Acerca dos partidos que se dizem comunistas

Texto de Thiago Rodriguez sobre a confluência de idéias "esquerdistas" e que, no fundo, acabam contribuindo com o seu próprio inimigo de classe: devido ao pouco preparo ideológico e falta de tática.

ACERCA DOS PARTIDOS QUE SE DIZEM COMUNISTAS

Hoje na Paraíba temos uma situação que também pode se observar em outros estados do Brasil, é a cerca dos partidos que dizem defender o socialismo e o comunismo, levantam abertamente em passeatas bandeiras com a foice e o martelo e nas suas sedes podemos encontrar quadros com as fotos de Marx e Lênin.

Esses partidos têm como meta a estruturação de uma grande massa de filiados e utilizam as causas comunistas para atrair a cada dia homens e mulheres brasileiros que estão insatisfeitos com a situação política no Brasil e no resto da América, não sabem tais militantes que esses partidos não se importam na formação política de suas militâncias e que a luta comunista para eles pouco importa, na verdade o projeto político deles é utilizar todos os filiados (e eles querem em grande escala) como massa de manobra para eleger seus candidatos que sempre aparecem dizendo que a luta socialista vai se dar de forma estratégica quando os mesmo estiverem no poder através do voto e sabemos que na verdade quem perde nisso tudo é o militante que acreditava que em um partido “comunista” poderia lutar em favor de um Brasil melhor.

Esses partidos não se importam com a formação política, se pararmos um militante do PcdoB nas ruas poucos são os que saberão o que é

“A MAIS –VALIA”  ensinada para nos por Karl Marx e isso é triste pois a culpa é do partido que vira as costas para a necessária formação da militância; que é a arma mais importante que temos para enfrentar os inimigos, pois a teoria marxista  não só nos ensina a conhecermos bem o sistema capitalista, como também nos mostra caminhos para nos unirmos como classe oprimida.         

Eu desde os meus 16 anos de idade fui da juventude do PC do B a chamada “União da Juventude Socialista” também conhecida como “UJS” tudo começou quando ganhei uma camiseta do líder “Che Guevarra” eu queria saber quem era aquele homem e quando descobri seus pensamentos e sua luta revolucionaria descobri que no meu Brasil as coisas estavam ruins desde os tempos de chumbo de ditadura militar e nesse período uma amiga me convidou a conhecer o PC do B e de cara eu achava que teria encontrado o que tanto procurava; eles me diziam que era o partido que estava em todas as lutas sociais no Brasil, na guerrilha do Araguaia entre tantas outras e outros que deram sua vida por uma terra justa e socialista.

Mas eu queria saber mais, queria aprender para por em pratica e infelizmente eles me diziam que o tal curso de formação estava pra sair e no lugar desse curso o que me aparecia eram velhos militantes que se diziam de vanguarda, que tinham participado do período de ditadura militar brasileira, que tinha levado golpes de ferro  na cabeça, diziam que faziam parte da historia revolucionaria de nossa juventude e que agora queria me dar uma estrutura financeira para que eu organizasse a juventude para elegê-lo nas próximas eleições e que coligado com os partidos de direita poderia ser o representante da classe oprimida no parlamento.

Uma mentira descarada, para mim esse militante nunca poderia bater no peito e se considerar um comunista e sua luta nos anos de chumbo de nada serviu.                  

Por outro lado eu observava uma juventude promissora se afundar nessa ideologia mentirosa, em congressos do partido em outros estados (uma viagem de lazer e diversão) mobilizavam ônibus abarrotados de jovens que no decorrer da viagem só se preocupavam em se embriagar, usar maconha em demasia, conversa machista e de caráter pequeno-burguês.

Ao chegar no local do congresso, pouco importava as mesas de debates, os mini-cursos sobre marxismo e as resoluções; beber cachaça, fumar maconha e fazer sexo com as chamadas “camaradas de outros estados” era uma questão de honra.

Eles eram fruto da experiência  dos velhos militantes do partido que lhes contavam feitos de congressos passados.

Eu queria ir a luta, mostrar que comunismo não era aquilo e sim uma luta que vai alem de multidões e passeatas, foi nesse momento que abriram meus olhos e consegui ver que realmente a estrada vai alem do que se vê.

Somos peça importante no resgate de camaradas que assim como eu estava de olhos vendados e surdos para realidade do comunismo, devemos lançar a semente para esses homens e mulheres que buscam dias de sol em um Brasil livre das amarras da opressão e é assim que levaremos nossa luta por essa terra quente porem gentil chamada João pessoa.