir essa ideologia, a sociedade cria os seus monstros mais cruéis. Mas para que isso não se repita, é preciso ir além, virar a estrutura da sociedade atual de cabeça para baixo. É preciso construir, formar novos quadros políticos que tenham a disposição de revolucionar, transformar essa cultura do capitalismo em outra cultura, a socialista, que contribua para o surgimento do homem novo e da mulher nova e que o modo de produção esteja a serviço da coletividade, da sociedade enquanto um todo e que a divisão social e material siga o princípio de cada um segundo a sua capacidade, para a cada um segundo a sua necessidade (MARX, 1982).

Por fim, o novo governo que assumir em 2023, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados terão muito trabalho para recompor a democracia burguesa em um patamar antes do golpe de 2016. BEVILAQUA (2020) no XIV Seminário Internacional de Lutas Contra o Neoliberalismo em setembro de 2019, ao analisar a conjuntura nacional, há três anos das eleições ao apontar a

[…] contradição principal entre o programa neoliberal (capital) e o povo (trabalho), forma como a principal contradição do sistema do capital se apresenta na atual conjuntura, poderia se desdobrarem dois possíveis cenários: ruptura com a ordem democrática (tendência autocrática) ou retorno à mesma (conciliação de classes).

A conciliação se fez presente no processo eleitoral, onde sociais democratas, petistas e golpistas como Geraldo Alkimim (PSB/DB), como vice de Lula e no 2º turno das eleições o importante apoio da golpista Simone Tebet (MDB) e companhia. O governo Lula e seu partido já na transição terá que se sobrepor aos obstáculos e as armadilhas deixadas pelo genocida, além de ter que conviver com os partidos do centrão e o espectro golpista.

Ao povo, resta a reorganização, o trabalho de base e a formação dos quadros em uma base marxista-leninista, que incorpore as lutas sociais sem a pretensão eleitoral, mas em atuar na construção de um movimento / Congresso Nacional de Lutas Contra o Neoliberalismo (CNCN) / que possa colaborar com uma proposta de um Programa de Emergência para o Brasil contra o Neoliberalismo, que fortaleça a nível internacional o Mercosul unindo a América Latina e os BRICs recolocando o Brasil no cenário internacional.

Sidnei Martins – Gestor Público / Pós Graduado em Gestão de Projetos Ambientais (PUC-MG) e Da Coordenação Nacional Provisória do CNCN.

Referências:

BEVILAQUA, Aluisio Pampolha. Perspectivas para a Luta Contra o Neoliberalismo no Brasil sob a Conjuntura de Crise Orgânica do Capital. Organizadores Aluisio P Bevilaqua ... [et al.]. Perspectivas para conjuntura de crise orgânica do capital nacional e internacional. – 1. ed. - Rio de Janeiro : UERJ, LPP : Inverta, 2020.

BEVILAQUA, Júlia M. P. Luta Contra o Neoliberalismo na Conjuntura Internacional de Crise Orgânica do Capital. Organizadores Aluisio P Bevilaqua ... [et al.]. Perspectivas para conjuntura de crise orgânica do capital nacional e internacional. – 1. ed. - Rio de Janeiro : UERJ, LPP : Inverta, 2020.

FLORENZANO, Zola. Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels: Comentado. Rio de Janeiro: Editora Inverta, 1998.

GALEANO, Eduardo Hughes. As Veias Abertas na América Latina. Editora: L&PM, 2010.

HERZ, Daniel. A História Secreta da Rede Globo. Porto Alegre: editora Tchê! (1983), Dom Quixote, 2010.

JESUS, Bianka de. Mídia, Fake News e Golpes: argumentos sobre comunicação e resistência nas eleições de 2018. Organizadores Aluisio P Bevilaqua ... [et al.]. Perspectivas para conjuntura de crise orgânica do capital nacional e internacional. – 1. ed. - Rio de Janeiro : UERJ, LPP : Inverta, 2020.

MARX, Karl. Crítica do Programa de Gotha. Obras Escolhidas em três tomos. Tradução: BARRATA-MOURA, José, 2009. Editorial “Avante!” - Edições Progresso Lisboa – Moscoco, 1982.

VIDAL, Camila Feix; BANZATTO Arthur. Operação Lava-Jato e a atuação dos Estados Unidos. Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU) : 2021. Disponível em: https:// www.opeu.org.br/2021/06/08/operacao-lava-jato-e-a-atuacao-dos-estados-unidos/. Acesso em: 29 nov de 2022.

i Inicialmente, é possível identificar uma rede de intercâmbio e de iniciativas de cooperação extraoficial envolvendo os membros da Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba e agentes do FBI (a Polícia Federal americana), do DoJ e do Departamento de Estado dos EUA.

ii A história foi amplamente denunciada por diversos autos, como Daniel Koslowsky Herz de Porto Alegre, em seu célebre livro sobre a história da emissora, intitulado: A História Secreta da Rede Globo (1983), em que faz uma minuciosa explanação das obscuras relações da Time Life com o grupo Globo.

iii Colônia de Acumulação Primitiva de Capital.