Copa para quem?
A notícia de que Copa do Mundo de 2014 será sediada em nosso país já corre solta. Mas será que já paramos para pensar o porquê da FIFA ter escolhido o Brasil para o evento?
O motivo é que quando o assunto é Copa do Mundo, o futebol é apenas um simples detalhe que fica em segundo plano. Os megaeventos esportivos funcionam como espetáculos. São acompanhados pelo mundo todo e nos lugares onde ocorrem são vistos como um meio de enriquecimento através dos negócios realizados. Este esporte, que representa para nós uma paixão nacional, será usado para justificar as grandes obras que vão favorecer ao grande capital em detrimento da luta da população pobre por sua sobrevivência.
Já foi anunciado que pelo menos 60 mil pessoas, só em São Paulo, serão removidas para dar espaço para que os senhores do dinheiro construam sua obras. Uma das regiões mais afetadas da cidade será Itaquera, na Zona Leste, local da construção do estádio do Corinthians, onde cerca de 300 pessoas se reuniram no último dia 30 de julho para dizer que Copa do Mundo querem.
“Não queremos que ocorra aqui o que aconteceu na África do Sul em 2010, quando a população pobre foi mandada embora e as cidades foram “higienizadas”, quando vendedores ambulantes foram expulsos das proximidades e ao longo dos acessos aos estádios para dar lugar aos produtos dos patrocinadores da FIFA”, disse Dna. Zélia, moradora do bairro há mais de 30 anos. Segundo a moradora, toda a atual infraestrutura que a região dispõe, e que será entregue de mãos beijadas para os abastados futuros moradores dos condomínios de luxo que serão construídos, foi fruto de muita luta social; luta que terá que recomeçar pois esta população será empurrada para regiões ainda mais distantes e precárias.
A FIFA possui sua própria força para-policial para impor suas regras, ferindo a nossa soberania nacional. Além disso, conta com o aparato repressivo do Estado para conter a população e garantir a estabilidade durante o evento, uma belíssima vitrine internacional da imagem do país. Os vendedores de rua, que sempre foram perseguidos com brutais expulsões e confiscos de bens, por exemplo, também estão sentindo na pele que as autoridades aumentaram os ataques, em especial no último ano. Nem os vendedores de frutas conseguem mais trabalhar.
Para enfrentar os graves problemas trazidos pela preparação e realização deste tipo de megaevento esportivo para a nossa cidade, precisamos entender o que está em jogo: organizar as comunidades e movimentos para uma crítica a esse modelo, além de unirmos nossas forças.
Devemos questionar essa ação irresponsável que atropela os direitos das pessoas na luta por sua sobrevivência, que cria falsas expectativas na população quanto a mudanças em seu cotidiano e benefícios por decorrência das novas obras.
Juventude 5 de Julho SP