A greve dos profissionais da Educação: Um passo à frente, porém dois atrás

Matéria e chamado à luta do Comitê de Lutas contra o Neoliberalismo da Educação - RJ
Na primeira semana de greve dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro, na qual reivindicam: reajuste emergencial de 26%; incorporação imediata da totalidade da gratificação chamada de Nova Escola; e descongelamento do Plano de Carreira dos Funcionários administrativos.


A diretoria do SEPE defendeu e a categoria aprovou encaminhamentos que contribuíram para a nossa classe de educadores dar um passo à frente no intuito de caminhar para a unidade da classe e de toda classe trabalhadora.


A Assembleia, do dia 07/06, em uma decisão acertada entrou em greve para dar resposta às propostas paliativas do governo do Estado, e deu uma demonstração de solidariedade proletária, pois naquele momento que entramos em greve os bombeiros que estavam em luta por não terem sido recebidos pelo governador do estado ou seus secretários, realizaram várias manifestações na cidade do Rio de Janeiro até culminarem com a ocupação do setor de comando da corporação, o Quartel Central, junto com seus familiares, resultando na represália violenta ao movimento, sendo presos 439 bombeiros no dia 03/06.


Na mesma assembleia a categoria aprovou uma passeata na quinta-feira (09/06) da Candelária até a Alerj, onde estariam os bombeiros, como demonstração de resistência e solidariedade entre servidores civis e militares, sofrendo as mesmas injustiças e discriminações.


Deliberou-se também uma marcha junto com os bombeiros na passeata do dia 12 de junho. Esta reuniu cerca de 100 mil manifestantes entre eles bombeiros e seus familiares, profissionais da educação e da saúde, petroleiros, jovens, estudantes e a população em geral.


Um momento histórico na luta do povo no Rio de Janeiro. Simplesmente o proletariado em seus trajes e sua ideologia em um ato de unidade que avermelhou o mar de Copacabana.


Porém, lamentavelmente, na assembleia do dia 14, a direção do SEPE deu mil passos atrás defendendo a divisão do nosso movimento com o dos bombeiros e outros servidores do estado, e consequentemente com o momento que se desenvolvia para a luta geral dos trabalhadores.


Passou na assembleia a proposta de que fosse feito um ato da nossa categoria na sexta-feira, isolado do dos bombeiros e demais categorias de servidores públicos, quando os servidores defendiam um ato unificado de servidores públicos na quinta-feira consagrado como Dia Nacional de Luta dos Servidores Públicos.


Outra ação que caracteriza os mil passos atrás foi a proposta aprovada com relação a cor que passaria a ser o símbolo de luta dos profissionais da Educação: O Preto, em oposição ao Vermelho que é o símbolo dos bombeiros que neste momento estão vanguardeando a luta econômica em todo o Brasil.


Esta proposta, além de significar o revisionismo e uma posição ideológica antirrevolucionária, é também uma proposta racista e de desesperança. A ideia da direção quando aprovou a cor preta era a de que a categoria está de luto, então a educação morreu? Isto representa a ratificação de uma tradição da sociedade burguesa de que o preto representa sempre o mal (morte, vala negra, a coisa está preta).


E a aceitação de que a educação morreu! A educação não morreu, apesar das iniciativas da classe dominante de negar a verdadeira educação revolucionária omitindo os objetivos do processo educacional que é proporcionar a todo indivíduo o desenvolvimento de suas potencialidades, não investe nem na Infraestrutura nem nos recursos humanos e manipula a verdadeira história da humanidade no processo de luta de classes, transformando a História na educação formal como sendo a contada pelos dominantes.


A educação está mais viva do que nunca, todo o povo brasileiro questiona e debate desta educação tradicional, afinal os educadores Darci Ribeiro e Paulo Freire continuam vivos no pensamento e na ação em nosso processo educacional.


Na sexta-feira os profissionais da educação realizamos uma marcha fúnebre da Candelária ao Castelo, onde pretendiam encontrar o secretário de Planejamento e Gestão, Rui Porto, para apresentar nossas reivindicações.


