Choque de Gestão: porque Aécio está perdendo em Minas

O candidato do PSDB ao governo do estado, Pimenta da Veiga, está comendo poeira do candidato petista Fernando Pimentel, depois de cinco “gestões” tucanas (1995-2011) e, antes delas, três do PMDB (1983-1995). Minas pode nos dar muitos elementos para decidir nessas eleições de 2014: nós precisamos de mais mudanças!

Nas pesquisas mais recentes sobre intenção de voto para presidência, o candidato Aécio Neves aparece em terceiro lugar, situação para a qual ele tende também no estado de Minas Gerais, estado de origem do candidato e usado por ele como vitrine para sua campanha. Uma olhada mais de perto sobre as políticas levadas a cabo durante as gestões desse ex-governador e senador do estado pode nos ajudar a entender porque o eleitorado de Minas Gerais está dizendo não à gestão tucana, que foi um verdadeiro Choque para os trabalhadores de MG.

Choque de Gestão


Cada um dos principais opositores de Dilma inventam novos nomes para tentar envernizar velhas políticas que foram um verdadeiro desastre na prática. O que o candidato chama de “novo modelo de gestão” se resume, segundo a página oficial de campanha, a “Gastar menos com o governo e mais com o cidadão”. Na verdade, para tirar um pouco do verniz, basta esconder a segunda parte do slogan (“e mais com o cidadão”) já que a ideia poderia se resumir às cinco primeiras palavras: “Gastar menos com o governo”, ou seja: estado mínimo. Tanto essa ideia, como as outras apresentadas como modernização do estado – como “mais eficiência”, “rigoroso acompanhamento”, “avaliação de desempenho”, “remuneração com base nos resultados”, e o próprio conceito de “gestão”– são uma clara tradução de práticas empresariais impostas ao setor público e fazem parte há tempos da cartilha neoliberal, aplicada por FHC no Brasil e por outros políticos pró-imperialismo nos países vizinhos da América Latina, com consequências desastrosas.

As Parcerias Público Privadas (PPPs) são a palavra da moda para os neoliberais mineiros, sendo aplicadas como modelo de “gestão” em diversos setores. Claro, oferecem uma ótima fachada para legitimar o lucro da burguesia com os serviços públicos. Se no setor público, pegar a riqueza gerada pelos trabalhadores e trabalhadoras do estado e enfiar no bolso é considerado corrupção, no setor privado isso é legítimo, venerado e se chama lucro. Uma PPP, assim, faz com que aqueles serviços que respondem às necessidades básicas da população como saúde, educação e transporte tenham demanda garantida (já que a população precisa deles), sejam pagos a preço de mercado pelos próprios trabalhadores (indiretamente através dos impostos que eles pagam ao governo), repassados para as empresas privadas (pagamento pelos contratos das PPPs) e, depois de explorar seus próprios trabalhadores pagando salários que a empresa decide, os empresários (incluindo os que exercem cargos públicos) podem enfiar o resto no bolso sem culpa: o lucro vai para a parte privada da PPP.

Denunciamos em edição anterior algumas perversidades da nova PPP na administração do complexo prisional em Ribeirão das Neves, mas as PPPs estão sendo aplicadas para administrar todos os serviços públicos, que passam a impor esses princípios administrativos aos servidores e aos “clientes” da rede pública de serviços. Assim, é imposta também a peculiar contabilidade burguesa, ou seja, a melhor maneira de camuflar os números para esconder o que é roubado dos trabalhadores, como explicou Lênin.

Educação em Minas Gerais

Um dos mais recentes furos da contabilidade tucana, que vai cair na conta do próximo governador do estado, é o escândalo da Lei 100. Em 2007, o então governador Aécio Neves decretou a Lei Complementar no 100, que investiu sem concurso 98 mil pessoas em cargos públicos efetivos. O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou essa lei como inconstitucional em abril de 2014 e o atual governador teve que mandar para o olho da rua mais de 70mil trabalhadores e trabalhadoras, sem nenhum benefício acumulado nos últimos sete anos de serviço e sem direito a se aposentar como seus companheiros de trabalho.

