MANIFESTO do 1º de Maio de 2024
O Primeiro de Maio precisa resgatar o ímpeto de luta da classe trabalhadora em todos os países que sofrem com a exploração do capital sobre o trabalho. Resgatar a organização subjetiva da classe trabalhadora para pôr fim ao modo de produção capitalista, que exalta o lucro acima de qualquer pessoa e sobre o meio ambiente.
A luta de classes tem se intensificado em todos os campos da sociedade burguesa, a Crise Orgânica do Capital manifesta-se com maior intensidade nos países capitalistas imperialistas mais desenvolvidos (G7), os capitalistas despertaram forças que já não podem controlar, a substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto que leva a uma tendência de que os países capitalistas mais desenvolvidos tenham uma taxa de produção de mais valia cada vez menor. Essa crise, a Orgânica do Capital, tem levado a ruptura da hegemonia e da ordem unipolar, comprovado com o surgimento dos BRICS, formados originalmente por África do Sul, Brasil, Rússia, Índia e China economias emergentes em 2006, e ampliado com Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã, na cúpula de Joanesburgo, em agosto de 2023, tornando-se uma força econômica com mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta, 23% do PIB global e 18% do comércio internacional, isso sem falar no poderio militar herdado pela Rússia da antiga URSS e dos avanços científicos que esses países representam globalmente.
Essa ruptura gerada da ordem mundial unipolar, fruto da Crise Orgânica do Capital faz com a burguesia dos países imperialistas se exaspere o que gera eventos como as guerras imperialistas patrocinadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia contra a Rússia, o recente ataque genocida de Israel contra o povo Palestino no Oriente Médio, que já deixou 76.770 feridos, ceifou mais 33.970 vidas palestinas, sendo 489 médicos, 140 jornalistas e pasmem 14.560 crianças e 9.582 mulheres (Ministério da Saúde Palestiniana, 19/Abr./2024). Os conflitos armados são transmitidos pelos monopólios da comunicação direcionando versões de interesse do capital, falseando a realidade e fortalecendo a ideologia imperialista.
O Brasil está inserido neste cenário internacional, onde tudo indica que caminhamos para um momento histórico decisivo para a humanidade. Mas, as nossas tarefas na luta de classes no Brasil precisam superar obstáculos gigantescos, no que se refere à organização da classe operária, o combate à ideologia divisionista do pós-modernismo, afrouxando o poder de organização da classe trabalhadora em movimentos identitários, reduzindo a consciência de classe ao invés de elevá-la de “classe em si” para “classe para si”, que tome o seu destino em suas mãos para se libertar dos grilhões do capitalismo.
O governo social democrata do presidente Lula (PT) junto com as massas que o elegeu barrou o protofascista Bolsonarista, mas o setor mais consciente da classe trabalhadora, a vanguarda das lutas populares e sociais precisam romper com a ideia da democracia burguesa como valor universal e eterno. Se faz necessário a construção de um movimento que agregue todas as forças progressistas, que possa levar a cabo a construção de Comitês Populares de Lutas Contra o Neoliberalismo, que sejam movimentos que reflitam as questões nacionais, regionais e locais, de forma que possibilite organizar a luta do povo trabalhador brasileiro em uma perspectiva de Poder Popular.
A tarefa é desafiadora e precisaremos de todas as mentes e corações que queiram construir novos paradigmas sociais e revolucionários, a fim de levar essa tarefa adiante. Todos os dias surgem novas lideranças, jovens, homens e mulheres do povo que indignados com a situação de descaso com saúde, educação, falta de emprego, fome, miséria e assassinatos constantes nas favelas e periferias das grandes capitais do país, promovido pelos governos neoliberais a serviço do sistema capitalista. Essas lideranças resolvem ir à luta por conta própria, desenvolvem ações no campo da luta econômica, são louváveis, porém sem muito efeito, falta-lhes uma orientação para a luta política. Em muitos casos essas lideranças são cooptadas pelos partidos da social democracia (com máscara de esquerda), e em outros casos são os próprios partidos da direita neoliberal, que vão pra cima dessas “lideranças” para desviá-las da luta, da organização de base e as lançam ao pleito eleitoral burguês, enfraquecendo as lutas.
