Despejo violento da Ocupação Pinheirinho

Na manhã de domingo, dia 22, sob a ordem do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que desrespeitou um acordo selado entre parlamentares interlocutores e representantes da Ocupação Pinheirinho, a tropa de choque do Estado de São Paulo invadiu a área com cerca de 2 mil efetivos para cumprir a ordem de reintegração determinada pela juíza da 6ª. Vara Cível de São José dos Campos, Márcia Loureiro. Os moradores, pegos de surpresa, estão isolados e sendo vítimas das mais diversas formas de brutalidade.   

Em entrevista telefônica com Helena Silvestre, da Frente Resistência Urbana, fomos informados de que na operação estão sendo utilizados helicópteros, bombas de gás de efeito moral, balas e gás pimenta, além de violência para a retirada de moradores, que permanecem resistindo. Neste momento, mais de 2000 pessoas se encontram em uma Igreja do local, sem saber para onde ir e o que fazer. Estas famílias já perderam todos os seus pertences. Há muitos feridos e rumores de pessoas assassinadas, entre elas uma criança de três anos de idade. Porém, nenhuma informação é oficial, já que mesmo as lideranças estão com dificuldade de obter informação pois a tropa de choque fechou todas as entradas e saídas do acampamento. Ninguém sabe direito o que está acontecendo lá dentro, disse Helena.     

A reintegração já havia sido suspensa pelo TRT na última sexta-feira, pelo Tribunal Regional Federal – 3ª. Região. A juíza Márcia Loureiro, entretanto, não reconheceu a liminar do TRF e manteve a ordem de reintegração. Segundo o presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, a Polícia Militar cometeu um "grave erro" ao realizar a reintegração de posse já que "foi uma desobediência à uma ordem judicial, a PM não poderia ter feito essa operação. O correto seria suspender o processo e aguardar uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça)".

Moradores de bairros vizinhos ao Pinheirinho também se revoltaram contra a invasão da Tropa de Choque à Ocupação e entraram em enfrentamento contra a Guarda Civil, que está apoiando a Polícia Militar. A cerca do Centro Poliesportivo do Campo dos Alemães, preparado para abrigar os moradores após a reintegração de posse, foi derrubada. A imprensa burguesa noticiou que apenas um homem foi baleado e está internado em estado grave no Pronto Socorro Municipal da Vila Industrial. Porém, testemunhas dizem que há pelo menos 8 pessoas desaparecidas e mais de 30 carros queimados.

Histórico

A Ocupação Pinheirinho existe há quase oito anos e fica na propriedade da massa falida da Selecta S/A, do especulador financeiro Naji Nahas. O local, que ficou abandonado por 30 anos, hoje serve de moradia para 9 mil moradores sem-teto.

Motivada pela falta de uma política habitacional da Prefeitura, os moradores tentaram abrir diálogo com o prefeito Eduardo Cury (PSDB), mas ele sempre resistiu em regularizar a área.

Recentemente, os governos federal e estadual já haviam se manifestado no sentido de assinar um protocolo de intenções para regularização do Pinheirinho, mas o prefeito, mais uma vez, se omitiu e até agora não demonstrou interesse em assinar o documento. A regularização não iria gerar qualquer custo para o município.

Todas as manifestações de apoio e solidariedade estão sendo recebidas com bombas e repressão. Por volta de 16h deste domingo, o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) Guilherme Boulos foi espancado pela Polícia Militar e levado até a delegacia. Junto a ele, outros dirigentes nacionais, membros da imprensa e parlamentares sofreram também agressões físicas por parte da Polícia Militar.

A situação ainda é grave e todo o tipo de manifestação de apoio e solidariedade é necessária para frear a violência e construir uma saída digna para as famílias.

Sucursal São Paulo

Movimento Nacional de Luta contra o Neoliberalismo e o PCML(Brasil) condenam ação da polícia e despejo da Ocupação Pinheirinho

Mais uma vez a burguesia demonstra sua sede de sangue proletário.

Mais uma vez a mídia nazi-fascista mente, e mente muito. Apresenta as vítimas, família trabalhadoras como criminosos armados para a guerra, apresenta todo um bairro popular como uma cracolândia, a exemplo da reportagem de domingo à noite da TV Globo. Já o criminoso Naji Nahas ri a toa, afinal seu "direito" à especulação imobiliária vale mais que a dignidade de milhares de pessoas.

Nos solidarizamos com todos os moradores e lutadores da ocupação Pinheirinho e afirmamos uma vez mais: hoje reunimos nossas forças, organizamos os Comitês de Luta contra o Neoliberalismo em todo o país,  trabalhamos para através do Jornal Inverta divulgar nossa verdade de classe, e juramos companheiros, nosso dia chegará!

MNLCN e PCML(Br)