20 de agosto: ato contra o conservadorismo em São Paulo
Quase 120 mil pessoas tomaram as ruas da capital de São Paulo contra o avanço do conservadorismo e em repúdio à tentativa de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. O ato, que saiu do Largo da Batata e foi até a Avenida Paulista, contou com a participação de diversos movimentos, dos mais amplos espectros políticos. Entre eles estavam presentes tanto os que compõem a base de apoio do PT como os movimentos e partidos que fazem oposição esquerdista à forma de governar do partido, mas que nesse momento parecem ter entendido que uma virada à direita por meio de um golpe de Estado prejudica a classe trabalhadora como um todo.
Junto a essas organizações, também participaram partidos e organizações de massa que, com base numa análise materialista-histórica da luta de classes no Brasil, sustentam um apoio crítico ao governo, como é o caso do Partido Comunista Marxista-Leninista, do Comitê de Lutas da Classe Trabalhadora e da Juventude 5 de Julho.
Para o professor estadual Antonio Carlos, do Partido da Causa Operária, o ato massivo da noite de sexta aconteceu mesmo com toda a desarticulação promovida pela grande mídia e ressaltou a importância de se barrar o golpe nesse momento para defendermos a Petrobrás e os direitos da classe trabalhadora contra os quais a direita golpista está se articulando.
Já Vinícius Freitas, militante do Partido Comunista Marxista-Leninista, disse que “a história mostrou repetidas vezes para onde leva a aliança de classes e recusa da social-democracia a empreender um processo de revolução social. O caráter fascista das manifestações da direita é só uma amostra do que está em disputa sob a fachada do impeachment golpista de Dilma. Não podemos deixar que passe o fascismo, apesar da imensa crítica que tenha de ser feita às medidas de ajuste fiscal sobre as costas da classe trabalhadora”.
Além da pauta do golpismo, estava na convocatória do ato o fim do ajuste fiscal, contra a Agenda Brasil e o “Fora Cunha e Levy!” A militante Luana, do movimento de moradia Terra Livre, disse que a organização foi para a rua falar contra as demissões que estão ocorrendo em massa, os diversos cortes de orçamento e, principalmente, pelas mudanças que tocam na questão da habitação como corte do programa Minha Casa, Minha Vida, sendo essas questões que se sobressaem ao jogo de disputa que está acontecendo no governo federal.
Tocando na questão do ajuste fiscal, o militante Gê da Intersindical explicou que estão se posicionando contra o “Fora Dilma”, mas que criticam a política de arrocho e desemprego, que deve ser atacada por estar à serviço dos grandes empresários.
Para Camila Campos, da Juventude 5 de Julho, “a pauta urgente do golpismo foi esvaziada pelas outras que, no geral são tratadas apenas no âmbito da crise de representação. Como se os diversos retrocessos que estamos claramente presenciando não estivessem vinculados à crise do capitalismo no mundo, que se reflete na postura mais ofensiva da burguesia brasileira contra um governo que minimamente propõe projetos em benefício da classe trabalhadora. Junto disso, mesmo com o importante avanço que é termos reunido hoje diversos movimentos com grandes diferenças tático-estratégicas na cidade mais rica e reacionária do país, ainda se viu ao longo da marcha a divisão entre setores e falas que ressaltavam que estavam ali presentes para se defender contra o que atinge suas frentes de trabalho.”
“Para barrar o golpe”, continua, “precisamos ter a mesma clareza que a burguesia tem para defendê-lo, e encará-lo como algo que trará efeitos catastróficos às trabalhadoras e trabalhadores, seja no âmbito de sua vida cotidiana, seja na marcha da sua Revolução que ainda se recupera da desarticulação provida pelo Golpe de 64. O golpe não pode passar!”
Redação de SP da J5J