No caminho paramos no Fórum da Justiça, onde solicitamos ao judiciário um parecer favorável à ilegalidade da ação do governo do Estado. Neste dia não fomos recebidos pelo secretário e apenas protocolamos uma ação judiciária pelo pagamento das horas de trabalho paradas.


Enquanto isso, a menos de 50 metros estavam os bombeiros que na quinta-feira retomaram a trincheira de combate (Alerj) por não terem sido atendidos em suas principais reivindicações: anistia administrativa e criminal dos 439 bombeiros acusados injustamente e o salário de R$ 2.000,00.


Esta ação foi realizada só pelos militares grevistas, pois o ato unificado no dia Nacional de luta dos servidores não ocorreu, só foram oportunisticamente as direções das outras categorias dos servidores públicos, inclusive do SEPE, para fazer uso da tribuna dos companheiros bombeiros como se fosse um palanque eleitoral.


O que fazer para voltarmos a dar dois passos à frente?


Devemos propor a unificação dos servidores públicos civis e militares a nível municipal, estadual e federal, através da unificação de seus calendários de luta pelas demandas mais sentidas de suas categorias.


Nesse processo de unidade, de formação de um espírito de classe, perceber os limites dessas lutas econômicas, expressadas por essas demandas mais sentidas, quando relacionamos as mesmas com a crise econômica mundial, que nesse momento se desenvolve com mais força na Europa, mas que mais cedo ou mais tarde se voltará para a América Latina e consequentemente para o Brasil, pois é um processo permanente, por sua condição geral e que se desloca de região para região.


Falamos isso porque entendemos que essa crise não é apenas mais uma crise de superprodução, mas sim, pelas características que desenvolve, ultrapassa as contradições do processo de produção elevando ao máximo a contradição homem x natureza, levando ao risco de se acabar com a vida no planeta.


Vivemos um período muito complexo da história da humanidade, devemos entender qual papel estará reservado para a América Latina e para o Brasil na geopolítica de dominação do imperialismo buscando dar sobrevida a seu sistema agonizante.


A partir do entendimento da relação existente entre nossas demandas mais sentidas (lutas econômicas) e a necessária relação das mesmas com a luta política revolucionária, conseguiremos avançar para a unidade com outros segmentos da classe trabalhadora, do povo pobre do campo e da cidade, que também se organizam pelas suas demandas, mas que também devem avançar para a formação de um grande movimento de luta contra o neoliberalismo, independente do processo eleitoral burguês e da institucionalidade burguesa e que venha a fazer frente à crise do capital, às tentativas imperialistas de “sair” da crise, à guerra e que leve ao desenvolvimento de uma Revolução Social. Neste sentido nossas propostas de luta são:


A - Lutar pela unidade de todos os servidores militares e civis, municipais, estaduais e federais, através da unificação de seus calendários de lutas;


B - Aprovar o vermelho como nossa cor de bandeira de luta com o espírito do vermelho significando a unidade na luta com os companheiros bombeiros e alusão à vida e ao sangue que corre em nossas veias; é como a educação palpitando, pulsando;


C - Melhores condições de vida e trabalho para os trabalhadores da educação;


D - Defesa da dignidade dos nossos alunos: alimentação, moradia, saúde, transporte, lazer, arte; Pela dignidade dos pais dos nossos alunos: Direito a trabalho com salário digno, nenhum pai de aluno deve estar desempregado;


E - Não à discriminação racial, de gênero e à homofobia;


F - Reafirmar as bandeiras de luta dos bombeiros, que são anistia já, o salário de R$2.000,00 e o vale-transporte;


G - Criação de um movimento nacional de luta contra o neoliberalismo que seja independente do processo eleitoral e da institucionalidade burguesa;


H - A defesa das nossas riquezas (o Petróleo e a Amazônia são nossos);


I - A defesa incondicional da soberania e a autonomia dos povos em luta;


J - Não a guerra e pela paz com justiça social;


L - A defesa pela existência da vida em nosso planeta.


Todos à passeata do dia 26/06/2011 às 9:00 no Aterro do Flamengo.


Comitê de Luta contra o Neoliberalismo – Educação (clcn_rj@hotmail.com)

Juventude 5 de Julho (jcincoj.rj@gmail.com)