Ainda que, contraditoriamente, o candidato se apoie muito nas supostas “conquistas na educação de Minas” para sua campanha, a verdadeira situação da educação no estado é vergonhosa. O governo não cumpre a Lei Federal do Piso Salarial, congelou o plano de carreira dos professores em 2011 e proíbe os trabalhadores da educação de comerem a merenda escolar (!). Negando-se a implementar programas sociais do governo federal que beneficiam esse setor, os tucanos tiraram da cartola o programa Reinventando o Ensino Médio, que inclui mais um horário de aulas no currículo escolar para capacitação técnica ou para o trabalho sem dedicar um centavo extra ao orçamento para educação. Um dos programas que ajudou a melhorar os índices que o ex-governados tanto publiciza foi o Programa de Intervenção Pedagógica, abandonado às moscas pela Secretaria de Educação depois do episódio da Fundação Renato Azeredo, que o Inverta denunciou na edição 472 Os trabalhadores denunciaram ao jornal que em diferentes regiões do estado são aplicadas diversas artimanhas para garantir melhores resultados, como treinar os estudantes para fazer os exames (em vez de ensinar de fato o que cairá na prova), e convidar estudantes com pior desempenho a faltarem no dia de provas.

Programa falso, discurso vazio

O programa de Aécio é construído sobre um discurso completamente falso, e aqui foi apenas citado o caso da educação em Minas. A privatização e os escândalos acompanham o Choque de Gestão onde quer que seja aplicado. São muitos os exemplos da irresponsabilidade dos tucanos na saúde: o Hospital do Barreiro que nunca foi construído, a Santa Casa que não dinheiro para sobreviver, a tentativa de privatizar o Hospital Universitário da UFMG. Isso sem mencionar a dívida de R$ 19 bilhões em empréstimos com bancos nacionais e internacionais e R$ 67,4 bilhões com a União que seu sucessor Anastasia deixou para o próximo governador.

Está claro que o povo brasileiro não aceita de forma alguma o mesmo pacote de reformas nefastas aplicadas por FHC - e os tucanos sabem disso. Passam verniz no velho discurso e não podem atacar claramente as políticas sociais do PT que tanto beneficiaram amplas camadas da população trabalhadora. Sem um programa que podem “vender” para a população, saem gritando “corrupção” e apontando o dedo para o PT, mesmo tendo sido comprovado perante o STF que o Mensalão Tucano (que eles querem isolar como “mensalão mineiro”) foi o precursor do Mensalão dos petistas, tão destacado pela mídia burguesa.

Aliás, só é possível levar a cabo uma campanha tão mentirosa e se esconder de tantos escândalos com a cumplicidade comprometida da mídia burguesa. Isso não é raro nem novidade, já que o neto de Tancredo Neves é também conhecido no estado por ter certa blindagem midiática, como denunciado no documentário “Liberdade, essa palavra”.

O voo raso dos tucanos

Como cachorro ferido, a direita neoliberal está cheia de raiva, acuada e atacando por onde puder. O problema é que o discurso moralista não é instrumento tão eficiente quando o locutor não tem moral nenhuma. Fora as fofocas e denúncias sobre o perfil pessoal de “Aecin” (como se pronuncia seu nome no diminutivo em mineirês), os episódios da saga tucana no estado de Minas Gerais compõe uma lista gigantesca que não para de crescer. Até Paulo Maluf deu uma bronca em Aécio pelo escândalo do aeroporto de Claudio, construído nas terras de sua tradicional família mineira.

A fraqueza de Aécio está também nos números, que mesmo em Minas o colocam em terceiro lugar. Tucanos famosos, como Serra e FHC, dão a entender indiretamente que o apoio a Marina é uma realidade e até seu coordenador de campanha fala de um possível acordo no primeiro turno com a nova queridinha da mídia: Marina Silva. A decadência do PSDB se evidencia não apenas na falta de um programa, na qualidade imoral de seus representantes ou na reciclagem de propostas vencidas, mas também pela fraqueza da estrutura que mantém a união entre seus quadros.

O candidato do PSDB ao governo do estado, Pimenta da Veiga, está comendo poeira do candidato petista Fernando Pimentel, depois de cinco “gestões” tucanas (1995-2011) e, antes delas, três do PMDB (1983-1995). Minas pode nos dar muitos elementos para decidir nessas eleições de 2014: nós precisamos de mais mudanças!

 

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