QUEM MAIS PERDEU E SOFREU COM A COVID?
Os primeiros casos de COVID 19 foram identificados e notificados à Organização Mundial da Saúde (OMS), pela China, em dezembro de 2019, que rapidamente pôs em prática as ações de controle da doença. No entanto, como um rastilho de pólvora, a doença se disseminou por todo o mundo. Até o dia 08 de fevereiro de 2022, mundialmente, já haviam sido notificados 396.558.014 (trezentos e noventa e seis milhões e quinhentos cinquenta e oito mil e quatorze) casos confirmados e 5.745.032 (cinco milhões, setecentos e quarenta e cinco mil e trinta e dois) óbitos, e haviam sido administradas 10.095.615.243 (dez bilhões, noventa e cinco milhões, seiscentos mil e duzentos e quarenta e três) doses de vacinas, sendo que 4.159.125.676 (quatro bilhões, cento e cinquenta e nove milhões, cento e vinte e cinco mil e seiscentos e setenta e seis) de pessoas haviam recebido vacinação completa, número ainda baixo para uma população mundial de 6.908.000.000 (seis bilhões, novecentos e oito milhões). Olhando o cenário internacional, vê-se que os países mais pobres têm percentual muito baixo de vacinação.
No Brasil, o primeiro caso foi notificado em março de 2020, quando já se observava a verdadeira tragédia mundial em curso, com cada país tomando medidas distintas de controle e, aqui no Brasil, uma política de saúde contraditória, sem uma coordenação nacional e muito caótica, resultado de uma política neoliberal, que se iniciou no governo de FHC e se acentuou com os governos de Michel Temer e Bolsonaro, reduzindo em 20 % os investimentos no SUS e desenvolvendo uma política anti-povo. Importante lembrar que o neoliberalismo desenvolveu a privatização de empresas estatais lucrativas, vendendo-as por preços insignificantes para o real valor das mesmas, retirando recursos públicos garantidos, como hoje se vê com o pré-sal. Além disto, desenvolveu a política do estado mínimo, diminuindo acentuadamente, o número de servidores públicos, particularmente na saúde e educação, setores que mais necessitam de recursos humanos para prestação de serviços adequados. Por isto, quando a pandemia chega, nacionalmente, o serviço de Vigilância em Saúde se encontra precarizado, com número de profissionais de saúde insuficiente, além de poucos com formação adequada para atuação em vigilância epidemiológica, dificultando muito as ações de controle da doença e com um governo federal que admite, em vídeo que vazou, passar a boiada sobre a população para garantir as manobras do grande capital para sobreviver à crise e manter o capitalismo. Com este governo, chegamos ao cúmulo de desnortear as orientações, com cada governo estadual e municipal, tentando dar uma solução, nem sempre unificada e baseada no controle da doença.
Analisando os dados publicados pela OMS, podemos ver que a China, socialista, o país com a maior população do mundo - 1.412.100.000 (1 bilhão, quatrocentos e doze milhões e cem mil) - teve notificados, até 08/02/2022, 141.817 (cento e quarenta e um mil, oitocentos e dezessete) casos, 5.700 (sete mil e setecentos) óbitos e 1.235.247.554 (um bilhão duzentos e trinta e cinco milhões, duzentos e quarenta e sete mil e quinhentos e cinquenta e quatro) pessoas com vacinação completa, o que representa 87,5% da população chinesa. Importante ressaltar que a Coronavac, de fabricação chinesa, foi a vacina utilizada na população. Em Cuba - população de 11.330.000 ( onze milhões, trezentos e trinta mil) -, país socialista, foram notificados, até esta mesma data citada, 1.054.909 (um milhão, cinquenta e quatro mil e novecentos e nove) casos, 8.443 (oito mil e quatrocentos e quarenta e três) óbitos e 9.836.613 (nove milhões, oitocentos e trinta e seis mil e seiscentos e treze) pessoas já estão com vacinação completa, também com vacinas fabricadas no próprio país, significando 87 % da população vacinada. Apesar de todo o bloqueio econômico feito pelos EUA, Cuba consegue resultados significativos. E nos Estados Unidos da América do Norte, a grande potência do Capitalismo, com população de 331.900.000 (trezentos e trinta e um milhões e novecentos mil), foram notificados 75.890.112 (setenta e cinco milhões, oitocentos e noventa mil e cento e doze) casos, ocorreram 895.389 (oitocentos e noventa e cinco mil e trezentos e oitenta e nove) óbitos e tiveram vacinação completa 207.354.916 (duzentos e sete milhões, trezentos e cinquenta e quatro mil e novecentos e dezesseis) pessoas, representando 62,5 % da população com vacinação completa, não por falta de vacinas, mas pela disseminação de falsas notícias contra as vacinas. Nos diversos países capitalistas, a preocupação maior eram os investimentos, para saída da crise econômica.
