Protestos contra violência policial

Moradores de várias favelas do Rio de Janeiro foram em passeata, no dia 13/06, até a sede do Governo do Estado do Rio, em Laranjeiras. O protesto foi motivado pela morte de Carlos Antônio Cardoso da Silva Filho, 16 anos, morador da Favela Flor da Mina, no Andaraí.

Protestos contra violência policial

Por: Almeida Rodrigues e Gilka Sabino


Moradores de várias favelas do Rio de Janeiro foram em passeata, no dia 13/06, até a sede do Governo do Estado do Rio, em Laranjeiras. O protesto foi motivado pela morte de Carlos Antônio Cardoso da Silva Filho, 16 anos, morador da Favela Flor da Mina, no Andaraí. Ele e sua namorada voltavam de um baile na comunidade, no dia 9 de junho, quando foram surpreendidos por policiais do 6ºBPM, que atiraram nos dois jovens, matando o rapaz.

O pai do jovem, Paulo, falou ao INVERTA sobre o crime: “achei que foi um erro policial. O menino estava sentado na porta, namorando. Se ele achou que era um traficante, ele deveria ter rendido ele e revistado o menino e ter levado à minha casa. Afinal de contas ele estava a dez metros de minha casa; mas não. Eles avistaram os dois andando e já foram atirando de fuzil. Deram um monte de tiro de fuzil nas costas do garoto. Teve uma bala que foi fatal. Estou aqui numa reunião em que espero que as providências cabíveis venham a ser tomadas. Já estou com proteção policial, pois essa é uma organização criminosa atuando dentro do 6º BPM. Estamos à flor da pele, estamos presos dentro de casa, não devido aos meninos que eles chamam “da bandidagem”, mas pela da polícia”.

O senhor Paulo, presente à manifestação com parte de sua família, declarou que outras manifestações como aquela estariam sendo providenciadas: “Não queremos crimes, queremos paz com dignidade”.

Coordenando o ato estava Rumba Gabriel, presidente da Associação de Moradores do Jacarezinho, que realizará em julho um seminário no Rio sobre a violência policial: “Essa morte sinalizou o início de um trabalho realmente de rua. Existe uma palavra de ordem hoje que é: se acontecer algum problema no Jacarezinho, todo o movimento das favelas correrá para lá, se for no Andaraí, idem. Está na hora de se organizar, existem máfias em cada setor: na Educação, na Saúde, na Segurança. Duas eu considero mais perigosas, que é a da Saúde, que mata toda hora, como aconteceu no Salgado Filho e com o diretor do Rocha Faria assassinado; e a da Segurança, e que existe em todos os quartéis, não é só no 6ºBPM não. Até o coordenador de Segurança Jorge da Silva, disse que tínhamos razão. Neste crime do Andaraí houve um flagrante; viram um sargento dando ordens a um capitão. Sabemos que existem muitas lideranças cooptadas, e é importante que se diga, que é por isso que muitos não estão aqui hoje por medo de perder seus R$ 500,00, com esse negócio de Projeto Vida Nova. Mas será que isso, vale uma vida?”, finaliza Rumba.


Na Favela Kelson duas crianças feridas após operação policial

No dia 11 de junho os moradores da Favela Kelson, no bairro da Penha, fecharam as ruas que dão acesso ao morro e atiraram pedras nos carros de polícia em protesto à operação da PM, que feriu, com um tiro no rosto, Wanderson Teixeira, de sete meses, segundo a mãe da criança, Ana Paula Teixeira. O outro bebê é Flávia Barreto de Oliveira, de dois meses, atingida na cabeça por uma telha, que caiu após um policial ter subido no frágil telhado do barraco onde mora a família da menina. Os policiais, que não realizaram nenhuma prisão, negaram a existência de feridos durante a operação policial.