Abril Vermelho: Homenageado MST relembra os tombados em Eldorado Carajás
Trabalhadores rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de diversas regiões do Rio, lotaram, no dia 14/04, o plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), para a cerimônia de entrega da Medalha Tiradentes concedida à organização pelo deputado Paulo Ramos.
Uma das mais importantes honrarias entregues pelo poder público a pessoas e instituições, em sinal de respeito e consideração. A cerimônia contou com a participação de alguns dos mais importantes defensores dos movimentos sociais, como o dirigente dos Sindicatos dos Petroleiros, Emanuel Cancella; o economista Sidney Pascoutto; o Cônsul Geral da República Bolivariana da Venezuela, no Rio, o Dr. Edgar Gonzalez Marin; a atriz da Companhia Ensaio Aberto,Tuca Moraes; o jurista Miguel Baldez; e os parlamentares Robson Leite, Gilberto Palmares e Inês Pandeló, do PT, Marcelo Freixo, do PSOL; e Jânio Mendes, do PDT.
A dirigente Nacional do MST, Marina Santos, que detalhou, ao receber a comenda, um pouco da história do conflito que deixou19 trabalhadores mortos, entre eles o jovem Oziel Alves, de 17 anos, que desafiou os policiais assassinos ao gritar de joelhos: “viva o MST! viva a Reforma Agrária! antes de ser fuzilado pelas armas oficiais do Estado do Pará. Marina concluiu dizendo que o dia 17 de abril tornou-se o Dia Nacional e Internacional de Luta pela Terra e afirmou: “como o menino Oziel, vamos seguir lutando até a morte pela Reforma Agrária neste país!”.
Ao final da Cerimônia o MST e dezenas de entidades presentes fizeram um ato público nas escadarias da ALERJ, e se caminharam para a Av. Presidente Vargas, no Centro-RJ, para relembrar à sociedade os 15 anos do massacre do Eldorado dos Carajás, no Pará, em que até hoje ninguém foi punido. A caminhada foi muito contagiante, as pessoas paravam para ouvir nosso protesto e até os estudantes das escolas públicas do Rio gritavam por reforma agrária. Enquanto alguns amigos falavam do motivo da caminhada, outros entregavam panfletos para população, que diziam:15 anos de impunidade do massacre de Eldorado dos Carajás: Ato pela reforma agrária e contra os agrotóxicos, com as seguintes exigências: punição aos responsáveis pelo massacre de Eldorado dos Carajás! Fim da violência no campo! Mais recursos para reforma agrária no orçamento federal de 2011!Assentamento imediato das famílias acampadas! Proibição do uso de venenos! Campanha contra os agrotóxicos e pela vida!
A caminhada foi encerrada na sede do Incra no Rio de Janeiro, que atualmente encontra-se numa sala alugada do Detran. Ao chegarmos encontramos as portas fechadas, o que causou certo tumulto. Conseguimos ligar para a sala do Incra e falar com o superintendente Gustavo Souto Noronha, que logo liberou uma equipe de cada região para subir e fazer as negociações para as seguintes pautas: 1-pauta fundiária (vistorias e obtenções, agilizar kits decretos, áreas com decreto de desapropriação, áreas com pedidos de emissão de posse, outras áreas em conflito); 2-desenvolvimento dos assentamentos assistência técnica e extensão rural, parcelamento, créditos (aquisição de material de construção, infraestrutura básica: estradas, programa terra, sol, casa de farinha, capacitação dos assentados para produção apícola, construção de uma casa de mel no assentamento Roseli Nunes em Piraí/RJ, licenciamento ambiental; 3-educação: construção de escolas do ensino fundamental ao ensino médio e reformas e aplicações de escolas. Enquanto a equipe da negociação discutia a pauta junto ao Incra, os outros integrantes fizeram acampamento do lado de fora nesses dois dias de negociação. Onde as refeições foram distribuídas, os militantes reuniam o pessoal para dar informes e manter as tarefas dos dias que permaneceram acampados. Uma escola próxima ao local do acampamento cedeu o banheiro para do pessoal. Após o fim da negociação todos seguiram para suas regiões, levando consigo a sensação de que a reforma agrária tem que ser tratada com mais interesse por parte do poder público.
Aurea Andréia
Acampamento Marli pereira da Silva - MST