Editorial

Editorial Edição 387

Sobre o Internacionalismo Proletário e Cuba

Mais um encontro nacional de solidariedade a Cuba se realizará no Brasil, e o Partido Comunista Marxista- Leninista (Br), vem por intermédio de seu Órgão Central, o Jornal INVERTA, saudar a todos participantes deste importante evento. A XIII Convenção de Solidariedade a Cuba acontecerá nos dias 25, 26, 27 e 28 de maio, em São Paulo, e está sendo preparada sobre acuidade dos grupos de solidariedade no estado, entre estes, os membros do Jornal INVERTA e de sua organização - a Inverta Cooperativa de Trabalhadores em Serviços Editoriais e Noticiosos -, que além de responder pela reimpressão e distribuição do Gramna Internacional no Brasil há 13 anos, agora (desde 29 de julho de 2004), passou a representar comercialmente a Prensa Latina - Agência de Notícias Latino-Americana, que brevemente será lançada em São Paulo. A Prensa Latina é a agência de notícias cubana, organizada por Jorge Ricardo Massetti, a partir dos esforços e determinação de Che Guevara e Fidel Castro em levar a verdade sobre a Revolução Cubana a todo mundo, em especial à América Latina.

A Convenção de Solidariedade a Cuba, em São Paulo, como a que se realizou no ano passado na Bahia, também acontecerá em uma conjuntura histórica extremamente complexa no plano internacional e nacional, como se pode observar com a recente manifestação convocada pelo governo cubano contra o terrorismo, onde compareceram mais de um milhão de pessoas para exigir a prisão, por terrorismo, de Luis Posada Carriles, que se encontra em Miami, sobre os auspícios do governo Bush, nos EUA. Posada foi responsável pelo seqüestro, em 1976, de uma aeronave civil cubana que caiu nas costas de Barbados matando 73 pessoas; também está envolvido com a tentativa de assassinato do presidente de Cuba, Fidel Castro Ruz, por ocasião da X Cúpula Ibero-americana, no Panamá. O atentado urdido por ele, junto com Gaspar Jiménez, Guillermo Novo e Pedro Remón, consistia em detonar nove quilogramas de explosivo C-4 onde falaria o líder cubano como paraninfo da Universidade do Panamá. Portanto, o evento de São Paulo não poderá deixar de aprovar moções relativas a este fato e à luta de Cuba pela libertação dos cinco cubanos presos injustamente nos EUA.

Mas há uma questão a ser examinada nas relações Brasil-Cuba, não digo de solidariedade, mas oficiais, mesmo diante da temática já definida para a Convenção: “Cuba e Socialismo”; “O império e as novas ofensivas norte-americanas”; “A Prensa Latina em São Paulo”. Trata-se da decisão da Justiça Federal que, por solicitação do Conselho Regional de Medicina de Rondônia, expulsou cerca de 63 médicos cubanos contratados através de convênio para prestar atendimento médico naquele estado. Uma situação tão grotesca e ofensiva a Cuba e ao movimento de solidariedade no Brasil, que exige não apenas uma moção de protesto, mas a exigência de retratação pública por parte das autoridades brasileiras, além do imediato retorno dos que foram obrigados a deixar o trabalho e o país. Naturalmente, esta posição assumida pelo CREMER é o reflexo do que tem ocorrido, freqüentemente, nos grandes centros imperialistas como resultado da flagrante contradição do processo de globalização e ofensiva do imperialismo, entre o livre fluxo de capitais e as barreiras ao fluxo de mão-de-obra, onde o corporativismo e racismo se combinam ressuscitando a ideologia fascista. O Brasil, que tanto criticou Portugal pela atitude corporativista e discriminatória contra nossos dentistas, não fez mais que repetir esta atitude troglodita.

Quando enumeramos essas três lutas, no campo político, comercial e internacional de Cuba, sobre as quais o movimento de solidariedade no Brasil deve se posicionar, não estamos diminuindo o aspecto da solidariedade, nem tão pouco a tornando imediatista, ao contrário, entendemos o movimento de solidariedade como parte do Internacionalismo Proletário, logo ligado ao próprio objetivo final da Revolução Cubana: a sociedade comunista. No entanto, ao enfatizarmos estas lutas queremos afirmar que para além da idéia de solidariedade, dos encontros convencionais, debates globais e homenagens, o movimento tem que ser prático e objetivo, tomar decisões e desenvolver ações concretas para atender às demandas imediatas e futuras da revolução, diante da ofensiva do imperialismo. Neste sentido, o movimento de solidariedade tem que apoiar e auxiliar nas frentes de luta que Cuba desenvolve em sua própria defesa e contra o imperialismo, como são os casos da luta pela condenação do terrorista e assassino Posada Carriles, e a de libertação de Antonio, Gerardo, Ramón, René e Fernando, os cinco prisioneiros cubanos nos EUA. Elas são lutas eminentemente políticas, que denunciam a farsa dos direitos humanos e da “guerra total contra o terrorismo”, e demonstram que são os EUA que violam direitos humanos e protegem terroristas.

