Em São Paulo, 100 mil pessoas tomam as ruas contra o golpe

Neste domingo, dia 4, 100 mil pessoas participaram de uma manifestação convocada pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo.

Neste domingo, dia 4, 100 mil pessoas participaram de uma manifestação convocada pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo. O ato começou às 16h30 na Avenida Paulista e, seguindo pela Rebouças, terminou quatro horas depois no Largo da Batata. De forma geral, seu transcurso foi pacífico com muitos gritos contra o golpe e contra seus principais representantes, entretanto, pouco antes das 21h, a Polícia Militar fascista de São Paulo começou a lançar seus ataques com gases lacrimogêneo e de pimenta.

De início o ato já ocupava quatro quarteirões em torno do MASP, a despeito da ação da PM, que se encontrava nas principais estações de metrô, revistando potenciais participantes. Além disso, foram destacadas cerca de vinte viaturas para proteger o prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), uma das principais articuladoras do golpe e representante direta da oligarquia paulistana ligada às indústrias de autopeças e montadoras locais. Seu principal objetivo é "não pagar o pato" pela crise econômica internacional, repassando seus custos para a classe trabalhadora.

Um dia antes, Michel Temer teria dito, na Cúpula do G20, que seria um ato inexpressivo de "40 ou 50 pessoas que quebram carros", e José Serra, representante orgânico do entreguismo mais abjeto, classificou a manifestação como "mini". Tamanha empáfia por parte dos golpistas foi lembrada pelos manifestantes e pelos organizadores nos carros de som. De acordo com pesquisa do Instituto Ipsos, a rejeição a Temer chega a 68% da população nacional.

No Largo da Batata, a população se reuniu para ouvir as palavras finais das entidades. O ex-senador Eduardo Suplicy exortou que os golpistas realizassem uma consulta popular e, no caso de rechaço ao "governo" Temer, que convocassem novas eleições. O representante do MTST Guilherme Boulos refletiu sobre o retorno do grito por "Diretas Já" e anunciou a organização de um novo ato no dia 8, a começar no próprio Largo da Batata.

Poucos minutos após o ato ter terminado, a Polícia Militar iniciou seus ataques contra os manifestantes que, já dispersos, desejavam sair pelo metrô Faria Lima (fechado, naquele momento, pelas forças policiais). Por volta das 21h, lançariam gás lacrimogêneo e de pimenta contra uma multidão composta, inclusive, por famílias com crianças. Mesmo antes do ato foi feita a denúncia de que cerca de 20 jovens, entre os quais alguns secundaristas, foram detidos sem qualquer acusação formal na frente do Centro Cultural São Paulo. Eles caminhavam rumo à manifestação, mas foram levados ao DEIC, onde ficaram detidos por horas, sem acesso a advogados e/ou familiares. O advogado Hugo Albuquerque levantou a preocupação de que estivesse sendo realizado um interrogatório sem o devido direito de defesa.

A violência desmesurada da PM do senhor Geraldo Alckmin contra uma manifestação pacífica escancara ainda mais a completa falta de legitimidade de um "governo" que se estabeleceu pela via golpista. Diante de sua carência de base popular real, só pode apelar à força. Com efeito, tal violência aponta que o emprego do cerco militar se tornará cada vez mais frequente no 'Brasil do golpe'.

 

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