Abaixo o Bonde do Terror do Imperialismo

 


A filosofia, enquanto uma gota de sangue fizer bater-lhe o coração absolutamente livre e mestre do universo, não se cansará de lançar contra os adversários o grito de Epicuro:

“O ímpio não é o que despreza os deuses da multidão, mas o que adere à idéia que a multidão tem dos deuses”(1)

A filosofia não esconde. Faz sua a profissão de fé de Prometeu:

Numa palavra, odeio todos os deuses!(2)

Opõe esta divisa a todos os deuses do céu e da terra, que não reconhecem a consciência humana como a divindade suprema, divindade que não suporta rivais.

Mas aos tristes imbecis, que se vangloriam de, na aparência, a situação social da filosofia ter piorado, a filosofia responde como Prometeu a Hermes, servidor dos deuses:

Fica certo que eu não trocaria nunca

Minha sorte miserável por tua servidão.

Porque prefiro mil vezes a prisão neste rochedo

Que ser, de Zeus pai, fiel lacaio e mensageiro...(3)
Prometeu é o primeiro santo, o primeiro mártir do calendário filosófico.

(Marx. K. in “Diferença entre a Filosofia da Natureza entre Demócrito e Epicuro” Oeuvres, t. I, p. 10, Mega.)

Lutamos, e neste verbo resume-se nossa idéia, palavra e ação, diante do inimigo que nos vem a cara, já não em tom de ameaça, mas coagindo, subornando, corrompendo, constrangendo e aterrorizando. Nossa filosofia de ser, fazer, pensar e dizer a vida tornou-se insuportável ao inimigo. Como poderíamos nos calar diante da infame situação da expulsão de 400 famílias de uma ocupação, através da queima e destruição dos barracos? Sempre vimos nas ocupações uma ação desesperada das massas para se abrigarem das intempéries da vida de miséria, exploração e opressão. Como não auscultar o clamor de milhares de miseráveis, nas favelas, bairros ou comunidades proletárias; chorando a perda dos seus filhos vitimados pela trama assassina entre o desemprego e o tráfico, o “bandido e a polícia”? A vida humana tornou-se uma quimera. Como cegar-se diante da corrupção, demagogia e cinismo de quem governa com o dinheiro público construindo banheiras e restaurantes eleitoreiros, enquanto a população morre de Dengue, Hanseníase e Tuberculose? Seria ou não pedir demais: Não Olhe, Não Ouça, Não Fale! Se ao tempo em que a sociedade humana era dominada pelos mitos, Ésquilos criava Prometeu, por que agora deveríamos fazer menos? Não, isso não seria digno de quem faz sua a profissão de fé da verdade: a verdade “odeia todos os deuses”!

Vivemos um quadro terrível para a humanidade, não por uma ausência de perspectiva, mas, pelo contrário, o fato mais elementar que diferencia o homem da natureza, ou seja, sua condição teleológica (relação lógica entre meios e fins e que o faz produtor dos seus próprios meios de subsistência e cultura). Esta equação racional e prática mostra que o capitalismo não oferece mais saída para a crise em que a humanidade mergulhou e que a única alternativa é a sociedade comunista. A esta idéia não se chega por mera dedução evolutiva, mas pelas múltiplas relações contraditórias que impulsionam a luta de classes e o processo histórico atual. Um contexto em que agrava-se a crise do capital, ampliando a miséria das massas proletárias e camponesas para além do suportável; as camadas médias são ameaçadas de extinção e o Estado Nação de virar pó. Tudo isto ao ritmo da globalização neoliberal do capital, acentuando o caráter parasitário, monopolista e imperialista, das grandes potências capitalistas. Em contradição, cresce a emergência da luta e resistência das massas operárias e povos submetidos ao regime de terror, opressão e exploração do capital: EZLN no México; FARC-EP na Colômbia; PCMLN no Nepal; Intifada na Palestina; a revolução gongolesa, a insurreição popular no Equador, na Argentina; as greves operárias na Europa e os movimentos antiglobalização.

