Campo de Refugiados em Itaguaí, A cidade do Porto
O 1º de Maio em Itaguaí, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, foi um dia de movimentação: Um grande terreno da Petrobrás, usado para despejo dos lixos dos valões da cidade, foi ocupado por centenas de famílias.
O movimento, organizado pelas redes sociais, denominado “Movimento do Povo”, reuniu pessoas em situação de vulnerabilidade, expostas à falta de moradias, fome, Pandemia de covid e violência policial. Em sua maioria são famílias ,oriundas da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro e da própria comunidade local.
Itaguaí, localizada a 70 km do Centro da Capital do estado do Rio de Janeiro, tem uma população estimada pelo IBGE, em cerca de 135.819 habitantes. Hoje, sua importância é grande para economia nacional, devido ao Porto de Itaguaí, um dos principais polos de exportação do minério do país e com grande movimentação de contêineres.
A área, ocupada pelo acampamento Campo de Refugiados 1º de Maio, que compreende 725 hectares, pertence a Petrobrás, uma empresa majoritariamente pública e nacional, portanto é área da União. Ela foi, na gestão do governo Sarney, na década de 80, destinada a criação do Polo Petroquímico de Itaguaí, desde então estava abandonada, isso à quase 35 anos, sendo utilizada de forma degradante pela prefeitura local que deposita ali, dejetos recolhidos nos valões da cidade.
Segundo Eric Vermelho, nome pelo qual é conhecido um dos líderes do acampamento, a área ocupada, por pertencer a Petrobrás, pertence ao povo brasileiro.
A FUP Federação Única dos Petroleiros apoia o movimento, junto com o Sindpetro -Norte Fluminense, já que além de protestar contra a falta de moradia, a fome, a falta de vacina contra Covid para toda população, o movimento também protesta contra a política de aumento dos combustíveis, principalmente gás de cozinha.
O acampamento de Refugiados Primeiro de Maio além da esmagadora maioria de brasileiros, tem em sua composição outras nacionalidades : haitianos, venezuelanos, nigerianos e portugueses, que se refugiam junto com brasileiros, da situação de caos instalada no país pela política neoliberal.
O acampamento que começou com 500 famílias organizadas no whatsApp, entrará o mês de Junho com 2 mil barracas e 5 mil pessoas que estão sendo cadastradas e organizadas. Só de crianças já se tem um total de 500.
A proposta dessa ocupação urbana, é além de se refugiar do genocídio imposto pelo governo neoliberal de Bolsonaro, é resistir, criar moradias dignas nesse terreno abandonado, um parque municipal para os bairros da região e uma horta comunitária para alimentar as famílias.
Rosemere Rodrigues - CNCN