Resistência contra ação de despejo no Bairro Caça e Pesca

Denúncia dos moradores do Bairro Caça e Pesca, em Fortaleza, de arbitrariedades da Polícia Militar, que a mando do Grupo Empresarial M.Dias Branco, tem provocado e ameaçado a invasão de um terreno ocupado por 80 famílias excluídas do acesso a moradia digna.

Resistência contra despejo no Caça e Pesca

 

Denúncia dos moradores do Bairro Caça e Pesca de arbitrariedades da Polícia Militar, que a mando do Grupo Empresarial M.Dias Branco, tem provocado e ameaçado a invasão de um terreno ocupado por 80 famílias excluídas do acesso a moradia digna.

 

Em 03 de Novembro de 2007, oitenta famílias residentes no Bairro Caça e Pesca (Praia do Futuro II) ocuparam terreno vazio   para lá estabelecerem suas moradias. A maioria das famílias pagava aluguel, morava em regime de coabitação (mais de duas famílias em uma única casa) ou em outras comunidades da área da Praia. Desempregados, ambulantes, catadores de materiais recicláveis, artesãos, pescadores, todos excluídos do acesso a terra regularizada.
No início da ocupação, as famílias sofreram várias tentativas de despejo ilegal, abusos de autoridade, receberam ameaças do suposto proprietário, enfrentando inclusive armas, mas conseguiram sua permanência e vem se consolidando na organização comunitária. A comunidade tem se reunido todas as quintas-feiras no conselho popular do bairro, se organizado em núcleo de trabalhadores desempregados na luta por frentes de trabalho e iniciado um projeto de turismo comunitário.
No último dia 18, estiveram na área por volta de oito policiais militares acompanhando o suposto proprietário do terreno. Fotografaram a área e, ao serem interpelados pela comunidade, disseram existir uma liminar de reintegração de posse e que estavam planejando a operação de despejo. Imediatamente a comunidade realizou assembléia e definiu pela resistência em defesa do seu chão.
O terreno faz parte de um nefasto projeto das elites, criar o bairro Manoel Dias Branco, que consiste em transformar toda aquela área em grandes vias, mansões e hotéis de luxo. Pra quem conhece a continuação da avenida Pe. Antônio Tomás, a "cobra preta", pode ver que ela inicia sua expansão rumo à inacabada ponte sobre o Rio Cocó, expulsando as comunidades, devastando dunas, desmatando e valorizando os terrenos dos especuladores.
Toda aquela área ainda é dotada de natureza e beleza que quase não se vê mais em Fortaleza. Por ali, se pesca, catam mariscos, colhem frutas e sementes: é o espaço de moradia, trabalho e cultura daquelas comunidades.

Por isso viemos denunciar a violência iminente que mais uma vez se tenta impor a uma comunidade popular de Fortaleza e pedir solidariedade dos lutadores sociais e cidadãos para que se garanta a moradia das famílias e a conservação do ecossistema local.

 

Movimento dos Conselhos Populares (MCP) do Caça e Pesca e Regional Praia.