Assim formou-se uma situação singular na conjuntura internacional da luta de classes. Mesmo com a queda do campo socialista do Leste Europeu e da URSS; mesmo com a desarticulação quase total das organizações subjetivas tradicionais do proletariado; mesmo as oligarquias burguesas cantando loas ao que chamam de “Fim do Comunismo”, um quadro histórico em que o mais ínfimo movimento da classe operária em qualquer parte do mundo apresenta-se aos olhos das oligarquias burguesas como se fosse a explosão de um artefato nuclear contra sua propriedade privada, seu dinheiro, em suma, seu poder e sistema. Desde o ataque ao WTC (World Trade Center) e ao Pentágono, o toque de alarme se espalhou por todo mundo: Afeganistão, Filipinas, Colômbia, a guerra é aberta, não há como esconder! Já na Europa, nos próprios EUA e demais países, a opressão chega ao insuportável, tudo parece estar por um triz. O mundo está sob ameaça, mas a pergunta é: quem ameaça o mundo? Ou de outra forma, que mundo está ameaçado? No Fórum Econômico Mundial (o mesmo que se reunia em Davos), ao invés de debater sobre políticas econômicas, o que polarizou foi a estratégia militar dos EUA e propostas demagógicas de combate à pobreza e miséria. Lá todos reconheciam que na última década, particularmente nestes últimos anos, ampliou-se a miséria, o desemprego e a fome. No Fórum Social Mundial, todos os debates apontavam para este fato, o crescimento da miséria, do desemprego e da fome. A lógica parece se resumir a: Capitalismo = miséria; Imperialismo = miséria + miséria; Globalização neoliberal = miséria + miséria + miséria; quem duvide desta relação que confira os índices de pobreza no mundo, do Banco Mundial, e compare: o desemprego dos 480 milhões subiu para 820 milhões (1990-1995) e agora para 1 bilhão e 200 milhões (1995-2001); o número de pobres cresceu de 1 bilhão e 200 milhões para cerca de 2 bilhões de seres humanos. Isto sem contar com o extermínio por epidemias, fome, esquadrões da morte e guerras.

Assim, a resposta à pergunta “quem ameaça o mundo?” deve ser: são as oligarquias burguesas, a classe burguesa e seu sistema de opressão, exploração e terror. Já a resposta à pergunta “que mundo está ameaçado?” é: o mundo capitalista; um mundo que já não tem porque existir; um mundo onde o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres se ampliou de 30% para 60% em 30 anos (1960-1990). E como resultado da última década de guerras, miséria e opressão - globalização neoliberal -, os 500 supermagnatas do mundo, indicados pela Forbes, mesmo decaindo a fortuna, em cerca de 14,4%, em média, e de alguns 37%, devido à crise do capital e o crack das bolsas, sozinhos continuam concentrando uma riqueza equivalente ao PIB da China, ou seja, um trilhão de dólares. Mas a lista da Forbes revela ainda mais, pois ao anunciar a sua lista, mostra que a crise fez ampliar a participação dos magnatas dos EUA neste contingente. Hoje são 90% dos super-ricaços do mundo, ou seja, são o cerne da oligarquia financeira internacional, como já afirmávamos há muito tempo. Sendo assim, tudo parece marchar para um debáclè geral do sistema, como ocorreu durante a década de 20 e 30. E na contrariedade a tudo isto, cada vez mais, brotam aos turbilhões os coveiros deste sistema. A superpopulação relativa já não pode ser contida à base de políticas demográficas ou campanhas terroristas. Tudo perdeu o controle: “o olho do grande irmão está cego”! O império tem pés de barro, pode cair!

Mas, como diz Lênin, “um governo nunca caíra, se não o fizer cair”. Neste sentido, as oligarquias burguesas, ao saberem que seu fim se aproxima inexoravelmente, dentro da lógica econômica do sistema, procura por todos os meios impedir o progresso histórico e em seu delírio chega a constituir uma realidade virtual, onde: “o comunismo morreu, a história parou e a democracia é eterna”. E nas condições deste apanágio ideológico e alegórico, desencadeia uma campanha brutal de retrocesso das conquistas mais elementares da humanidade. Os trabalhadores perdem seus direitos sociais conquistados através de séculos de luta; a cidadania regride à idade do fascismo e nazismo; a xenofobia se torna uma epidemia na Europa e EUA. A caça aos inimigos do Império se faz de todos os lados, e os serviçais, comensais e etc., quando nada tem a apresentar, inventam, urdem e provocam situações, para parecerem prestativos, “serviçais” e dignos de confiança do Império. Com o Big Brother instalado no mundo – “Seu Rambour” – pretende a todos ver e escutar; aplicar a tese dos 15 minutos de fama, de Andy Warhol (hoje devido a tecnologia, segundos), como ideologia vulgar que encerra sua incidência de uma satisfação do espírito pelo espírito e não como o resultado dialético da contradição entre produção e consumo.