Temos perdido muitas pessoas boas que poderiam contribuir para a mudança real de nossa realidade. Pessoas com ideias, bons sentimentos e espírito de luta, porém, as ações delas, sem uma coordenação conjunta da classe trabalhadora, é incapaz de mudar a realidade das massas exploradas pelo ardiloso sistema capitalista neoliberal. É preciso um Movimento que una as lutas da classe trabalhadora por uma luta econômica e política, que una as lutas identitárias como as dos negros, das mulheres, da juventude, dos LGBTQIA+, dos povos originários, em uma luta ideológica contra a ideologia da classe dominante, do neoliberalismo que tem levado ao individualismo, ao obscurantismo religioso e ao neofascismo. Esse movimento não é e nem pode ser de uma única liderança, devem ser centenas, milhares de filhos e filhas da classe trabalhadora em todos os rincões do país.
Mas é preciso termos claro o seu papel revolucionário no cenário da luta de classes e da geopolítica internacional em que vivemos na atual conjuntura. E a importância do Brasil nessa conjuntura de Crise Orgânica do Capital, seja no fortalecimento dos BRICS como um polo econômico que faça frente ao imperialismo e as economias do G7, seja pela importância estratégica na América Latina e na luta contra o neoliberalismo.
Não podemos retroceder mais do que já retrocedemos. O impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) afundou o Brasil e trouxe grandes prejuízos ao povo trabalhador, o mais penalizado pelas políticas neoliberais dos governos Temer (golpista) e Bolsonaro.
Os movimentos populares no país precisam sair da lógica eleitoral (não negamos o processo eleitoral), mas é preciso voltar às lutas da classe trabalhadora para organizá-las; as lideranças precisam ser exemplos na luta, na ética da classe trabalhadora, na honestidade e na coragem no enfrentamento das lutas sociais. Não dá pra ficar pautado de 2 (dois) em 2 (dois) anos pelo processo eleitoral burguês. Não se deve fazer movimento pensando em ser candidato no próximo pleito. Somos capazes de ir além e precisamos sair desse correr em círculos como se fôssemos cachorro correndo atrás do rabo.
Neste sentido, nós do Congresso Nacional de Lutas Contra o Neoliberalismo lançamos neste Primeiro de Maio de 2024 o chamamento aos homens e mulheres de lutas para juntos construirmos uma força material que possa ser capaz de derrubar outra força material – o neoliberalismo. Que possamos juntos construir os Comitês para organizar as lutas e construir o Poder Popular, assim como fez os Sovietes na Rússia, o Congresso Nacional África (CNA), resgatar o Movimento 26 de Julho (M-26-7) de Cuba, assim como a experiência da ANL (Aliança Nacional Libertadora) no Brasil. Temos História de lutas no Brasil que devem ser exemplos para nós, assim como: Confederação dos Tamoios, Zumbi dos Palmares, Tiradentes, Conjuração Baiana, Cabanagem, Guerra dos Farrapos, Guerra de Canudos, Revolta da Chibata, Guerra do Contestado, Dezoito do Forte de Copacabana, Coluna Prestes.
O nosso povo sempre foi ousado e não foge à luta, mas precisa, mais do que nunca, ter consciência da sua importância, da formação política teórica, da formação nas lutas, na prática e na formação em uma liderança que esteja à altura das tarefas que temos pela frente.
Por um Programa de Emergência para o Brasil!
Não à guerra imperialista e Paz com Justiça Social!
Viva os 100 anos de Julho de 2024!
Viva o 05 Julho de 1924 - Levante da Coluna de Miguel Costa, Isidoro Lopes e Prestes!