Sobre nossa visão e ação na Luta de Classes

Editorial do Inverta n.285

Sobre nossa visão e ação na Luta de Classes

 

 

Novamente, observa-se em todos os cantos, seja no plano nacional ou internacional, a intensificação dos acontecimentos políticos, econômicos e sociais. Estes acontecimentos, além de darem uma clara demonstração da intensificação da Luta de Classes, revelam o sentido histórico da mesma, na medida em que expressam em quantidade a forma e o conteúdo de classe predominantes no processo. Nosso Partido, cuja formação (Refundação) repousa na análise teórica sobre a realidade histórica da Luta de Classes nacional e internacional, já há algum tempo estabeleceu uma clara e objetiva visão sobre toda esta conjuntura.

Os camaradas que nos acompanham ao longo desses anos de luta podem facilmente comprovar esta assertiva. Quem poderia esquecer as teses sobre a Revolução Brasileira lançadas em 1996 sob o título “Reacender a Chama”? Ali, com todas as cores, realçamos a idéia da crise geral do sistema como fato inexorável no Brasil e no mundo e, sem dúvida, o que vivemos na atualidade não é senão a vivência dessa histórica realidade. Ali afirmávamos textualmente que a crise que se projetava seria similar à vivida em 1929; além disso que tal crise se manifestaria por um crack na Bolsa de Valores, e que, em tais circunstâncias, a humanidade estaria sob a ameaça de uma nova guerra mundial.

Quem olha para a conjuntura internacional cinco anos depois desta análise apresentada por nosso Partido e vê a crise econômica e política em que mergulhou os Estados Unidos acompanhando a Europa Unificada e o Japão (cerca de 70% da economia mundial), vê se acentuarem os conflitos e demandas militares no Oriente Médio, Balcãs, Ásia, e América Latina; o recrudescimento da guerra suja, não tem como negar o acerto de nossas previsões. Mas não é apenas no campo internacional que nossas previsões se revelaram corretas; quem queira comprovar este fato que veja a nossa análise sobre a crise econômica, social e política no Brasil.

Em nossas teses afirmávamos que o Brasil sofreria um forte impacto, chegando a constituir uma crise revolucionária e esta assertiva não se fundamentava apenas na dedução lógica entre a realidade nacional e a internacional, mas sobretudo, nas próprias contradições do desenvolvimento capitalista no Brasil.

Afirmávamos também que o Brasil havia chegado ao estágio do capital monopolista, base sobre a qual a Lei Geral da Acumulação se manifesta com toda força e que semelhante contradição não se poderia resolver fora da solução histórica encontrada pela burguesia durante a passagem do século XIX ao século XX, isto é, a solução imperialista. E, como o capitalismo no Brasil e a burguesia brasileira se desenvolveram historicamente subordinados ao imperialismo, ou seja, ao capital financeiro, dificilmente solucionaria esta contradição.

E assim, a nova política econômica do imperialismo, o neoliberalismo, tanto agravaria todas as contradições sociais no país, como o tornaria ainda mais vulnerável frente à situação internacional. Vê-se assim diante da realidade, nos últimos cinco anos, o quanto de verdadeiro em nossas teses fundamentou nosso trabalho revolucionário dentro da conjuntura e o quanto pode nos causar surpresa, os fatos que hoje dominam a cena histórica.

Como se pode deduzir de nossa análise, a maioria dos acontecimentos atuais já estavam previstos em nossas teses e, diante deste fato, uma indagação se impõe: se já possuíamos uma análise sobre o desenvolvimento histórico cinco anos antes dos fatos acontecerem, por que não fomos capazes, no curso deste processo, de construir uma intervenção mais efetiva na Luta de Classes no país, a exemplo de outras organizações de trabalhadores ou políticas supostamente de esquerda que passaram a ocupar um papel de destaque na imprensa burguesa?

A resposta a esta questão se encontra, por um lado, precisamente na relação que se estabelece entre a visão da ruptura e a ação necessária para levar a cabo uma Revolução vitoriosa no país, por outro lado, na relação entre a ação necessária ou tarefas históricas e os meios para se realizá-las.

No primeiro caso, a idéia da ação sempre nos coloca em contradição com a prática, na medida em que a intervenção humana (a Luta de Classes) demanda ações das classes em conflitos, alterando a cada momento a forma concreta com que se pode realizar a tarefa revolucionária; hoje diante da correlação de força desfavorável aos comunistas revolucionários brasileiros (herança da repressão da ditadura militar e erros históricos do Partido) não nos foi possível alçar ao primeiro plano as formas de luta revolucionárias, predominando o reformismo e a reação burguesa.

No segundo caso, além da intervenção das classes, dinamizando a realidade histórica e social, existe também toda uma realidade tecnológica e organizacional derivada da própria luta de classes nacional e internacional, que tornam as formas organizativas e os meios revolucionários passados superados em vários aspectos; e quanto mais superados e equivocados dentro de uma conjuntura dominada pela reação, mais os setores que se aferram a estas formas organizativas e métodos equivocados encontram espaço e são acalentados pela classe dominante.

Vê-se assim o mar de dificuldades que os comunistas revolucionários brasileiros encontram para levar a cabo, não somente suas tarefas históricas, mas e sobretudo às que se interpõem à constituição da organização necessária, a que vale dizer, a refundação nacional do Partido Comunista sobre os princípios marxistas-leninistas no Brasil. Por último, há que se falar também da luta ideológica que viceja a prática concreta do trabalho revolucionário. Esta, cercada de dúvidas e inconsequências tão comuns nestes tempos de reação – faz da vacilação, do desbunde, da covardia e ignorância um inimigo cruel e devastador das idéias revolucionárias.

Somente esse processo poderia explicar o porquê das teses que previam cinco anos antes os acontecimentos atuais não terem sido capazes de dominar subjetivamente os setores de vanguarda da classe operária e do campesinato no Brasil, ficando assim o nefasto sentimento e ardor de ver na realidade objetiva tudo aquilo que se poderia fazer como classe revolucionária e ainda não se fez.

Deste modo, à medida que a realidade histórica ao ritmo da Luta de Classes vai objetivamente vislumbrando o conteúdo social e político do processo, ou seja, um momento de reação dentro do quadro geral da transição do capitalismo ao socialismo, resta sempre a certeza científica na vitória da Revolução pela consciência que se forma historicamente na classe operária e no proletariado ao curso da Luta de Classes e da ação política e revolucionária dos comunistas e seu Partido refundado, o PCML (Partido Comunista Marxista-Leninista).

Pois aquilo que não se fez é a tarefa que está por fazer; e aos que ficam pelo caminho, renegam a luta e seu Partido, mesmo que façam coro comum com a reação, assim como a classe burguesa, não passarão!

 



Avante, Camaradas, nossa vitória é certa! Abaixo o revisionismo e o reformismo! Abaixo os renegados e traidores! Viva o proletariado brasileiro e seu Partido Comunista Marxista-Leninista!

 

 

P. I. Bvilla
OC do PCML