A mídia como trabalho objetivado, logo alienado no seu processo de produção, ao se reificar (coisificar: se tornar mercadoria), cria a necessidade da reunificação do sujeito com seu objeto e da produção. Assim, seja numa aldeia Kosovare ou num bairro da Baixada Fluminense, todos querem participar desta grande “casa dos artistas”. E quanto mais precária e miserável a existência dos indivíduos reais, na sociedade real, mais a força do vil metal se apresenta como instrumento de corruptela geral; afinal ele é o dinheiro, o meio oficial e socialmente instituído de reunificação do sujeito com seu objeto, como “coisa” (mercadoria). Esta é uma questão perceptível já há tempos, conferindo uma missão revolucionária à arte de desfetichização da mercadoria (G. Lukács), através de mais de uma maneira de dizer uma verdade (Bertolt Brecht); como demonstram tão bem os exemplos abaixo:
“Ouro! Ouro amarelo, luzidio, precioso!...Eis aqui suficiente para tornar o preto branco, o feio belo, o injusto justo, o vil nobre, o velho jovem, o covarde valente!... O que é tal coisa, ó deuses imortais? E o que desvia dos vossos altares os padres e os acólitos... Esse escravo amarelo constrói e destrói as vossas religiões, obriga a abençoar os malditos, a adorar a lepra branca; coloca os ladrões no banco dos senadores e confere-lhes títulos, homenagens e genuflexões. É ele que faz um jovem noivo da viúva velha e gasta... Vamos, argila danada, prostituta do gênero humano...” (Shakespeare, sobre o dinheiro, em seu Timão de Atenas).
“Nada, como o dinheiro, suscita entre os homens más leis e maus costumes. É ele que provoca as discussões nas cidades e expulsa os habitantes das suas casas; é ele que desvia as almas mais belas para tudo o que existe de vergonhoso e de funesto para o homem e lhes ensina a extrair de todas as coisas o mal e a impiedade.” (Sófocles; Antígona).

Nos EUA, a supressão dos direitos humanos, sob alegação do Estado de Guerra, viola até mesmo acordos como o de Genebra - cerca de 700 pessoas foram presas (número de mídia), estão incomunicáveis e ninguém sabe onde e como estão: se vivas, mortas, torturadas, maltratadas; ninguém sabe (não estamos falando, logicamente, dos prisioneiros levados para Guantânamo – a base militar ilegal dos EUA em CUBA, contra CUBA). É uma situação opressiva até mesmo para os mais defensores do sistema. Na Europa, os direitistas de plantão, como cães policiais, farejam qualquer marroquino, árabe, afegão, paquistanês, indiano, latino-americano, africano ou asiático, que profira a fé no Islã ou conteste o sistema. Por trás do manto do combate ao terrorismo, cresce o ódio racial e a vingança da burguesia contra a classe operária em todo o mundo. Veja como Ariel Sharon passou à ofensiva genocida contra os palestinos; como o governo das Filipinas tenta usar o Abusaiaf para destruir a FDLNF; como na Colômbia, o farsante Pastrana passou da paz à guerra usando os mercenários paramilitares – que os próprios EUA consideram narcoterroristas – contra as FARC-EP e o ELN; reparem a campanha golpista e reacionária contra Chavez na Venezuela; o movimento na embaixada do México contra CUBA. Tudo isso financiado, organizado e supervisionado, quando não executado pelos EUA. O anúncio ao mundo que o Governo Bush vai empregar 48 bilhões de dólares em defesa mobilizou ainda mais o complexo industrial-militar e as comunidades de informações: do Zimbabwe à Venezuela; da Índia à Argentina; da Moldávia à Cuba; a campanha internacional da reação se intensifica; no Chile, a sede do Partido Comunista foi invadida e seus dirigentes espancados.

