Supervia: acidentes, abuso de poder e revolta

O Inverta mais uma vez denuncia os apuros dos usuários de trens do Rio de Janeiro. A Supervia mais uma vez demonstra que só quer maximizar seu lucro.

A manhã do dia 9/02 foi marcada por incidente nos lotados e abandonados trens do Rio de Janeiro e por mais transtornos aos usuários, quando aconteceu mais uma pane no trem Japeri, na Estação de Sampaio, e levou à queda de energia elétrica na composição do Ramal Japeri.

O tráfego de uma das linhas que fazem a ligação da Baixada Fluminense ao Centro da cidade carioca foi interrompido e o trem do ramal Japeri que estava seguindo em direção à Central do Brasil foi obrigado a parar na estação de Sampaio devido a um defeito, em pleno horário de deslocamento dos usuários para mais uma jornada de trabalho.

O INVERTA conversou com Gelson Lopes, que estava numa das composições e relatou o que aconteceu: “Na Estação de Deodoro, todos os ramais que pararam naquela estação ficavam horas aguardando para que as composições fossem liberadas”. E, a Supervia sequer forneceu alguma informação ao passageiro para que este soubesse o que estaria acontecendo.

Devido à ausência de informação, os passageiros ficaram irritados e começaram a quebrar painéis e catracas da estação: “Na estação de Sampaio, onde aconteceu a pane, que os passageiros iniciaram o quebra-quebra. A impressão que eu tive era que a Supervia estaria o tempo todo negando informação aos passageiros sobre o que estava acontecendo, quer dizer, a interrupção da viagem, o único de meio de adquirir informação foi através do celular e da internet. Causa da pane: falta de manutenção nos trens. Os trens que ainda circulam atualmente são composições velhas do tempo que a Central do Brasil foi privatizada”.

Após permanecerem no trem por mais de meia hora, ao saírem, ocuparam a linha férrea e deu início a um apedrejamento da composição. Mesmo assim, quando o trem foi rebocado para reparos na Central do Brasil, muitos se arriscaram a viajar pendurados do lado de fora dos vagões. Lá, aguardavam as tropas de choque da PM, da Guarda Municipal, e os agentes da Supervia.com a brutalidade de sempre, o que é de conhecimento dos usuários. O Governo do Estado do Rio de Janeiro se fez presente e solicitou a presença das forças auxiliares (a Polícia Militar) e do Exército: “Cabe lembrar que na chegada do terminal Central do Brasil, os passageiros foram recebidos à bomba de gás de pimenta”.

Esta empresa criada pelo consórcio vencedor da licitação, o Consórcio Bolsa 2000, recebeu em 1998 a concessão por 25 anos, renováveis por mais 25 anos, para operação comercial e manutenção da malha ferroviária urbana de passageiros da região metropolitana do Rio de Janeiro. Transporta, segundo dados oferecidos na internet, uma média de 450 mil usuários/dia, distribuídos em 89 estações, ao longo de onze municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro. Opera oito linhas, todas com destino à Estação Central do Brasil (Japeri, Santa Cruz, Deodoro, Saracuruna, Belford Roxo, Paracambi, Vila Inhomirim e Guapimirim, além de linhas especiais, que partem da Central rumo a Gramacho, Queimados, Nova Iguaçu, Bangu, Campo Grande/West Shopping e Engenho de Dentro-Japeri.

O INVERTA já realizou várias reportagens denunciando a situação de calamidade vivida pelos usuários, que trafegam em transportes que remetem aos navios negreiros, com chicotada e tudo. Os acidentes também são comuns e muitos não chegam sequer a ser noticiados pela imprensa tal sua constância e “banalidade”, apenas os considerados graves, e com mortes. Recentemente, em 2010, um trem percorreu duas estações sem maquinista, o que poderia ter levado à morte de centenas; anteriormente, em 2009, o episódio das chicotadas, em que foram flagrados 4 funcionários espancando usuários com cassetetes e chicotes. A empresa demitiu os funcionários, mas as autoridades não puniram a empresa e tudo segue como antes, até que a revolta toma corpo e parte para o enfrentamento, como no dia 9. É vergonhosa a atitude das autoridades cariocas e estaduais diante dos desmandos da empresa e apenas participam da equação através de seu braço armado.

 

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