O 1º de maio em São Paulo

Reflexão de um jovem militante sobre o ocorrido no ato do Dia do Trabalhador, na Praça da Sé, São Paulo.

 

Diferente dos  showmícios realizados  por organizações que buscam apagar o caráter de luta do Dia do Trabalhador,organizações da esquerda paulista se reuniram na Praça da Sé,marco zero da cidade,  para realizar um Ato político e rememorar a luta histórica da classe trabalhadora

Era cedo e a praça já estava lotada por partidos, sindicatos e movimentos sociais, que estendiam suas faixas onde estavam escritas as mais diversas frases e palavras de ordem. No palco montado para que os representantes das organizações pudessem apresentar suas atividades, muitas apresentações foram feitas, porém, poucas foram as que falaram em Revolução, em socialismo. A maioria trazia apenas soluções reformistas e paliativas para os problemas do trabalhador. E foi justamente a carência do caráter de resistência, combativa e revolucionária que marcou esse Ato.

Pouco tempo do inicio da atividade, recebemos a notícia de que um integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fora detido pela polícia, que alegou que este teria desacatado um policial. Antes desse acontecimento, os urubus da repressão passeavam na cara-de-pau entre os manifestantes, como se ali não estivessem reunidas as pessoas que lutam para acabar com o Estado Burguês, justamente o Estado que são pagos para defender. Quando a notícia se espalhou e todos ficaram sabendo da detenção do camarada, a multidão começou se a aglomerar em torno do posto policial onde ele estava detido; o que era sem dúvida o mais certo a se fazer como um ato de solidariedade, até que o mesmo fosse liberado. Éramos muitos, gente suficiente para resistir às provocações e à violência policial, mas, a organização do ato pedia no microfone que voltássemos para o palco, que não nos dispersassemos. Para não no dispersarmos?! A partir do momento em que um companheiro é detido, ainda mais com o absurdo pretexto de desacato, devemos fazer valer a nossa organização e união. O  Ato deveria ter sido, a partir daquele momento, em frente daquele posto policial. Porém, grande parte  das pessoas acataram o que a organização do ato falava no microfone, abrindo espaço para que levassem o detido para a delegacia e atirassem contra nós bombas de gás pimenta e balas de borracha, fazendo-nos correr do nosso Ato, no nosso dia. Isso, claro, resultou no esvaziamento da atividade. Depois que a policia tratou de afugentar os últimos, aqueles que continuaram resistindo, a atividade seguiu sua programação como se nada houvesse acontecido, pois todos voltaram para a frente do palco.

Mais tarde, quando em todos os sentidos e literalmente o tempo havia fechado e os primeiros pingos de chuva começaram a cair, algumas pessoas se preparavam para ir embora e escutamos no microfone: “Já resistimos à polícia, agora vamos resistir à chuva!”. Parece que as pessoas não sabem o significado da palavra RESISTÊNCIA. RESISTÊNCIA é avançar quando se pode.RESISTÊNCIA é agir com solidariedade. RESISTÊNCIA é unir nossas força contra a violência do opressor. O que se viu estava longe de ser chamado de resistência, e foi um erro de todos os que estavam ali de ter recuado.

Será que nessas condições poderemos ser a Vanguarda do movimento revolucionário? Como chamaremos os trabalhadores para saírem de suas casas e lutar se recuamos dessa forma?

É preciso nesse momento que reestruturemos todas nossas forças para que juntos tenhamos condições de acabar com o nosso principal inimigo: a burguesia e todos os seus meios de exploração do trabalhador.Só a força da unidade munida com a teoria revolucionária nos levará a nosso objetivo: a sociedade igualitária e justa para os trabalhadores e trabalhadoras,e sem isso, nada seremos.

Trabalhadores de São Paulo e do Mundo, UNI-VOS.

 

J5J-SP