O Setor privado da saúde, mundialmente, teve grandes lucros. Além destes, a indústria farmacêutica investiu na produção de vacinas, obtendo altos lucros; exemplo, a Pfizer, a Moderna e a BioNTech criaram 5 novos bilionários, durante a pandemia, e permitiram que seus lucros fossem de mais de mil dólares/segundo; as vacinas produzidas por estas empresas foram vendidas aos países mais ricos. Somente 1% destas vacinas chegaram para as pessoas de baixa renda. Pode-se verificar que, nos países de baixa renda, como na África, a cobertura vacinal é muito baixa.
Chama atenção que a maioria de óbitos, ocorreu, entre as pessoas mais pobres, moradores de áreas mais precárias, pretos e pardos, em locais sem acesso adequado ao Sistema de saúde.
No Brasil, até a mesma data citada acima, com uma população de 213.300.000 duzentos e treze milhões e trezentos mil), foram notificados 26.533.010 (vinte e seis milhões, quinhentos e trinta e três mil e dez) casos, 632.193 (seiscentos e trinta e dois mil e cento e noventa e três) óbitos e 151.280.529 (cento e cinquenta e um milhão, duzentos e oitenta mil e quinhentos e vinte e nove) estão com vacinação completa, que significa 71,2 % da população.
Os Estados Unidos da América é o país com maior número de notificações de casos e de óbitos, em seguida, a Índia fica em segundo lugar em número de casos e o Brasil, o terceiro; em número de óbitos, o Brasil ocupa o segundo lugar e a Índia o terceiro. Isto não acontece por acaso: os EUA têm um percentual significativo de pessoas que não têm acesso aos serviços de saúde, condenando a população mais pobre à falta de assistência, aumentando a taxa de mortalidade deles. A população preta de lá morreu muito mais que a branca. E isto não foi só lá. Segundo OCDE, pretos e pardos têm 1,5 vezes mais chance de morrer de COVID.
Observando os demais países europeus, asiáticos e da América, vemos algumas variações. Mas, todos devem lembrar as diversas novas ondas de aumento da doença. Mas, foram sempre os mais pobres a sofrerem.
Então, é necessário analisar alguns aspectos, como: qual a situação socioeconômica do mundo? A pandemia se inicia em grave momento de crise orgânica do capital, internacional. Os USA, com uma crise econômica agudizada, desde 2008, que tenta gerar soluções, cada vez mais aumentando o desemprego, busca saídas através da dominação econômica de outros países, como o Brasil e toda América Latina. Desde 2014, o Brasil passou a viver crise econômica, gerando o golpe contra o PT (cassação do mandato de Dilma e prisão de Lula), que só piorou com a saída do PT do governo, uma vez que adotaram, novamente, a política neoliberal de entrega das estatais para o capital estrangeiro, de estado mínimo (redução dos servidores e não investimento em saúde e educação). Reforço que a falta de investimento em saúde e educação deixou como marca mais mortes na população trabalhadora. Além disto, o aumento do desemprego - chegamos a cerca de 17 milhões. Isto sem contar o subemprego, que gerou mais superexploração do trabalho. Hoje, temos pessoas trabalhando 16 horas/dia, semelhante ao início do capitalismo, trabalhando com entregas ou Uber.
Citamos com maiores detalhes 2 países socialistas e 1 capitalista, para ressaltar a condução da política de saúde em cada um deles, demonstrando a diferença de tratamento à população. Enquanto Cuba e China faziam um trabalho voltada para proteção da população, países capitalistas trabalhavam para voltar à produção. Quem podia ficar em casa, protegendo-se da COVID, a não ser quem tem emprego garantido ou é capitalista? Durante a pandemia, a crise orgânica do capital se agravou. Mas, uns poucos acumularam mais riquezas. Segundo levantamento da OXFAM, 2755 bilionários viram sua fortuna crescer mais, durante a pandemia, que nos últimos 14 anos. A riqueza dos 10 homens mais ricos do mundo dobrou, enquanto 99% da população diminuiu a renda. Segundo a "Word Inequality Lab "desde 1995, 1% dos mais ricos capturou 19 vezes mais do crescimento da riqueza global do que 50% dos mais pobres da humanidade. A expectativa de vida, em diversos países, em áreas mais pobres, é muito menor, que em áreas mais ricas. Verbas públicas foram investidas em vacinas, mas os mais beneficiados não foram os mais pobres, pois quem produziu as vacinas fez para obter lucro e não preocupada em combater a pandemia. Os lucros das indústrias farmacêuticas produtoras de vacinas foram imensos, quando deveriam ter como meta atender toda a população. Mas isto não é prioridade do capital.
