Medidas de Cavallo afetam Mercosul

Algumas medidas do Ministro da Economia da Argentina, Domingos Cavallo, poderão afetar as exportações do Brasil no Mercosul. Os setores mais atingidos serão: calçados, têxteis, auto-peças e papel.

Medidas de Cavallo afetam Mercosul


Por: Lúcio Fernando


Algumas medidas do Ministro da Economia da Argentina, Domingos Cavallo, poderão afetar as exportações do Brasil no Mercosul. Os setores mais atingidos serão: calçados, têxteis, auto-peças e papel.

Já se sabe que o rebaixamento da TEC (Tarifa Externa Comum) para bens de capital afetará 40,2% das exportações brasileiras e os principais produtos que perderão mercados serão: monitores, impressoras, aparelhos de ar condicionado, telefones celulares, entre outros.

Domingos Cavallo afirmou ainda que não mudará a conversibilidade entre o peso e o dólar de 1 para 1, que fez com que a Argentina crescesse cerca de 50% em 10 anos, mas aumentou o desemprego para 15%, o que significou mais de 2 milhões sem ocupação no país.

A conversibilidade faliu em três aspectos: no social, no macroeconômico e na competitividade industrial. A batalha inicial de Cavallo é a distribuição de renda que vem se agravando desde 1995; e o prejuízo da arrecadação em que o imposto sobre movimentações bancárias será o meio de aumentar a receita fiscal. A competitividade industrial é outra tarefa do novo Ministro da Economia da Argentina, que pelos cálculos está defasada em 20%.

Outro problema a ser resolvido é o déficit público, que Cavallo repartirá com os setores econômicos mais atrasados em exportações e investimentos para protegê-los das mudanças ocorridas nas conjunturas internacionais, o que na realidade é uma espécie de desvalorização da moeda indireta. A solução da tarefa social está ligada ao sucesso da solvência fiscal e da competitividade que poderá fazer a economia crescer e proporcionar reformas estruturais que geram empregos e capacitação profissional.

  Cavallo, que lançou recentemente um livro sobre o tema, afirmou que o Mercosul deveria ser uma Área de Livre Comércio e não uma União Alfandegária como é atualmente. Ele fez uma crítica ao Bloco Econômico dizendo que é mais interessante para a Argentina a aliança comercial com o Nafta e depois com a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) em que as trocas internacionais serão muito mais lucrativas para a Argentina.

No livro, Cavallo afirma ainda que apesar do Mercosul ser um sucesso será necessário um maior intercâmbio para que o bloco tenha independência em relação às pressões norte-americanas. Atualmente o Mercosul está estagnado nas suas trocas comerciais, embora seja na realidade um sucesso para os seus quatro parceiros, é necessário um novo incremento de negociações com outros blocos econômicos, como a UE (União Européia) e o Nafta (Área de Livre Comércio da América do Norte).

O efeito das medidas tomadas por Cavallo sobre o comércio entre Brasil e Argentina será mais um obstáculo para o Mercosul se consolidar, já que, segundo o Ministro da Economia da Argentina, esta será uma decisão tomada unilateralmente pelo país, como também foi unilateral a desvalorização do real em 1999, afetando as relações entre os dois parceiros comerciais do Mercosul.