Camelôs do RJ protestam contra uso de armas não-letais pela Guarda Municipal

Os trabalhadores do comércio informal da cidade do Rio de Janeiro protestam contra a aprovação do Projeto De Emenda À Lei Orgânica 16/2014, que autoriza o porte e uso de armas “não-letais”, entre elas o taser, pelos agentes da Guarda Municipal. A medida foi aprovada no último dia 20/06 em segunda discussão e não precisa da sanção do prefeito para entrar em vigor.

Os trabalhadores do comércio informal da cidade do Rio de Janeiro protestam contra a aprovação do Projeto De Emenda À Lei Orgânica 16/2014, que autoriza o porte e uso de armas “não-letais”, entre elas o taser, pelos agentes da Guarda Municipal. A medida foi aprovada no último dia 20/06 em segunda discussão e não precisa da sanção do prefeito para entrar em vigor.

Os camelôs reclamam da repressão que sofrem e afirmam que com essa medida aumentará ainda mais a violência por parte da Guarda Municipal, já que esta instituição é a responsável por fiscalizar o trabalho da categoria nas ruas da cidade.

“Sempre falam que eles querem as armas mas não querem fiscalizar os camelôs. Nós camelôs não queremos nem as armas, nem eles fiscalizando a gente. O abuso deles [guardas municipais] com a categoria, com os camelôs é tão grande, que se eles estivessem armados seria muito pior, ia ter até morte”, afirmou Maria de Lurdes, representante do MUCA – Movimento Unido dos Camelôs.

Outra trabalhadora denuncia: “Eu tenho autorização [para trabalhar], mas outro dia eles [guardas] chegaram e pediram cinco cervejas. É como se me colocassem na parede: ou você me dá ou eu vou apreender. Isso é só um exemplo. Eles tomam mercadorias e não dão auto de apreensão. Uma vez apreenderam a mercadoria de um rapaz e ainda deram um tapa na cara desse rapaz”, contou Lúcia Lopes, camelô há 34 anos.

Em discurso na Câmara, o vereador Reimont (PT) lembra ainda que a Guarda Municipal armada representa um perigo não só para os trabalhadores ambulantes da cidade, mas também para a população em situação de rua. “A truculência do Estado, através de sua instituição Guarda Municipal, não é uma ação que se volta apenas contra o comércio ambulante. A truculência se dá em cima daqueles que são mais vulneráveis. Quando a gente fala de arma não-letal, estamos falando de taser. O que provocaria um choque de taser em um homem que vive nas ruas e que é população em situação de rua, que está vulnerável, que está com sua imunidade baixa? Pode ou não pode ser letal? É claro que pode. Outro dia, em uma passeata, nós tivemos uma professora com um braço quebrado pela Guarda Municipal. Há um projeto de cidade em que os pequenos têm que ser abatidos e com isso nós não podemos concordar.”

Apesar da aprovação da medida, os camelôs continuam mobilizados e na luta em defesa dos direitos da categoria. “Nós tentamos conversar com o prefeito. A gente quer a cidade organizada, a gente tem proposta de organização. Então cabe a prefeitura sentar com a gente e discutir essa proposta de organização. Não adianta a prefeitura sentar lá dentro com torturador, que é o comandante da Ordem Pública e querer impor o que decidir com ele. Tem que sentar e discutir com a categoria.”

 

Sucursal RJ

Érica Gonçalves