No Brasil, este processo tem se acentuado desde o início do Plano Colômbia. A liberação dos EUA de cerca de 7,5 bilhões de dólares para dar curso a esta guerra suja suscitou “operações Cobra”, a prisão do Padre Olivério Medina e o Plano de Segurança Nacional. A primeira, uma comédia cinematográfica da Globo na Amazônia. Lá onde contrabandistas de Mogno fazem a festa dos franceses, ingleses, alemães, americanos e tuti quanti; onde milhares de “santos do pau oco” dos EUA “garimpam almas” e mandam aos “avionetassos” para Miami; onde os “cientistas e exploradores estrangeiros” roubam fauna, flora, minérios e até tecnologia nativa; é justamente aí que alguém diz que vai salvar a pátria da invasão das FARC-EP? Mas, ridículo maior foi a Globo exibir a exdrúxula montagem de Willian Waack contra as FARC-EP (ele pega um paramilitar da direita narcoterrorista (esquadrão da morte) e entrevista-o como se fosse um revolucionário das FARC). É claro que ninguém sério acredita nisso. Mas, se podemos nos tranqüilizar em relação às montagens da Globo, não se pode dizer o mesmo dos pretensos candidatos à presidência da República no Brasil, alguns governadores de Estado, cujo desempenho envergonha até mesmo a direita mais medíocre. Para se credenciarem à Presidência com o apoio do Imperialismo dos EUA, acenam com futuras negociações e gestos que demonstram sua condição serviçal ao Império.

Este é o caso do Sr. Anthony Garotinho, governador do Estado do Rio de Janeiro, que embarcou na onda antiterror dos EUA. A clara tentativa do seu governo de calar o Jornal INVERTA, seja por ação de um grupo de vigaristas e puxa-sacos, traidores da classe operária, frustrados na tentativa de transformar o INVERTA num panfleto de campanha e o PCML num comitê eleitoral do Sr. Garotinho, seja porque visa se credenciar junto ao Imperialismo como combatente antiterror, tentando calar a VOZ OPERÁRIA, que é responsável tanto pela co-edição do GRANMA Internacional (Jornal de CUBA), como a sua circulação, e pela revista RESISTÊNCIA das FARC-EP, no BRASIL. Quem tenta calar a voz do Jornal INVERTA não pode merecer uma gota sequer de respeito. Pois ao se apagar a voz dos operários e trabalhadores, através dos meios escusos e corrompendo a Justiça e a verdade, não pode se surpreender com a ironia da História, com a revolta das massas e a revolução proletária. Não se pode esquecer que a liberdade, como a justiça e a história, simboliza-se pela mulher, mas nem sempre ela nos acolhe com amor de mãe; muitas vezes – como nos lembra Maquiavel – ela é a madrasta! A maior tragédia para um povo é ficar cego, surdo e mudo diante da verdade. A história é sempre pródiga em ironias, vejam o caso da guerra no Afeganistão? O imperialismo disse e comemorou que ela acabou, mas acabou mesmo? Lá continuam a cair os helicópteros dos EUA e a crescer o número de baixas dos rambos! Os fatos são teimosos! Também a qualquer dia destes vão proclamar uma falsa vitória sobre as FARC-EP, como fizeram com o Comunismo, mas é possível acabar a luta de um povo que já dura 38 anos? Como? Calando a Voz do INVERTA aqui no Brasil? Quanta, ignorância! Não Passarão!

Abaixo a perseguição aos revolucionários no mundo!
Abaixo o imperialismo e sua campanha do terror!
Abaixo o Plano Colômbia e a guerra assassina e de pilhagem da Amazônia!
Abaixo o Governo Garotinho e seu Bonde do Terror!
Viva as FARC-EP e abaixo o governo farsante e narcotraficante de Pastrana!
Viva ao Jornal INVERTA, VOZ OPERÁRIA!
Viva o Partido Comunista Marxista Leninista (Brasil)
!

Nossos sinceros agradecimentos à solidariedade de todas as organizações, partidos e entidades de trabalhadores, operários e intelectuais comprometidos com a libertação dos trabalhadores, que no CREA/RJ manifestaram sua indignação ante a agressão ao INVERTA!

Rio de Janeiro, 06/03/2002

P. I. Bvilla / Pelo Órgão Central do PCML