Já a luta pelo regresso dos médicos cubanos para o Brasil, embora pareça de menor importância, na verdade, ela se liga ao próprio esforço cubano para superar a crise econômica e estrutural que enfrentou com o desaparecimento do Campo Socialista e da URSS, bem como pelo recrudescimento do bloqueio imperialista. E nestes termos, implica uma luta pelo reconhecimento do capital mais importante que existe em Cuba, o Capital Humano, pois é justamente com ele traduzido em serviços que Cuba sobrevive e avança diante da grande ofensiva do capital, a globalização neoliberal. Nestes termos, a questão é mais séria do que parece, pois ela representa um ataque frontal à excelência dos serviços em Cuba: saúde, educação, turismo, esporte, cultura, informação, biotecnologia etc; que é sem dúvida o setor mais dinâmico de sua economia. E quem entende que a excelência dos serviços de Cuba decorre do seu capital humano, não pode ficar de braços cruzados frente à campanha insidiosa e propaganda negativa contra a revolução. Nós, do Inverta, entendemos que a luta pela formação da opinião pública - luta ideológica - joga um papel decisivo e permeia todas as frentes de luta que Cuba trava atualmente. Por isto, atuamos nesta área, primeiro com o jornal Inverta, depois com o Inverta e o jornal Gramna Internacional, e agora com o Inverta, o Gramna e a Prensa Latina.

Por outro lado, a par de toda luta política nos fóruns internacionais e movimentos sociais, seja no campo político, econômico e ideológico, que Cuba trava contra o imperialismo, e o movimento de solidariedade deve apoiar, há também um risco iminente de uma ação militar do imperialismo contra a Ilha. Esta situação é tão evidente, quanto o impasse da solução beligerante e neocolonialista da crise geral do capital, levada a cabo pelos EUA no Oriente Médio, bem como a incapacidade de estender esta solução para outros países, como Irã, Síria e Coréia do Norte, limpando a área para as jazidas de petróleo e carvão natural do Cazaquistão. Contudo, enquanto os países árabes estiverem sobre o efeito etnocêntrico dado à guerra de ocupação e pilhagem do Afeganistão e Iraque, como nos indica uma visão geopolítica atual, a carga se voltará para a América Latina, centrada no eixo: Cuba, Venezuela e Colômbia, com uma larga possibilidade de envolver o Brasil também, apesar da conciliação do governo Lula e do PT com o governo Bush e Cia.

Portanto, não é de espantar as provocações seguidas contra Cuba nestes últimos tempos: primeiro, a Rússia, a pedido dos EUA, retira a sua base de comunicação da Ilha; segundo, a prisão arbitrária dos cinco cubanos nos EUA acusados de espionagem; terceiro, a carga no Plano Colômbia; quarto, as provocações do governo do México e Peru na ONU, condenando o país por violação dos direitos humanos; quinto, o indulto do terrorista Posada Carriles pela presidente do Panamá Mireya Moscoso; sexto, a proteção dos EUA a Posada; sétimo, a expulsão dos médicos no Brasil. Quer dizer, tudo indica que o processo avança e que, se os EUA não encontrarem um país títere para fazer o serviço sujo, a proteção a Posada pode indicar que está em curso uma outra tentativa de invasão terrorista à Ilha. Portanto, tudo indica que o imperialismo tenta isolar Cuba internacionalmente, enfraquecê-la econômica e militarmente, para em seguida encetar um golpe de força. E, diante deste quadro, a nossa opinião é que a par de todos os esforços para encontrar caminhos institucionais que não permitam o isolamento de Cuba, no plano internacional, político, econômico e militar, é necessário organizar uma nova Operação Verdade para defender Cuba junto à opinião pública, e paralelamente, as brigadas internacionais, gente disposta a ir até as últimas conseqüências com sua solidariedade, ou seja, ao internacionalismo proletário, a exemplo de Che e Fidel.

Salve a XIII Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba!

Viva Cuba Socialista e seu dirigente máximo Fidel Castro!

Viva o Gramna Internacional e a Prensa Latina!

Viva o Internacionalismo Proletário!

Rio de Janeiro, 19 de maio de 2005.

Redação do Jornal Inverta - Órgão Central do Partido Comunista Marxista-Leninista (Brasil).