Novas manifestações são esperadas em cidade brasileira
Novas manifestações são esperadas em cidade brasileira
Rio de Janeiro, 17 jun (Prensa Latina) Novas manifestações de repúdio são esperadas hoje contra a ação arbitrária de um grupo de militares que ocasionou a morte de três jovens de uma comunidade carente desta cidade brasileira.
A área da Central do Brasil e as proximidades do edifício do Comando Militar do Leste (CML), no Centro desta cidade, permanecem com segurança reforçada pese ao clima de aparente tranqüilidade na zona.
Ontem duas pessoas foram feridas em frente ao CML quando a tropa reprimiu moradores do Morro da Providência que protestavam depois de enterrar três jovens assassinados após terem sido entregues por militares a narcotraficantes do rival Morro da Mineira.
Os 11 soldados que tiveram essa atuação foram detidos por ordem de um juiz e três deles confessaram ter atuado dessa forma, pois estavam indignados porque o chefe de sua unidade lhes exigiu liberar aos jovens que haviam sido presos por suposto "desacato".
Disseram que os entregaram aos narcotraficantes para que recebessem "um corretivo" sabendo que em uma área dominada por uma facção rival à que opera na favela da Providência, isso equivale a uma sentença de morte.
Segundo confirmou a polícia, na Mineira, 10 bandidos encabeçados pelo chefe local do tráfico, Rios Mosqueira (Ropinol), golpearam e torturaram aos jovens e depois os mataram com tiros no rosto e jogaram seus corpos num lixeiro.
A sociedade brasileira repudiou essa atuação dos militares e o Coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Gilson Cardoso, diz que chegou o momento de repensar o papel das Forças Armadas no regime democrático.
O episódio demonstra claramente por que não se deve atribuir às Forças Armadas o papel de velar pela segurança pública, opinou por sua vez o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro, Wadih Damous.
A concepção desses militares foi a mesma lógica usada pelo crime organizado, indicou o deputado Marcelo Freixo, do Partido Socialismo e Liberdade, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa estadual.
Cecilia Coimbra, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, qualificou essa atuação de "fascismo social" e alertou que os agentes do Estado que hoje atuam contra os pobres e negros nas favelas amanhã podem se voltar contra toda a sociedade.
A Federação de Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro repudiou a ação dos soldados e anunciou que convocará às comunidades do Rio para uma grande manifestação contra a violência.
No entanto, o coordenador do Movimento Rio de Paz (sociedade civil), Antonio Carlos Costa, que até agora defendeu a atuação de militares para reforçar a segurança cidadã, reconheceu estar frustrado por tanta arbitrariedade, tortura e maldades gratuitas.
O mais simbólico deste acontecimento é que a bandeira do Brasil, que ondeava altiva sobre o Morro da Providência, foi retirada pelos vizinhos que por sua vez penduraram no muro um grande pano negro em sinal de luto.