O capitalismo já iniciou sua fase superior – muito bem estudada e descrita por Lênin (Imperialismo, fase superior do Capitalismo) –, e caminha para o seu final, vivemos a crise orgânica do capital, como bem descrita por Aluisio Bevilaqua. Chegamos na fase que, cada vez mais, se utiliza menos trabalhadores e se investe em capital fixo (compra de máquinas etc), gerando a tragédia de bilhões de desempregados e subempregados, no mundo, a miséria, a diminuição da expectativa de vida das populações mais pobres, o desenvolvimento tecnológico, que pouco serve aos trabalhadores, pois aumenta o desemprego, quando deveriam ser os principais beneficiados. Chegamos ao momento do capitalismo em que o sistema emperra o desenvolvimento das forças produtivas. É somente na sociedade socialista, que estas forças produtivas poderão se desenvolver livremente, para permitir que todo o desenvolvimento de tecnologia e dos seres humanos, seja benefício para toda a população, além de acelerar ainda mais este desenvolvimento.
Lutar por uma sociedade socialista, onde “o livre desenvolvimento de cada um seja a condição para desenvolvimento de todos”, como dizia Karl Marx, está na ordem do dia. Buscar governos populares, que tenham um olhar para os trabalhadores, é importante e essencial para esta luta, mas não será o suficiente, pois o grande capital, internacionalmente, está organizado e buscando soluções, chegando à luta armada e genocídios, como foi a pandemia do COVID, quando o cuidado aos mais pobres foi tão precário, levando milhões de pessoas à morte, como ocorre no dia a dia das favelas, como ocorreu e continua ocorrendo, a invasão de países pelos Estados Unidos, matando pessoas, intervindo em outros países, sob a falsa alegação de “defesa da democracia” e ameaças constantes à Rússia, China, Venezuela, à República Popular da Coreia e o eterno bloqueio econômico à Cuba.
Além de intervir nos diversos países na América Latina, ferindo sua soberania, como a ação realizada no Brasil para afastamento do governo do PT, o afastamento de Evo Morales, da Bolívia, a tentativa de invasão da Venezuela e a tentativa de impedir a eleição de Daniel Ortega, na Nicarágua. O atual presidente da República e a maioria do Congresso Nacional, como apoiam o capital norte-americano - capital financeiro -, fazem vista grossa a toda ação do capital que massacra a população de toda a América Latina, quando não apoiam abertamente a invasão de países, como fez o presidente do Brasil com a Venezuela. Enquanto o presidente em exercício no Brasil faz todo tipo de coisas bizarras, chamando a atenção da mídia, que lhe dá visibilidade, o Ministro da Economia age, o tempo todo, a favor do grande capital, junto com a maioria do Congresso Nacional, sem que o essencial seja discutido e denunciado, como a entrega de grandes empresas estatais - Petrobras, Eletrobras etc -, entregando todo o patrimônio do povo brasileiro, favorecendo o capital financeiro. Eleger um presidente progressista nas próximas eleições e derrotar o atual, deve ser nossa luta mais imediata.
Mas, é preciso refletir sobre isto tudo e pensar a longo prazo! O capitalismo dá sinais de seus estertores finais e, para acabar com esta exploração intensa dos trabalhadores que, cada vez mais, vivem em condições indignas de um ser humano, é preciso lutar por uma sociedade socialista, onde não haja exploração do ser humano.
É preciso que a imprensa livre e independente, marxista-leninista, divulgue a realidade social e toda a falsa interpretação dos meios de comunicação a serviço do imperialismo. Denunciar e divulgar o genocídio praticado pelo sistema capitalista, que condena milhões de brasileiros e no mundo inteiro à miséria, pelo desemprego, fome, falta de moradia e assistência inadequada à saúde, precarização da educação e etc.
É preciso divulgar para todos os trabalhadores, a ciência Marxista-leninista, desenvolvida no século 19, que os intelectuais da burguesia tentaram desmoralizar e dizer que estava morta, mas que cada vez mais se mostra como guia para a construção de uma nova sociedade a favor dos trabalhadores.
A luta é dura e será longa, mas é preciso travá-la, desde já! O socialismo é inevitável, mas é preciso estudar, organizar e desenvolver uma luta, pois ele não cairá sozinho e espontaneamente!
Ousar Lutar, ousar vencer!
Conselho do PCML(Br)