Luiza Malê e o Dia Internacional das Mulheres
O período da História do Brasil que vai de 1831, ano da abdicação do primeiro imperador, até 1848/49, data da última grande revolta anti-oligárquica do Império, é marcado por várias rebeliões, algumas delas de claro conteúdo popular.
A revolta dos malês, de 1835, na Bahia, é uma delas. Desse movimento participaram africanos islamizados que sabiam ler e escrever e se empenharam decididamente em derrubar o governo local para conquistar sua liberdade. A presença desses escravos vinha aumentando de forma crescente em Salvador, na época, não mais a capital do Brasil, mas importante centro urbano, e o trabalho de sublevação que vinham realizando era visto como uma terrível ameça pelas classes dominantes.
A força que os malês vão adquirindo os permite sonhar com a libertação, com a tomada do poder e a instalação de um reino livre. Para isso contam com surpreendente trabalho de organização com distribuição de panfletos nas ruas por meninos que os recebiam de vendedoras de quitutes. Uma dessas vendedoras se chamava Luiza, que desempenhou papel importante nessa revolta e na Sabinada, que ocorreria em 1837.
O levante é derrotado depois de intensos combates no quartel de cavalaria de Água dos Meninos. Os líderes são enforcados ou deportados para a África, mas Luzia teria escapado e seria lembrada décadas depois por seu filho, Luís Gama, que enaltecia a altivez e coragem de sua mãe. Na época, Gama prosseguia a luta de Luiza, como ativo abolicionista. Era jornalista e cumpriu importante papel na formação de uma opinião pública favorável à libertação dos escravos.
Hoje, 180 anos depois da Revolta dos Malês, no Dia Internacional das Mulheres, temos conquistas importantes a registrar, como a recente reeleição da presidenta Dilma Rousseff, que se alinha ao lado dos governos que se opõe ao neoliberalismo em Nossa América, que acabou de sair vitoriosa na disputa eleitoral contra o candidato das oligarquias mais reacionárias e alinhadas aos interesses imperialistas e que insistem em não aceitar a derrota.
Assim é oportuno lembrar das nossas lutas e da necessidade das mulheres e homens apontarem que a verdadeira libertação do proletariado só virá com a conquista do socialismo, regime capaz de iniciar a grande luta pelo fim da dominação de uma classe sobre a outra, capaz de acabar com toda forma de escravismo, desde o primeiro, que foi a submissão da mulher ao patriarcalismo, até as modernas formas capitalistas de exploração.
Viva o Dia Internacional das Mulheres!
Viva os 180 anos da Revolta dos Malês! Viva Luiza Malê!
Contra as manobras golpistas!
8 de março de 2015 – Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais – CEPPES / Juventude 5 de Julho – J5J / Partido Comunista Marxista Leninista – PCML (Brasil) / MLPS – Movimento Nacional de Lutas pelo Socialismo / Casa das Américas – Núcleo Nova Friburgo